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Skull, Face and Neck - Year 2012 - Volume 27 - (3 Suppl.1)
Avaliação das variáveis fotográficas em pacientes com indicação de cirurgia do rejuvenescimento facial
Avaliar os efeitos das variações do método fotográfico em pacientes com indicação de cirurgia do rejuvenescimento facial.
MÉTODO
Estudo prospectivo, cego. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas - UFPR. Foram realizadas fotografias de 29 pacientes em 2 situações distintas. A foto 1, denominada pré-operatória (FPréO), foi realizada utilizando os métodos padrões de fotografia. A foto 2, denominada pós-operatória (FPósO), foi realizada no mesmo dia, utilizando as variáveis escolhidas para distorção dos resultados fotográficos. Os critérios de inclusão foram pacientes do sexo feminino, com idade variando entre 40 e 75 anos e desejo de realização de cirurgia de rejuvenescimento facial ou de blefaroplastia. Foram escolhidas as seguintes variáveis: a) Cor do fundo: pacientes do grupo FPréO tiveram suas fotografias realizadas com fundo preto, e do grupo FPósO com fundo branco; b) Flash: pacientes do FPréO não se utilizou flash e sim no FPósO, para a tomada da fotografia; c) Umidificação da pele: o grupo FPósO teve sua pele umedecida com água para a fotografia; d) Maquiagem: Não se utilizou maquiagem no grupo FPréO, diferindo do grupo FPósO, em que as pacientes foram maquiadas pelos autores; e) Sorriso: foi solicitado que as pacientes do grupo FPósO estivessem com seus lábios em sorriso leve; f) Distância: foi utilizada distância de 80 cm entre a câmera fotográfica e a paciente no grupo FPréO, e 100 cm no FPósO. Cada variável estudada foi utilizada em 4 a 5 pacientes e a escolha delas foi através de randomização. As fotografias FPréO e o FPósO foram colocadas nas mesmas dimensões no programa PowerPoint. Cada paciente/variável foi encaminhada por email a cirurgiões plásticos brasileiros para graduarem o "seu estado". Os avaliadores não foram informados dos objetivos da pesquisa e dos métodos utilizados em ambas as fotografias (FPréO e FPósO). Cada conjunto de foto (FPréO e FPósO) foi encaminhado para 5 cirurgiões plásticos, que graduaram a "foto 2" da seguinte forma: -10 (piora significativa), -9, -8 ... 0 (sem alteração), +1, +2 ... 10 (melhora significativa), em relação a "foto 1". A máquina fotográfica utilizada foi a câmera Sony, DSC-W110, 7.2MP, fotografadas sem zoom digital, com resolução máxima. Foi utilizada uma distância do paciente/máquina de 80 cm, com exceção do grupo F, em que pacientes FPósO tiveram sua fotografia realizada a 100cm.
RESULTADOS
O total de fotografias avaliadas de pacientes com FPréO e FPósO foi de 29, com número total de avaliadores de 119, e média de 0.82 avaliadores por fotografia. A idade das pacientes variou de 40 a 75 anos, com média de 60 anos. Com as notas de cada fotografia foi obtida a mediana de cada item avaliado em cada grupo de paciente. Não se observou melhora significativa na maioria dos grupos estudados, com exceção do grupo B (p=0,035), onde foi utilizado o flash na fotografia pós-operatória. No grupo A, em que se avaliou o efeito da mudança do fundo da fotografia, a mediana foi de 1,2, porém sem significância estatística. Entretanto, a fotografia 1 mostrou clara melhora do resultado com mediana de 4. O mesmo ocorreu no grupo D (uso de maquiagem na fotografia pós-operatória), em que houve indicativo de melhora da FPósO em relação a FPréO. Houve três casos em que se obtiveram números positivos, de melhora, porém sem significância. O caso 28 também teve melhora em todos os avaliadores, com mediana de 4, demonstrando neste grupo F (distância da máquina ao paciente) o resultado difere das demais fotografias do grupo. Não houve diferença estatística neste quesito. Do total das 119 avaliações, obteve-se 45,37% notas acima de zero. A nota máxima encontrada foi de "10" em duas fotografias do grupo D (maquiagem). A segunda maior nota foi 8, pertencente ao grupo F (distância). Houve 65 casos (54,62%) de fotografias com nota 0, ou seja, sem alteração das FPréO e FPósO. Nos grupos C (umidade da face), E (sorriso no FPósO) e F (distância da máquina a paciente), a mediana foi 0 ou abaixo de 1, demonstrando a ausência de alteração da fotografia pelo método estudado.
CONCLUSÃO
Conclui-se que uma técnica fotográfica inadequada pode alterar as avaliações das fotos de maneira significativa. Todos os fatores observados obtiveram avaliações positivas, porém a principal variável fotográfica foi a utilização do Flash na fotografia "pós-operatória" (FPósO), que melhorou os resultados artificialmente (p=0,035).