INTRODUÇÃO
A cirurgia plástica é o ramo da medicina cujo objetivo pode ser definido como a recuperação
da função, restauração de alguma região corporal, além da melhora da forma e embelezamento
visando alcançar o equilíbrio da estrutura corporal.
Atualmente, o Brasil encontra-se em segundo lugar no ranking de países com maior número
de procedimentos cirúrgicos na cirurgia plástica, com 1.306.906 cirurgias, representando
12,9% do total de cirurgias realizadas no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos,
com 1.485.116 cirurgias (14,7%). O restante do ranking é completado, respectivamente,
por Alemanha, Japão e Turquia1.
No Brasil, as cinco cirurgias plásticas mais realizadas são a lipoaspiração (173.420
casos, representando 13,3%), mamoplastia de aumento (172.485 procedimentos; 13,2%),
blefaroplastia (143.037 procedimentos; 10.9%), abdominoplastia (112.186 procedimentos;
8,6%) e a mastopexia (105.641 procedimentos; 8,1%)1.
Já nos Estados Unidos, país com o maior número de cirurgias plásticas segundo a Sociedade
Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), as cirurgias mais realizadas
são, respectivamente, mamoplastia de aumento, lipoaspiração, abdominoplastia, mastopexia
e blefaroplastia. Ao compararmos os dois países, notamos que as cirurgias mais realizadas
são as mesmas, mudando apenas suas posições no ranking1.
O aumento da busca pela cirurgia plástica pode ser explicado pelo imaginário coletivo
de um padrão de beleza, estimulado pela globalização e a utilização de redes sociais,
permeado por uma cultura narcísica na qual o desejo de sucesso pessoal pode ser personificado
na materialização do corpo.
A cirurgia plástica tem sido uma alternativa para as pessoas melhorarem a visão de
si mesmas, sentindo-se mais confiantes e satisfeitas com seus aspectos corporais.
Dessa forma, com a elevação da autoestima nessas pessoas, a cirurgia é capaz de interferir
de forma positiva não somente na autoavaliação corporal, mas também na dimensão psicossocial2.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, definiu a saúde como um estado de completo
bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade.
Assim, o bem-estar mental e social são cada vez mais valorizados, levando-nos a compreender
a importância da autoestima na vida das pessoas.
A autoestima é literalmente definida pelo valor que as pessoas dão a si mesmas3. É o componente avaliativo do autoconhecimento. Autoestima elevada se refere a uma
avaliação global altamente favorável de si mesmo. Por outro lado, a baixa autoestima,
por definição, é uma interpretação desfavorável do próprio ser.
A cirurgia plástica é a especialidade médica que permite moldar e alterar a silhueta
do corpo humano. Os procedimentos referentes a essa especialização podem melhorar
a aparência estética e, consequentemente, a autoestima e a autoconfiança. Nos últimos
20 anos, grande parte das pesquisas sobre os aspectos psicológicos referentes à cirurgia
plástica estética focou na construção psicológica da imagem corporal4.
Portanto, a alta autoestima pode se referir a uma avaliação precisa, justificada e
equilibrada de seu valor como pessoa, seus sucessos e competências. Seguindo a mesma
lógica, a baixa autoestima pode ser uma compreensão precisa e bem fundamentada na
percepção pessoal das deficiências de alguém como pessoa ou uma sensação distorcida
e até patológica de insegurança e inferioridade5.
Em 1965, com o intuito de graduar e avaliar a autoestima, Morris Rosenberg criou a
Escala de Autoestima de Rosenberg, um instrumento unidimensional capaz de classificar
a autoestima em baixa, média e alta.
Já a qualidade de vida, pode ser definida como uma percepção do indivíduo de sua inserção
na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação
aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações4,6.
Com este intuito, a OMS desenvolveu um questionário visando a avaliação da qualidade
de vida e relacionamentos pessoais em diversos grupos sociais independentemente do
nível de escolaridade chamado World Health Organization Quality Of Life 100 (WHOQOL-100),
composto por 100 questionamentos divididos em 24 grupos. Além deste, a OMS também
desenvolveu um questionário abreviado para uma maior facilidade de aplicação chamado
WHOQOL-Bref.
