ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175
Brazil abroad
O Brasil no Exterior
Review -
Year2006 -
Volume21 -
Issue
2
Fabio Xerfan Nahas
1. De Castro CC. A critical analysis of the current surgical concepts for lower blepharoplasty. Plast Reconstr Surg. 2004;114(3):785-96.
Este artigo discute as novas condutas em blefaroplastia. Diversas técnicas foram descritas para o tratamento das deformidades da pálpebra inferior, algumas privilegiando o acesso transconjuntival, que evita a agressão do músculo orbicular, outras, recomendando o retalho músculo-cutâneo. Em alguns casos, a manutenção das bolsas de gordura está indicada, enquanto em outros, a ressecção deve ser o procedimento de escolha. Para esclarecer estas divergências, o autor realizou 100 blefaroplastias. O acesso transconjuntival foi realizado, com ou sem ressecção de pele e com ou sem cantopexia, e o retalho músculo-cutâneo foi realizado, com ou sem ressecção de gordura e com ou sem cantopexia. Os pacientes foram seguidos e observados por seis meses. Os períodos pré intra e pós-operatório foram analisados. O paciente, o cirurgião e uma terceira pessoa avaliaram os resultados. Fotos pré e pós-operatórias ilustram o artigo.
2. Rezze GG, Scramim AP, Neves RI, Landman G. Structural correlations between dermoscopic features of cutaneous melanomas and histopathology using transverse sections. Am J Dematopathol. 2006;28(1):13-20.
A interpretação das características dermatoscópicas do melanoma cutâneo é baseada na descrição histopatológica de cortes perpendiculares não correspondendo ao plano horizontal da imagem obtida à dermatoscopia. Neste estudo, é descrita a utilização dos cortes transversais (planos horizontais) na definição das características dermatoscópicas do melanoma cutâneo. Foram incluídas 23 lesões com diagnóstico de melanoma cutâneo à dermatoscopia. Todas as lesões foram submetidas à exérese cirúrgica e, de cada uma delas, foi selecionada uma área contendo apenas uma característica dermatoscópica (pontos e glóbulos pretos, glóbulos marrons, pontos e glóbulos azuis, despigmentação, rede alargada, estrias radiadas ou pseudópodes), que foi removida com um punch de 4mm para obtenção dos cortes histológicos transversais e perpendiculares. Usando esta estratégia, foi possível correlacionar a histopatologia com as características dermatoscópicas encontradas nas lesões de melanoma cutâneo. Os pontos pretos foram caracterizados pela presença de células neoplásicas na junção dermo-epidérmica (JDE) e por toda a epiderme, formando colunas de intensa pigmentação. Achados semelhantes foram encontrados em relação aos glóbulos marrons, porém com pigmentação menos intensa. Os pontos e glóbulos azuis foram correlacionados ao grande número de melanófagos ao redor do plexo vascular superficial. A despigmentação se caracterizou por área de fibrose intensa. A rede pigmentar alargada mostrou a presença de melanócitos atípicos pigmentados e não pigmentados na JDE e na epiderme, assim como pigmentação intensa dos ceratinócitos da camada basal. As estrias radiadas e os pseudópodes se apresentaram como ninhos e cordões estratificados de melanócitos atípicos pigmentados, formando extensões lineares em direção centrífuga, delineando as ramificações arboriformes. Este estudo comparativo, que não consta na literatura, contribuiu para o esclarecimento e novas interpretações para os achados dermatoscópicos, fundamentais para a melhoria do método e também para auxiliar na interpretação das imagens obtidas pela microscopia confocal in vivo, ainda em estudo.
3. Nahas FX, Ferreira LM, Mendes JA. An efficient way to correct recurrent rectus diastasis. Aesthetic Plast Surg. 2004;28(4):189-96.
