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Importância dos retalhos perfurantes nas reconstruções complexas dos membros. Será que eles melhoraram nossos resultados?
Extremities -
Year2012 -
Volume27 -
(3 Suppl.1)
Daniel Alvaro Alvarez Lazo; Salomão Chade Assan Zatiti; Daniel Mamere Alvarez; Isabela Mamere Alvarez; João Pedro Biló; Alex Boso Fioravanti
INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2020, o trauma será a primeira causa de morte no mundo. A reconstrução precoce e definitiva dos traumatismos complexos dos membros foi iniciada em Ljubljana, Eslovênia, por Godina, que desde 1976 já realizava o retalho microcirúrgico nas primeiras 72 horas após o trauma, antes do aparecimento da fibrose. Trinta e seis anos depois ainda existem limitações tanto de ordem material como técnica que impedem a aplicação generalizada dos retalhos nas lesões complexas dos membros. A cirurgia plástica é uma das especialidades em que, infelizmente, ainda predomina a medicina baseada em opiniões. Todavia, é também evidente que a especialidade seria muito beneficiada se a experiência desses especialistas fosse validada por meio de revisões sistemáticas da literatura e, quando possível, serem substituídas por estudos clínicos controlados, dando especial atenção à pesquisa, à sua condução e à análise estatística.
OBJETIVO
Analisar criticamente o emprego dos retalhos livres, os aspectos funcionais no planejamento de cada retalho, os fatores que influenciaram o índice de sucesso e os benefícios que os retalhos perfurantes trouxeram aos pacientes portadores de lesões de alta energia.
MÉTODO
Seiscentos e oitenta e quatro retalhos livres foram realizados em pacientes portadores de lesões de alta energia, no período de fevereiro de 1992 a fevereiro de 2012, no Serviço de Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital Especializado de Ribeirão Preto. A idade dos pacientes variou de 9 meses a 84 anos (média de 27 anos e 6 meses). Quatrocentos e dez retalhos foram realizados para reconstrução do membro superior e 274 para os membros inferiores. Neste estudo, foram analisados os fatores que podem ter influenciado os resultados, tais como tamanho da perda (causada pela lesão de alta energia), idade, sexo e número de anastomoses venosas.
RESULTADOS
A cobertura cutânea foi satisfatória em 95% dos casos, 650 dos 684 retalhos, sendo que a maioria deles foi realizada até a primeira semana após o trauma. Foram realizados testes não-paramétricos, para a análise dos resultados, levando-se em conta a natureza da distribuição das variáveis estudadas. O teste não-paramétrico de Mann-Whitney foi utilizado para avaliar o índice de sucesso dos retalhos para as variáveis idade, perda e horas. O tamanho da perda influenciou o índice de sucesso dos retalhos. O nível de significância foi de 5% (p<0,05).
DISCUSSÃO
A cirurgia reconstrutiva é aquela realizada em estruturas anormais do corpo causadas por trauma, defeitos congênitos, anomalias do desenvolvimento, infecção, tumor ou doença. É geralmente realizada para melhorar uma função, mas pode também ser feita para uma aproximação da aparência normal. O objetivo primordial no tratamento das lesões complexas dos membros é obter a restauração da função e da estética, com um mínimo de sequela de área doadora (razão pela qual sempre que possível indicamos retalhos livres perfurantes). É necessário derrubar as fronteiras entre a função e a estética, é necessário procurar a beleza. Essa concepção de reconstrução dos membros com retalhos livres tira a ênfase da prática baseada apenas na intuição, na experiência pessoal não-sistematizada, na fisiopatologia e na etiopatogenia e dá especial atenção ao desenho da pesquisa, à sua condução e à análise estatística.
CONCLUSÃO
O tamanho da perda cutânea tem influência no índice de sucesso dos retalhos. Os retalhos perfurantes se adaptam à maioria das situações clínicas, substituindo os retalhos convencionais e causando menores sequelas na área doadora. A cobertura cutânea deve ser realizada o mais precocemente possível.
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