É amplamente aceita a ideia de que a percepção do paciente sobre sua saúde deve ser
considerada quando avaliamos a efetividade de um tratamento médico, principalmente
na cirurgia plástica, na qual existe um fator psicológico importante para a avaliação
dos resultados pós-cirúrgicos2,7.
O impacto positivo da cirurgia plástica na autoestima dos pacientes é algo notório
no dia a dia, seja na melhor aceitação e valorização das características corporais,
como também no aspecto de melhor relacionamento pessoal e profissional. Esta evolução
em um aspecto de relacionamento global, seja pessoal ou profissional, leva a uma melhor
qualidade de vida e melhor percepção de posicionamento e importância na sociedade7.
A procura pela cirurgia plástica por parte da população brasileira muitas vezes é
devido a um desconforto ou queixa corporal8, problemas no relacionamento íntimo, além de dificuldades em iniciar ou manter relacionamentos
pessoais e profissionais, levando estas pessoas a apresentarem piores desempenhos
em suas atividades, inclusive podendo desencadear transtornos depressivos9.
Através destes dados epidemiológicos, podemos notar que além do resultado cirúrgico
é evidenciado a relevância da cirurgia plástica em um aspecto social, de forma que
se trata de uma especialidade médica capaz de atuar também no âmbito psicossocial
dos pacientes.
Em um estudo de caso-controle que avaliou a importância da cirurgia plástica para
o idoso7, foram evidenciados altos níveis de satisfação pessoal e na vida social neste grupo
de pacientes. Entretanto, não demonstrou diferenças significativas na autoestima em
pacientes idosas que realizaram a cirurgia plástica e nas que não realizaram (grupo
controle).
Já um estudo transversal prospectivo8 avaliou 49 pacientes com idade entre 30 e 40 anos que foram submetidas a cirurgia
plástica periorbitária (blefaroplastia). Aplicando a Escala de Autoestima de Rosenberg
no período pré-operatório, 30 e 90 dias após a cirurgia, observou-se melhora da autoestima
nas pacientes submetidas a este procedimento.
Outra pesquisa nesta linha foi realizada em Nicósia (Chipre)5, a qual investigou através
de um estudo descritivo transversal e prospectivo se a cirurgia plástica tem um efeito
sobre a imagem corporal de um indivíduo, satisfação corporal e autoestima geral na
população do Chipre. A maioria dos participantes foi composta por mulheres (81,9%),
sendo que 47,6% realizaram mamoplastia de aumento. A conclusão final deste estudo
fornece evidências de melhora na satisfação dos indivíduos com sua imagem corporal
e autoestima após uma cirurgia estética.
OBJETIVO
Este estudo tem como objetivo conhecer as características sociodemográficas e clínicas
de pacientes submetidos a cirurgia plástica, além de analisar o efeito e impacto da
cirurgia plástica na autoestima e qualidade de vida destes pacientes.
MÉTODO
Foi realizado um estudo observacional do tipo coorte prospectivo com elementos descritivos,
analíticos e natureza quantitativa.
O estudo foi realizado no período de setembro de 2021 a julho 2022 com pacientes provenientes
da clínica privada de cirurgia plástica do autor da pesquisa no município de Fortaleza/Ceará.
A população do estudo foi de pacientes que realizaram algum tipo de cirurgia plástica.
Foi realizada uma amostra por conveniência (amostragem não probabilística) com os
pacientes que realizaram cirurgia plástica e que aceitarem participar da pesquisa.
Critérios de inclusão: pacientes submetidos a cirurgia plástica do tipo estética com
idade igual ou acima de 18 anos; pacientes com, no mínimo, 3 meses de pósoperatório.
Critérios de exclusão: Foram excluídos pacientes menores de 18 anos, pacientes em
período pós-operatório menor que 3 meses.
Os pacientes foram recrutados em dois momentos: 1. no pré-operatório (antes da cirurgia)
e 2. no seguimento do pós-operatório - após três meses do procedimento cirúrgico,
período este que é o mínimo esperado para obtenção de resultado final do procedimento.
