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Incidêcia cumulativa dos diversos tipos de fissurados no Hospital Menino Jesus, de São Paulo, entre os anos 2009 a 2010
Skull, Face and Neck -
Year2011 -
Volume26 -
(3 Suppl.1)
Carlos Sergio Praça Consalter; Felipe Massignan; Antonio Egidio Rinaldi; Luiz Carlos Manganello Souza; André Parreira de Castro; Hélio Augusto Ferreira Jorge Junior
INTRODUÇÃO
As fissuras labiopalatinas (FLP = lábio leporino com ou sem palato fendido) são malformações congêitas do lábio e do palato. Constituem o defeito facial congêito mais frequentemente encontrado, correspondendo à solução de continuidade do lábio e ou do palato. A incidêcia de um paciente com FLP varia de 1:500 a 1:2000 nascimentos, dependendo da população em estudo e de acordo com diferenças étnicas, sexuais e tipo de fissura. A fissura labial pode variar de 1:400 a 600 em asiáticos, de 1:1500 a 2000 em afro-americanos e, em brancos, de 1:750 a 900 nascidos-vivos. O lado esquerdo do lábio é mais frequentemente acometido, seguido do lado direito e do acometimento bilateral, nas proporções 6:3:1. A fissura labial unilateral é mais frequente no sexo masculino. A fissura labial bilateral e a fissura palatina posterior são mais frequentes no sexo feminino. Já a fissura palatina isolada tem incidêcia de aproximadamente 1/1.4000 recém-nascidos, é mais frequente em mulheres e varia pouco sua incidêcia nos diferentes grupos étnicos. No Brasil, nascem cerca de 5000 portadores de FLP ao ano. A incidêcia de fissuras de lábio e / ou palato é de 1:650. Embriologicamente, a FLP é resultado da falta de fusão entre os processos frontonasal e maxilar, enquanto a fissura palatina ocorre pela falta de fusão das massas mesodérmicas dos processos palatinos laterais, são, portanto, entidades patológicas distintas.
OBJETIVO
Apresentar a incidêcia cumulativa dos diversos tipos de fissurados no Hospital Menino Jesus, de São Paulo, entre os anos de 2009 a 2010, demonstrando a prevalêcia de sexo e tipo de fissura mais comum.
MÉTODOS
Registros de prontuário eletrônico implantado desde janeiro 2009 a fevereiro 2010. Foram levantados 164 casos de pacientes fissurados, sendo 98 do sexo masculino e 66 do sexo feminino. Quanto à etnia, foram 90 pacientes brancos, 54 morenos, 18 pretos e 2 amarelos. Identificamos, também, os tipos de fissuras labiopalatinas com seus respectivos números de casos, para o cálculo de incidêcia cumulativa nesse período de 1 ano.
RESULTADOS
Dos 164 pacientes, 40,25% eram do sexo feminino e 60,75% do sexo masculino. Protocolo Atendimento de Fissurados do Hospital Menino de Jesus de São Paulo: queiloplastia realizada aos 3 meses de idade; palatoplastia realizada aos 12 meses idade; enxerto ósseo realizado aos 9 anos de idade. (Obs. Protocolo cirúrgico do Grupo de Cirurgia Craniofacial da disciplina de Cirurgia Plástica e Queimaduras do HCFMUSP-2009). Dentre os casos de fissurados, o tipo de maior incidêcia cumulativa foi o lado esquerdo, sendo o mais prevalente no ambulatório do Hospital Menino de Jesus de São Paulo a fissura transforame esquerdo, com 26,9%, no período supracitado. A etnia mais prevalente foi a de cor branca, com 54,9% dos casos.
DISCUSSÃO
As fissuras labiopalatinas são malformações frequentemente associadas a etiologia multifatorial, intercalando predisposição genética, incluindo aqui a hereditaridade, e os fatores teratogêicos extragenéticos, ditos ambientais. Para não atribuirmos a uma fatalidade biológica, por ser difícil estabelecer um fator causal na maioria das fissuras, percebemos que a casuística revelou maior incidêcia de fissura labiopalatina no lado esquerdo da face. Nosso levantamento mostra, também, maior incidêcia da fissura transforame do lado esquerdo no sexo masculino, como também descrito na literatura. A raça branca foi mais prevalente em nosso ambulatório, diferentemente da literatura, que destaca incidêcia maior de FLP na etnia asiática, isso seria explicado pela grande diversidade étnica do nosso país.
CONCLUSÃO
Embriologicamente, não encontramos nenhuma explicação para o fato do lado esquerdo no sexo masculino ser muito mais prevalente do que outros tipos de fissura. A fissura palatina apresentou-se 7,7% mais frequente no sexo masculino, contrariamente à experiêcia de Carreirão, que mostra maior incidêcia em mulheres.
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