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Queimaduras em adultos jovens: análise retrospectiva de 5 anos no Hospital Federal do Andaraí
General -
Year2012 -
Volume27 -
(3 Suppl.1)
Marcio Walace Santos Gomes; Maria Cristina Serra; Rodrigo Fontana; Bárbara Medeiros de Faria-Corrêa Gomes; Luiz Macieira; Isabel Cristina da Silva Bouzas
INTRODUÇÃO
Queimadura é um trauma grave, com repercussões emocionais, sociais, econômicas e de saúde pública. As consequências emocionais podem ter impacto a longo prazo, especialmente em crianças. Pacientes queimados na infância, adolescência e início da vida adulta necessitarão de acompanhamento por muitos anos pelo cirurgião plástico, possivelmente com inúmeras cirurgias reparadoras. Felizmente, nos últimos anos, a mortalidade por queimaduras diminuiu rapidamente, provavelmente devido a estratégias de prevenção e melhora no tratamento e cuidados, possibilitando a sobrevida de grandes queimados em mais de 90% dos casos e o surgimento de muitos pacientes com sequelas importantes. É importante notar que as queimaduras domiciliares são subnotificadas, especialmente em países como o nosso, em que os sistemas de saúde e epidemiológicos ainda são deficitários. Dados da literatura são restritos quanto às queimaduras em pacientes abaixo de 25 anos e talvez as ações preventivas tenham maior impacto exatamente nessa faixa etária, já que nela os indivíduos costumam se expor a riscos maiores.
OBJETIVO
Levantar dados epidemiológicos que possam auxiliar em políticas de prevenção e tratamento de queimaduras em crianças, adolescentes e adultos jovens.
MÉTODO
Análise retrospectiva de dados de 2114 casos de pacientes com queimaduras, atendidos no Hospital Federal do Andaraí (RJ), entre 01/01/2007 e 31/12/2011.
RESULTADOS
Entre os anos de 2007 e 2011, foram atendidos 2114 pacientes com queimaduras, com idade entre 10 e 24 anos no Hospital Federal do Andaraí, sendo 1186 (56,1%) mulheres e 928 (43,9%) homens, com média de idade de 18,06 anos. Considerando-se todos os pacientes atendidos, os principais agentes causais foram líquido superaquecido (46,9%), superfície superaquecida (15,6%), folha de figo (9,6%), chama de fogo (7,7%) e álcool (7%). Locais das ocorrências: parte interna do domicílio (59,7%), via pública (20,1%), trabalho (12,4%) e parte externa do domicílio (7,6%). A grande maioria sofreu acidentes (99,52%). Cento e vinte e três pacientes necessitaram de internação; nestes, a média de idade foi de 17,14 anos e os principais agentes causais foram álcool (35,83%), chama de fogo (18,33%), líquido superaquecido (16,6%) e folha de figo (9,16%). Principais locais de ocorrências: parte interna do domicílio (59,5%), via pública (17,1%), parte externa domiciliar (13,1%) e trabalho (8,95%). As lesões foram causadas por acidentes (95,12%), tentativas de suicídio (4,06%) e tentativa de homicídio (0,81%). Houve 10 óbitos (8,13% dos internados e 0,47% do total) e a idade dos pacientes que morreram variou de 14 a 24 anos; 40% desses aconteceram em acidentes domiciliares e 40% em acidentes de trabalho. Entre os internados, a superfície corporal queimada média foi 63%, sendo principalmente entre 10-19% (24,6%) e 20-29% (27,05%). Nos pacientes de até 18 anos, houve 42 acidentes de trabalho, sendo 2 em pacientes com até 12 anos.
CONCLUSÃO
O conhecimento dos dados epidemiológicos da queimadura em adolescente faz-se importante para o reconhecimento do impacto das queimaduras e suas sequelas em nosso meio. Notadamente, a prevenção de acidentes por meio de ações primárias e da prevenção ativa tem um potencial importantíssimo na redução dos eventos traumáticos e dos impactos a curto e longo prazo que esses causam. Sem dúvida, há necessidade de atendimento pelo cirurgião plástico, junto a uma equipe multidisciplinar, desde a fase aguda até a fase tardia, incluindo o tratamento das sequelas e complicações.
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