Foram utilizados três instrumentos para coleta de dados:
1. Um questionário sociodemográfico e clínico desenvolvido pelo autor da pesquisa, contendo
questões acerca da idade, sexo, raça, escolaridade, profissão, tipo de procedimento,
dentre outros questionamentos;
2. Escala de Autoestima de Rosenberg, versão traduzida e adaptada para o português9,10,
que consiste em 10 afirmações com o objetivo de graduar a autoestima do(a) paciente.
As afirmações 1, 2, 4, 6, 7, 8 e 9 retratam alta autoestima. Já as afirmações 3, 5
e 10 possuem uma característica que relata baixa autoestima. Em todas as afirmações
são dispostas 4 respostas possíveis em uma escala de Likert (discordo plenamente,
discordo, concordo e concordo plenamente), com pontuação mínima de 1 e máxima de 4
nas afirmações 1, 2, 4, 6, 7, 8 e 9 (atribuições positivas), sendo ao contrário no
restante das afirmações (atribuições negativas). O escore obtido com a Escala pode
variar de 10 a 40, sendo calculado somando-se as pontuações obtidas através das respostas
dadas às 10 afirmações. Uma autoestima considerada satisfatória é definida com escore
igual ou maior que 30 na Escala de Rosenberg e insatisfatória com escore menor que
309,10.
3. World Health Organization Quality Of Life - Bref (WHOQOL-Bref), versão traduzida para
o português10, consiste em 26 questionamentos divididos em quatro domínios (físico, psicológico,
relacionamento social e ambiente) visando a avaliação da qualidade de vida e relacionamento
social. As respostas estão dispostas em cinco alternativas em escala de Likert10.
O questionário sociodemográfico, a Escala de Autoestima de Rosenberg e o WHOQOL-Bref
foram aplicados no período de pré-operatório e, posteriormente, reaplicados após,
no mínimo, 3 meses de pós-operatório, de forma presencial pelo mesmo profissional
treinado pelo pesquisador ou em ambiente isolado na clínica privada de cirurgia plástica
ou através de um instrumento online (Google Forms), a segunda alternativa sendo de grande valia devido à pandemia de
COVID-19, evitando assim aglomerações.
Os dados categóricos foram expressos como contagens absolutas e frequência relativa
em porcentagens. Os dados contínuos foram avaliados quanto à distribuição normal usando
o teste de Shapiro-Wilk, análise da curtose, histogramas e gráficos Q-
Q. Os dados considerados normais foram expressos como média ± desvio padrão e os não-normais
como mediana e amplitude interquartil. Para comparações de dados contínuos entre 2
grupos dependentes (antes vs. após cirurgia plástica), foi usado o teste t pareado, conforme normalidade dos dados.
Para comparação entre grupos pareados quanto a diferença na frequência de dados categóricos,
foi usado o teste de McNemar. Os dados foram analisados no software SPSS para Macintosh, versão 23 (Armonk, NY: IBM Corp.) Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
RESULTADOS
Participaram da pesquisa 52 pacientes (n=52) que realizaram cirurgia plástica, sendo
a maioria mulheres (92,3%), com idade média de 37±11 anos.
Quanto à etnia, o grupo de pacientes mais prevalente referiu-se como apresentando
a cor branca (33; 63,5%). A maioria referiu apresentar uma faixa de renda de 4 até
10 salários-mínimos (15; 28,8%).
A maior parte dos pacientes afirmou possuir o ensino superior (36; 69,2%).
A maioria dos pacientes (36; 69,2%) referiu ter realizado mais de uma cirurgia plástica
ao longo da vida, sendo que o último procedimento cirúrgico, ou seja, pertencente
a esta pesquisa, foi mais presente como uma associação de cirurgias plástica (22;
61,1%) (Tabela 1).
