ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175
Mastopexia de aumento: a técnica da cortina
Body and Chest -
Year2012 -
Volume27 -
(3 Suppl.1)
Fernando Soares de Alcântara; Elmiro Heli Martins; Francisco de Assis Cido Carvalho; Ricardo Lapa Kruse; Régis Pinheiro Nogueira; Nidall de Souza Raad
INTRODUÇÃO
A mastopexia com prótese é considerada uma das cirurgias mais desafiadoras ao cirurgião plástico e isto está relacionado ao fato de que as duas cirurgias têm, por definição, objetivos opostos. A inclusão de prótese aumenta o volume mamário, expandindo a área de superfície de pele para acomodar o novo volume. Em contraste, a mastopexia geralmente reduz a superfície cutânea durante a realização da elevação do complexo areolopapilar (CAP). Dessa forma, devido a essa multiplicidade de variáveis simultâneas concorrendo para o resultado pós-operatório, qualquer procedimento cirúrgico proposto a tratar hipoplasia mamária com ptose deve artisticamente coordenar essas duas manobras cirúrgicas competitivas de maneira a permitir a elevação do CAP e a redução do envelope cutâneo, mas deixando pele suficiente para acomodar facilmente o novo volume mamário provido pelo implante.
OBJETIVO
Apresentar técnica alternativa de mastopexia de aumento com utilização de pedículo dermoadiposo de vascularização bilateral, de elevada previsibilidade de resultados com bons resultados estéticos e baixas taxas de complicação.
MÉTODO
De janeiro de 2010 a junho de 2012, foram operadas 15 pacientes usando o método a seguir descrito. A idade destas variou de 24 a 45 anos (média: 32 anos). Todos os casos apresentavam grau de ptose mamária que variou de leve (grau I) a grave (grau III) e insuficiente tecido parenquimatoso para adequado preenchimento da mama somente com mastopexia isolada. O volume dos implantes utilizados variou de 180 a 350 ml (média de 280 ml). Inicialmente, com a paciente em ortostase, são marcadas: a) a linha média, b) os meridianos mamários, a partir de um ponto sobre as clavículas de 5 a 6 cm de distância da fúrcula esternal, c) os sulcos inframamários e d) os pontos A de Pitanguy, sobre cada meridiano. A técnica se inicia com uma incisão vertical de cerca de 4 cm, sobre o meridiano mamário no polo inferior da mama, terminando a cerca de 1 cm do sulco inframamário. Segue-se com descolamento em plano pré-fascial ou subfascial para confecção da loja da prótese. Após o posicionamento da prótese in situ, inicia-se a mastopexia vertical com manobra de marcação cutânea, para estimativa da quantidade de pele vertical infra-areolar a ser ressecada, usando-se múltiplas suturas com náilon 3-0 até que o pinçamento resulte em adequada coaptação de bordas. Marca-se, então, estes pontos e, em seguida, eles são unidos entre si, resultando em duas linhas verticais que se cruzam inferiormente a cerca de 1 cm do sulco inframamário. Une-se o ponto A, previamente definido, com as duas marcações verticais de cada lado. A seguir, utiliza-se areolótomo para confecção de nova aréola de tamanho proporcional à mama, seguido de desepitelização de toda a área entre as marcações se prolongando inferiormente até o nível do sulco inframamário. Marcam-se sobre a superfície desepitelizada duas linhas transversais levemente arqueadas; uma logo acima da incisão vertical para introdução da prótese; outra, cerca de 1-1,5 cm abaixo da aréola. A marcação inferior é incisada em plano total, seguida da ressecção de todo tecido adiposo abaixo desta; a seguir, a marca superior é incisada em plano parcial até o surgimento de tecido glandular (cerca de meia distância de sua espessura), resultando em um retalho dermo-adiposo de vascularização subdérmica bilateral e glandular, o qual é transfixado em três pontos em sua face interna com náilon 2-0 e tracionado em sentido póstero-superior, em movimento de báscula, para fixação na fáscia muscular ao nível do polo inferior da prótese. Finaliza-se síntese dérmica-subcutânea com Monocryl 4-0 e curativo com micropore estéril.
RESULTADOS
Obteve-se aumento harmonioso no volume mamário das pacientes, acompanhado de adequada elevação do CAM a uma posição natural. Em nenhum caso houve necessidade de mastopexia secundária complementar. A recuperação pós-operatória de todas as pacientes transcorreu sem maiores queixas por parte das mesmas. Não houve complicações pós-operatórias.
CONCLUSÃO
O uso da técnica da cortina na mastopexia de aumento demonstrou ser uma valiosa alternativa a ser incorporada no arsenal cirúrgico para a realização de mastopexia com uso de prótese, tratando-se de técnica segura, de fácil reprodutibilidade, onde os tempos cirúrgicos são facilmente assimilados pelo cirurgião em treinamento, com excelentes resultados a curto e longo prazo e baixas taxas de complicação.
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