ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175
Sistematização da fotografia para planejamento cirúrgico em rinoplastia
Skull, Face and Neck -
Year2013 -
Volume28 -
(3 Suppl.1)
Anna Luiza Melo Martins; Angelo Syrillo Pretto Neto; Adriana Rosa Milani; Daniel Pinheiro Macha do da Silveira; Níveo Steffen; Pedro Bins Ely
INTRODUÇÃO
A fotografia é uma forte arma do cirurgião plástico na documentação de seus pacientes. Entretanto, apresenta vieses quando não aplicada corretamente. O domínio da habilidade fotográfica básica deve fazer parte da rotina do cirurgião. Controle da câmera, do ambiente e da posição do paciente é indispensável. O nariz é uma estrutura complexa por estar no centro da face e por apresentar relevo peculiar. No período da residência médica, a fotografia colabora também com o planejamento da cirurgia pelo residente, contribuindo com o ensino em rinoplastia.
OBJETIVO
Demonstrar um plano de sistematização para registro fotográfico com câmeras compactas (point-and-shoot).
MÉTODO
Descrição da técnica utilizada para padronização das fotografias pré-operatórias em rinoplastia no Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Porto Alegre, RS). Para realização das fotografias pré-operatórias utilizamos máquina fotográfica point-and-shoot, da marca Sony (sem conflito de interesses). A distância entre paciente e câmera é padronizada por uma linha situada a 1,5 m do paciente. O flash dessas câmeras é acoplado, tendo-se o cuidado de direcioná-lo perpendicularmente ao nariz. Utilizamos tecido preto ao fundo do paciente para contextualizar o ambiente, sem distrair o observador. Utilizamos somente zoom óptico, estabelecendo-se aproximação em três vezes. O rosto do paciente não deve conter distrações. Portanto, solicitamos retirada de joias, como brincos ou piercings (sempre que possível). Posicionamos o cabelo atrás das orelhas. O paciente é fotografado em 7 incidências: frontal, semiperfil (bilateral) a 45 graus, perfil (bilateral), vista inferior e vista superior. A altura da câmera em relação ao solo é nivelada para ficar na altura do nariz. Mantemos na horizontal o plano de Frankfort, isto é, a parte mais superior do conduto auditivo com o rebordo orbitário. A distância focal é mantida, para que não haja distorções entre as análises pré e pós-operatória. Na hora de fotografar, é importante: no plano frontal, verificar a simetria dos olhos e das orelhas; no plano semiperfil, prestar atenção na posição da ponta nasal (preferimos a ponta nasal antes do término da região malar, para que o contorno nasal não se misture com o contorno facial); no plano perfil, é importante observar que o supercílio contralateral não apareça, embora a inclusão da orelha nos planos seja adequada, para visualizar o contexto facial; na vista inferior, observar a ponta nasal entre os supercílios; e na vista inferior, captar os supercílios alinhados no horizonte no terço inferior da foto. Como não dispomos, no hospital, de estúdio fotográfico com iluminação controlada, utilizamos a iluminação do ambiente. Dessa maneira, a utilização do flash deve minimizar o aparecimento de sombras. A melhor maneira é com o flash de frente para o objeto (nariz), deixando a sombra atrás do paciente. Todos os pacientes assinam consentimento informado para cirurgia, que consta de autorização para realizar fotografias com fins de documentação científica, documentação médica, divulgação no meio médico e ensino.
RESULTADOS
Pode-se observar boa reprodutibilidade da anatomia nasal, adequada posição dos pacientes nas fotos, com confiabilidade na análise da fotografia pré e pós-operatória. No transoperatório, as fotografias podem ser utilizadas para constantemente reavaliar a modificação das estruturas. A análise das estruturas nasais depende da incidência da fotografia: vista frontal, analisa a base e o radix nasal e demonstra assimetrias e curvaturas (assimetrias faciais podem especialmente ser vistas nessa incidência); vista oblíqua, muito importante na demonstração de deformidades supra-apicais (supratip); vista de perfil, visualização do dorso, projeção da ponta; vista inferior, visualização da base nasal, relação columela-lóbulo, aberturas narinárias, desvio de ponta nasal; e vista superior, demonstra o alinhamento do dorso.
CONCLUSÃO
A fotografia tem papel central na documentação do paciente candidato a cirurgia do nariz. A padronização realizada em nosso serviço é sistematizada e reprodutível, auxiliando no planejamento cirúrgico, bem como no ensino da rinoplastia em serviços terciários. A facilidade em manipular uma câmera compacta e a qualidade aceitável do registro fazem da fotografia uma excelente opção de meio de documentação.
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