Tabela 1 - Avaliação do impacto da cirurgia sobre os parâmetros de autoestima pela escala de
Rosenberg com comparações entre os períodos antes e após a cirurgia.
|
Rosenberg (Autoestima) |
p |
|
Antes da cirurgia |
Após a cirurgia |
Eu sinto que sou uma pessoa de valor, no mínimo, tanto quanto as outras pessoas |
3,23±0,7 |
3,6±0,69 |
0,012 |
Eu acho que eu tenho várias boas qualidades |
3,3±0,64 |
3,73±0,45 |
<0,001 |
3) Levando tudo em conta, eu penso que eu sou um fracasso |
3,34±0,65 |
3,67±0,47 |
0,002 |
4) Eu acho que sou capaz de fazer as coisas tão bem quanto a maioria das pessoas |
3,15±0,61 |
3,63±0,49 |
<0,001 |
5) Eu acho que eu não tenho muito do que me orgulhar |
3,19±0,79 |
3,52±0,75 |
0,031 |
6) Eu tenho uma atitude positiva com relação a mim mesmo |
2,78±0,96 |
3,42±0,72 |
<0,001 |
7) No conjunto, eu estou satisfeito comigo |
2,44±1,07 |
3,48±0,67 |
<0,001 |
8) Eu gostaria de poder ter mais respeito por mim mesmo |
2,33±1 |
2,88±1 |
<0,001 |
9) Às vezes eu me sinto inútil |
2,94±0,83 |
3,42±0,8 |
<0,001 |
10) Às vezes eu acho que não presto para nada |
3,17±0,83 |
3,57±0,72 |
0,002 |
Rosenberg somatório |
29,87±2,10 |
34,92±1,84 |
<0,001 |
Tabela 1 - Avaliação do impacto da cirurgia sobre os parâmetros de autoestima pela escala de
Rosenberg com comparações entre os períodos antes e após a cirurgia.
Foram realizadas 70 cirurgias plásticas nos pacientes participantes desta pesquisa,
sendo as três mais prevalentes: mastopexia (12; 17,1%), mamoplastia de aumento (18;
25,7%) e abdominoplastia (16; 22,8%). Caso considerarmos as cirurgias mamárias (mastopexia,
mamoplastia redutora e mamoplastia de aumento) como um único grupo, teremos uma prevalência
de cirurgia bastante importante, sendo um total de 34 cirurgias, representando 48,5%
do total de procedimentos cirúrgicos realizados.
Houve aumento significativo da autoestima quando comparados os valores do componente
geral no pré-operatório (29,87±2,10 pontos) e pós-operatório (34,92±1,84 pontos).
Quando avaliadas as questões relacionadas à autoestima isoladamente, também foi evidenciado
aumento significativo no pós-operatório, quando comparado com o pré-operatório (Tabela 1).
Foi verificado um aumento importante na qualidade de vida quando comparados os valores
da pontuação geral no pré-operatório (91,59±12,68 pontos) e pósoperatório (108,22±9,26
pontos) através do WHOQOL-Bref.
Foram avaliados os resultados dos quatro domínios, e evidenciamos um impacto significativo
da cirurgia plástica nos resultados destes domínios. O domínio físico apresentou um
escore de 3,70±0,47 no pré-operatório, evoluindo para 4,29±0,4 pontos no pós-operatório
(p<0,001). Os domínios psicológico, relações pessoais e meio ambiente apresentaram também
aumentos em suas pontuações, todos com importante significância estatística (Tabela 2).
Tabela 2 - Avaliação do impacto da cirurgia sobre os domínios de qualidade de vida pelo WHOQOL-BREF
com comparações entre os períodos antes e após a cirurgia.
WHOQOL-BREF |
Antes da cirurgia |
Após a cirurgia |
p |
Domínio físico |
3,70±0,47 |
4,29±0,4 |
<0,001 |
Domínio psicológico |
3,30±0,68 |
4,14±0,46 |
<0,001 |
Domínio de relacionamento social |
3,48±0,87 |
4,15±0,64 |
<0,001 |
Domínio ambiente |
3,57±0,41 |
3,97±0,48 |
<0,001 |
Tabela 2 - Avaliação do impacto da cirurgia sobre os domínios de qualidade de vida pelo WHOQOL-BREF
com comparações entre os períodos antes e após a cirurgia.
Ao alcançarmos os resultados da Escala de Autoestima de Rosenberg e do questionário
de qualidade de vida WHOQOL-Bref, também foi realizada uma correlação entre os resultados
dos dois questionários, chegando-se a uma interpretação de que o aumento da autoestima
provido pela realização da cirurgia plástica impacta de uma forma significativa na
qualidade de vida dos pacientes participantes.