A recidiva da diástase de retos é uma complicação de difícil resolução e requer um procedimento extenso. Duas pacientes com recidiva de diástase de retos secundária à correção pela plicatura da lâmina anterior da bainha dos retos durante a abdominoplastia são apresentadas. Estas pacientes apresentavam inserção lateral dos músculos retos. Elas foram tratadas com o avanço dos músculos retos após o descolamento do músculo de suas lâminas posteriores e o fechamento foi realizado em dois planos. Foi obtido um bom resultado estético e houve melhora da dor abdominal nos dois casos. A causa, prevenção e tratamento deste tipo de diástase de retos são descritos. O principal motivo pelo qual estas pacientes apresentaram recidiva da diástase de retos foi a inserção lateral dos músculos retos na margem costal. Baseado neste princípio, uma técnica eficiente para corrigir esta deformidade foi descrita. Cortes tomográficos pós-operatórios foram realizados, utilizando-se como parâmetro os níveis ósseos pré-operatórios e demonstraram a correção total da diástase a longo prazo. O avanço dos músculos retos parece ser um método confiável para corrigir diástase de retos recidivada, quando os pacientes apresentam inserção lateral destes músculos.
DISCUSSÃO
O primeiro artigo versa sobre estudo em que cem blefaroplastias foram realizadas por diferentes técnicas, obedecendo as diferentes abordagens para blefaroplastia inferior. O autor utilizou a maioria das variações técnicas disponíveis. Em alguns casos, usou a via transconjuntival e, em outros, a técnica miocutânea. Nestes dois grupos, selecionou pacientes nos quais foram ressecadas as bolsas ou não e foi realizada ou não a fixação do ligamento cantal lateral. Após avaliação criteriosa, verificou que as diferenças são pouco notáveis e que as pacientes estão muito mais preocupadas com as pálpebras superiores do que com as inferiores. Também nas técnicas mais agressivas, apesar de ter obtido resultados excelentes, a demora na recuperação demonstrou que, para realizá-las, as pacientes devem ser detalhadamente informadas. Conclui-se que nenhuma técnica é adequada para todos e que devemos escolher o melhor procedimento para cada paciente, individualizando-se os procedimentos para cada caso.
A incidência do melanoma cutâneo tem aumentado em todo o mundo. Por tratar-se de uma neoplasia bastante agressiva e de difícil tratamento em estádios mais avançados, qualquer avanço na precisão do diagnóstico precoce pode ser determinante para a cura do paciente. Este artigo procura otimizar a acurácia da dermatoscopia, que auxilia no diagnóstico precoce destas lesões. Este é um método para visualização das estruturas localizadas abaixo do estrato córneo, apresentando como principal indicação o estabelecimento do diagnóstico das lesões pigmentadas da pele, visando ao diagnóstico do melanoma cutâneo nas fases iniciais de evolução e infiltração. Para a realização do método, é necessário utilizar o dermatoscópio, um aparato que permite um aumento da lesão de, no mínimo, dez vezes. A imagem obtida é sujeita à interpretação pelo examinador, que, para isto, utiliza-se do método diagnóstico de sua preferência. Este estudo compara os cortes horizontais com os transversais e sua interação com as imagens dermatoscópicas, trazendo informações importantes para a correlação histopatológica e de imagens, com conseqüente melhora da interpretação das estruturas e do diagnóstico.
O último artigo procura chamar a atenção para um detalhe anatômico que passa, por vezes, desapercebido aos cirurgiões plásticos, que é a diástase congênita dos retos. Esta deformidade é relativamente comum (7% de meus últimos 100 casos) e pode ser confundida facilmente com a diástase de retos pós-gestacional. Nos casos descritos no estudo, estas pacientes apresentavam uma inserção lateral dos músculos retos no rebordo costal. Desta forma, a plicatura da aponeurose anterior dos retos não funcionou, pois ocorreu o "efeito de corda de violino", ou seja, as contrações repetidas dos músculos retos acabaram por trazer estes músculos de volta à sua posição inicial. A técnica proposta avança os músculos, pois reposiciona sua bainha, mantendo o resultado, conforme demonstrado pelos cortes tomográficos. Desta forma, deve-se realizar uma inspeção intra-operatória para determinar a posição de inserção destes músculos, antes de realizar a plicatura para corrigir a diástase.
Correspondência para:
Fabio Xerfan Nahas
Disciplina de Cirurgia Plástica / Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP - EPM)
Rua Napoleão de Barros, 715 - 4º andar
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Tel: 0xx11 5576-4118
E-mail: fabionahas@uol.com.br
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