ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175
Perfil do cirurgião plástico paranaense
General -
Year2012 -
Volume27 -
(3 Suppl.1)
Luiz Roberto Reis de Araujo; André Auersvald; Marco Aurélio Gamborgi; Renato da Silva Freitas
INTRODUÇÃO
É muito comum presenciarmos reclamações diárias relativas ao mercado de trabalho, provenientes desde cirurgiões recém-formados até os mais experientes. A opinião é quase unânime: o mercado está cada vez mais difícil, os honorários cada vez menores e os pacientes cada vez mais exigentes. O que fazer para melhorar esse horizonte? Essa é uma resposta muito complicada, já que os fatores que podem interferir nesse mercado aparentemente são múltiplos.
OBJETIVO
Traçar o perfil do cirurgião plástico do estado do Paraná. É um projeto inicial, quase embrionário. Não tem a mínima pretensão de indicar respostas (isto requer muitos outros estudos), mas sim de entender o que pensa, quais os anseios e objetivos na profissão e como atua o profissional dessa especialidade em nosso estado. Da mesma forma, pode nos fazer refletir sobre alguns dados observados e procurar caminhos que nos levem a uma perspectiva mais animadora sobre o futuro da nossa profissão.
MÉTODO
Foi idealizada uma pesquisa com 37 perguntas de múltipla escolha, na sua maioria com foco no mercado de trabalho da cirurgia plástica no estado do Paraná. A pesquisa foi desenvolvida baseada em um estudo do Dr Lloyd M. Krieger, de 1999. Foram feitas algumas modificações referentes ao panorama do nosso país e principalmente do estado do Paraná. Em seguida, foi criada uma pesquisa online na plataforma "Google Docs", com auxílio de uma empresa especializada em internet. A pesquisa foi totalmente sigilosa, garantindo o anonimato de quem a respondia. Ela foi enviada via e-mail a todos os 263 membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica que atuam no estado e que tinham seu cadastro atualizado (4 dos 267 não tinham e-mail) em forma de um link que dava acesso à mesma. O link também estava disponível no site da SBCP Regional PR, com um banner na página inicial. O tempo médio de resposta era de 3 a 5 minutos. Foram realizadas 3 chamadas via e-mail, com intervalo de 15 dias entre elas. Após um período de aproximadamente 45 dias, 106 respostas foram obtidas. A planilha com todas as respostas foi transportada para a plataforma excel e a avaliação estatística com cruzamento de alguns dados foi realizada.
RESULTADOS
O índice de resposta foi de 40,45%, com 106 dos 263 membros respondendo à pesquisa. Dos 106 voluntários, 32,1% são membros titulares e 67,9% membros especialistas. A maioria (71,7%) atua apenas em uma cidade. A maior parte tem consultório próprio (65,1%) e atende sozinho (48,1%). Um pouco mais da metade atende apenas convênios e particulares, porém o número que trabalha pelo SUS foi significativo (34,9%). Um percentual muito pequeno dos entrevistados realiza cirurgias estéticas pelos convênios (17%). Em relação à forma de pagamento, a maioria (56,6%) aceita cartões de crédito, a imensa maioria (98,1%) faz parcelamentos, que variam de 2 (2,9%) a 24 vezes (1%). Uma parcela menor dos voluntários utiliza empresas para realizar esses parcelamentos. Apenas um dos cirurgiões afirmou não cobrar consulta, porém entre os que cobram a maior parte está em 100 a 200 reais (84,8%); 36,8% afirmam fazer 10 a 20 cirurgias mensais, seguido de 29,2% (20 a 30 cirurgias), 23,6% até 10 cirurgias e apenas 10,4% realizam mais de 30. Cerca de 49% dos cirurgiões acha o mercado de trabalho em cirurgia plástica no Paraná extremamente competitivo e apenas 1,9% acredita que o mercado é pouco competitivo. Em relação à sensibilidade do paciente aos preços, ocorreu um equilíbrio entre os que acham o paciente moderadamente sensível (51,5%) e muito sensível (47,6%). No item que pergunta sobre o que interfere de forma importante no mercado de trabalho da cirurgia plástica no estado, vários aspectos foram levantados. Todas as alternativas foram assinaladas: número excessivo de cirurgiões plásticos atuantes/número excessivo de cirurgiões plásticos recém-formados que entram no mercado/invasão de outras especialidades/má distribuição dos cirurgiões nas cidades por 21,9% dos entrevistados. Quando perguntado sobre o que acha do número de residentes em cirurgia plástica formados no Paraná, 62,4% responderam excessivo, 36,6%, adequado e apenas 1%, pequeno. A grande maioria (82,1%) faz procedimentos não cirúrgicos: toxina botulínica (78,3%), preenchimentos com ácido hialurônico (45,28%), peeling químico (13,2%) e laser de CO2 fracionado (13,2%). Foram feitos cruzamentos dos dados com os anos de formado (1 a 5 anos, 5 a 10 anos, 10 a 20 anos, mais de 20 anos).
CONCLUSÃO
O perfil do cirurgião plástico paranaense é o de um médico muito preocupado com o mercado de trabalho, que geralmente atua em uma cidade e procura várias alternativas para tentar se manter competitivo entre seus pares. Isto fica mais evidente entre 10 a 20 anos de prática na cirurgia plástica.
All scientific articles published at www.rbcp.org.br are licensed under a Creative Commons license