Pudemos observar que os domínios físico, psicológico e de relacionamento social apresentaram
os maiores índices no coeficiente de Pearson, levando a interpretar uma correlação
significativa entre o crescimento da autoestima e qualidade de vida após a realização
da cirurgia plástica. Já o domínio ambiente apresentou o menor índice no referido
coeficiente, mas mesmo assim ainda com significância estatística (Tabela 3).
Tabela 3 - Correlação entre a variação de autoestima causada pela cirurgia com a qualidade de
vida e respectivos domínios do pós-operatório nos pacientes avaliados.
|
Variação de ROSENBERG |
|
n |
r* |
p |
WHOQOL somatório |
52 |
0,471 |
<0,001 |
Domínio físico |
52 |
0,460 |
<0,001 |
Domínio psicológico |
52 |
0,496 |
<0,001 |
Domínio de relacionamento social |
52 |
0,432 |
0,001 |
Domínio ambiente |
52 |
0,275 |
0,049 |
Tabela 3 - Correlação entre a variação de autoestima causada pela cirurgia com a qualidade de
vida e respectivos domínios do pós-operatório nos pacientes avaliados.
DISCUSSÃO
A média de idade dos pacientes desta pesquisa é de 37±11 anos, semelhante aos dados
do censo realizando pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em 2018, no qual
a maioria das pacientes apresentavam idade entre 36 e 50 anos11.
A maioria de pacientes deste estudo é do sexo feminino (92,3%), dado similar à pesquisa
realizada em 2018 pela SBCP que evidenciou maioria também deste sexo (79,4%)11.
As cirurgias mais prevalentes desta pesquisa foram, respectivamente: mamoplastias,
lipoaspiração e abdominoplastia. Estas cirurgias coincidem exatamente com os dados
referidos pela SBCP como cirurgias mais realizadas no Brasil, sendo as mamoplastias
em primeiro lugar, logo depois vindo a lipoaspiração e, posteriormente, a abdominoplastia11.
A Escala de Autoestima de Rosenberg é um instrumento específico, com propriedades
psicométricas, que avalia a autoestima dos pacientes no momento da aplicação do questionário.
É uma forma objetiva de quantificar os resultados de um procedimento, evitando estar
sujeito a avaliações subjetivas ou examinadordependente9.
Estes dados corroboram com a pesquisa de Santos et al.2, que apresentou resultado de crescimento da autoestima em pacientes submetidas a
mamoplastias através da evolução dos escores aplicando a Escala de Autoestima de Rosenberg.
Da mesma forma, Ishizuka7, também utilizando a referida escala, demonstraram em sua pesquisa um crescimento
da autoestima em pacientes submetidas a blefaroplastia, seja a técnica utilizada superior
ou inferior.
O presente estudo demonstrou que a cirurgia plástica é capaz de melhorar a autoestima
das pacientes, seja o grupo amostral utilizado de todos os procedimentos realizados,
como também nos grupos amostrais dos três procedimentos mais realizados (mamoplastias,
lipoaspiração e abdominoplastia). Em todos os grupos de pacientes avaliados, houve
evolução dos escores de pré-operatório para pósoperatório, com importante significância
estatística.
No caso da avaliação do impacto da cirurgia plástica na qualidade de vida dos pacientes
participantes desta pesquisa, utilizamos o WHOQOL-Bref. Os resultados demonstrados
desta pesquisa nos mostram a importância da cirurgia plástica para o desenvolvimento
biopsicossocial dos pacientes, o que leva a refletir diretamente na qualidade de vida
dos pacientes.
O WHOQOL deve ser interpretado através dos seus quatro domínios (físico, psicológico,
relacionamento social e ambiente). Entretanto, é importante notar a grande evolução
nos escores de questionamentos isolados referentes à aceitação da aparência física,
melhora da qualidade do sono, satisfação pessoal e também da vida sexual. Todos estes
tópicos são aspectos importantes buscados por pacientes ao realizar uma cirurgia plástica,
além de serem significativos para uma melhor qualidade de vida.
De qualquer forma, avaliando a evolução dos escores nos domínios do WHOQOL-Bref, podemos
ver nesta pesquisa que houve crescimento nas pontuações de todos os domínios com significância
estatística, refletindo a cirurgia plástica como um importante fator externo que desencadeia
uma melhora na qualidade de vida das pacientes.
