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O uso do retalho de Limberg para reparos de defeitos na face
Skull, Face and Neck -
Year2012 -
Volume27 -
(3 Suppl.1)
Douglas Severo Fraga; Vinicius Silva de Lima; Álan Soares da Silveira; Marcelo Citrin; Elias Dal Moro Maito; Fernando Zanol dos Santos
INTRODUÇÃO
O retalho de Limberg é um retalho cutâneo romboide de transposição, cujos ângulos internos são de 60° e 120°. Descrito por Alexander Alexandrovich Limberg, em 1946, é usado para reparo de defeitos em várias regiões anatômicas do corpo, com bons resultados na face. Seu desenho é realizado criando um defeito em forma de rombo, ou seja, um paralelogramo equilátero onde a menor diagonal é estendida em uma ou outra direção e realizada uma incisão paralela em um dos lados de igual tamanho do defeito. Lister e Gibson, em 1972, reportaram suas experiências com mais de 50 casos em que utilizaram o retalho de Limberg, verificando segurança e versatilidade do mesmo. Leslie Chasmar, em 2007, também relatou inúmeras aplicações desse retalho para reparar defeitos em praticamente todas as regiões do corpo, reafirmando sua versatilidade e simplicidade de realização.
OBJETIVO
Analisar todos os pacientes submetidos a ressecção cutânea na face e reparada por meio do retalho de Limberg, descrevendo aplicabilidade, planejamento cirúrgico e complicações.
MÉTODO
Análise retrospectiva de 39 pacientes operados no Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Nossa Senhora da Conceição - Porto Alegre, no período de abril de 2010 a maio de 2012, com lesões cutâneas na face. Todas as ressecções foram reparadas com a utilização do retalho de Limberg. Foram realizadas cirurgias ambulatoriais em todos os pacientes, empregando-se anestesia local com lidocaína 1% e solução de adrenalina 1:200.000. Realizou-se de rotina documentação fotográfica no pré-operatório, bem como 15 dias, 30 dias, 3 meses, 6 meses e 1 ano de pós-operatório. A demarcação da lesão foi feita em forma de paralelograma, com todos os lados do rombo iguais. Foi traçado um prolongamento da diagonal de menor tamanho, respeitando-se as linhas de tensão e outra linha paralela ao defeito de mesmo tamanho. A hemostasia foi rigorosa e a sutura realizada com mononylon 5.0. Ocasionalmente, realiza-se a ressecção de um triângulo de pele evitando assim "dog ear". Realizado curativo oclusivo com Steri-Strip, o qual foi mantido por 6 dias. Os pontos foram retirados em 6 dias, no ambulatório.
RESULTADOS
Em 94% dos casos, o retalho foi empregado para reconstrução de tumores malignos, onde o carcinoma basocelular foi o tumor cutâneo mais comum (82%), seguido do carcinoma epidermoide (10,2%), ceratose actínica (5,1%) e melanoma (2,5). A região malar foi o principal sítio anatômico acometido (41%), seguida da região temporal (25,6%), pré-auricular (17,9%), mentoniana (12,8%) e lábio superior (2,56%). Como complicações locais, a deiscência parcial foi a mais comum (10,2%), seguida de epiteliólise (7,6%) e infecção da ferida operatória (2,5%). A maioria dos pacientes (79,7%) não apresentou complicações locais e não houve qualquer complicação sistêmica em nenhum paciente. Observamos, também, que a cicatriz foi cosmeticamente bem aceita.
DISCUSSÃO
O retalho de Limberg proporciona grande simplicidade e versatilidade na realização de síntese de feridas. Esse retalho tem sido utilizado para reparos de defeitos no zigoma, têmpora, pálpebras, nariz, boca e pescoço. O estudo realizado no nosso serviço demonstra que, na maioria dos casos, o retalho de Limberg foi utilizado para reconstrução de defeitos causados por lesões oncológicas. O carcinoma basocelular foi o tumor mais encontrado. Filho et al. demonstraram prevalência de 73,3% dos casos de carcinoma basocelular em sua casuística, seguido de 18,8% dos casos de carcinoma epidermoide.(5) A região malar foi o local mais acometido e a região onde mais foi realizado a ressecção e reconstrução através do retalho de Limberg. Atribuímos a escolha desse tipo de retalho nesse local devido à distensibilidade da pele, com pouca tensão nas suturas, buscando diminuir complicações locais. As complicações que ocorreram foram de fácil manejo e tratadas conservadoramente, sem comprometimento dos resultados estéticos e funcionais. Importante salientar que não houve complicações sistêmicas e não houve necessidade de internação hospitalar. Todas as cirurgias foram realizadas ambulatorialmente, diminuindo custos para a saúde pública.
CONCLUSÃO
O retalho de Limberg mostrou-se seguro e de fácil execução, sendo uma excelente alternativa para reconstrução de defeitos cutâneos na face.
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