Ao avaliarmos os grupos de pacientes que realizaram as cirurgias mais prevalentes,
encontramos também um crescimento nos escores pós-operatórios comparados ao pré-operatório
com importante significância estatística, demonstrando a uniformidade de resultados
encontrados, mesmo quando avaliamos os resultados de todos os pacientes.
Algumas limitações foram percebidas. A pesquisa foi realizada durante a pandemia da
COVID-19, período no qual, por conta dos protocolos de segurança, as cirurgias eletivas
foram limitadas, o que resultou em uma diminuição do número de participantes.
Estes dados são importantes, pois reforçam o modelo de saúde biopsicossocial sugerido
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em que o tratamento holístico é mais importante
do que simplesmente o foco da atenção apenas na doença. Desta forma, os cuidados psicológicos
e sociais são de extrema valia para a saúde do paciente.
CONCLUSÃO
Através do presente estudo, somos capazes de analisar e graduar o impacto da cirurgia
plástica na autoestima e qualidade de vida dos pacientes submetidos a um procedimento
cirúrgico.
Houve aumento significativo da autoestima quando comparados os resultados do escore
geral no pré-operatório e pós-operatório através dos resultados da aplicação da Escala
de Autoestima de Rosenberg, assim como concluímos a melhoria da qualidade de vida
dos pacientes submetidos a cirurgia plástica, seja através da interpretação do resultado
geral do WHOQOL-Bref, como também os quatro domínios deste questionário demonstraram
evolução significativa.
Também com esta pesquisa pudemos conhecer as características sociodemográficas dos
pacientes participantes, como idade, sexo mais prevalente, classe social e cor da
pele. Informações muito importantes para conhecermos melhor as características de
pacientes que têm intenção de submeter-se a uma cirurgia plástica.
Através da Escala de Autoestima de Rosenberg e do questionário de qualidade de vida
da OMS (WHOQOL-Bref), ambos validados e com importância na literatura médica, pudemos
quantificar a melhora desses tópicos subjetivos relatados acima.
Com os resultados alcançados, concluímos que a cirurgia plástica é uma importante
especialidade médica que, através de seus procedimentos cirúrgicos, é capaz de aumentar
a autoestima dos pacientes. E não somente isso. Já que neste estudo foi encontrada
uma correlação com significância estatística entre autoestima e qualidade de vida
no pós-operatório da cirurgia plástica, poderemos, com grande possibilidade, influenciar
em uma melhora da qualidade de vida destes pacientes.
A avaliação do bem-estar físico e psicossocial dos pacientes deve ser rotina entre
os profissionais de saúde. Assim, através deste estudo, concluímos como a cirurgia
plástica em si pode estar em uma importante posição na terapêutica de melhoria da
autoestima, refletindo, portanto, em uma melhor qualidade de vida.
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2020. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-exercitar/noticias/2021/o-que-significa-ter-saude
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and self-esteem. Acta Chir Plast. 2020;61(1-4):3-9.
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e não submetidas à cirurgia estética. Rev Bras Cir Plást. 2018;33(4):528-35.
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2012;27(1):31-6.
8. De Paula PR, Freitas-Júnior R, Prado M, Neves CGL, Arruda FCF, Vargas VEB, et al.
Transtornos depressivos em pacientes que buscam cirurgia plástica estética: uma visão
ampla e atualizada. Rev Bras Cir Plást. 2016;31(2):261-8.
9. Hutz CS, Zanon C. Revisão da adaptação, validação e normatização da escala de autoestima
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11. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Censo Cirurgia Plástica 2018. São
Paulo: SBCP. Disponível em: http://www.cirurgiaplastica.org.br/pesquisas
1. Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE, Brasil
2. Universidade Estácio de Sá Idomed Canindé, Canindé, CE, Brasil
Autor correspondente: Helmano Fernandes Moreira Filho Av. Santos Dumont, 7007, apto 1501, Fortaleza, CE, Brasil., CEP: 60175-057, E-mail:
helmanom@yahoo.com.br
Artigo submetido: 12/08/2023.
Artigo aceito: 05/12/2023.
Conflitos de interesse: não há.