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Experimental - Year2011 - Volume26 - (3 Suppl.1)

INTRODUÇÃO

Diversos fatores atuam no processo de regeneração de nervos periféricos, tais como biológicos do próprio indivíduo ou externos. Grandes perdas de tecido neural não permitem a reparação através de anastomose primária. O advento das técnicas microcirúrgicas e sua aplicação no reparo de nervos periféricos permitiram um grande avanço no campo de tratamento de injúrias nervosas. Traumas e ablações tumorais frequentemente cursam com grandes perdas de tecido nervoso e, nos casos onde o reparo primário não pode ser realizado sem tensão excessiva, o enxerto de nervo é considerado tratamento de escolha.


OBJETIVO

Avaliar o aspecto funcional e histológico da regeneração neural em cobaias submetidas à criação de defeitos de aproximadamente 7 mm de segmento de nervo, comparando o reparo do nervo ciático com técnica microcirúrgica, utilizando autoenxertia (interposição de enxerto autógeno com sutura epineural) e aplicação de neurotubo de silicone.


MÉTODOS

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Microcirurgia e Cirurgia Experimental do Instituto Nacional de Câncer. A amostra caracterizada por 15 ratos Wistar, pesando entre 223 e 490 gramas, submetidos a anestesia com solução de Ketamina (8,5 ml) e Clorpromazina (1,5 ml), aplicando-se 0,7ml desta solução intramuscular no membro inferior para cada 200g de peso do animal. Foi feita tricotomia dorsal na respectiva coxa a ser abordada, seguida de assepsia e antissepsia, e incisão neste local, interessando pele, musculatura, seguida de dissecção do nervo ciático através de técnica microcirúrgica. Sua secção realizada em um só movimento para evitar esgarçamento dos axônios e criados defeitos de aproximadamente 7 mm de extensão. Os animais foram divididos em 2 grupos de 6 cobaias cada, chamados de grupo A e grupo B, e outro chamado de grupo C, constituído de 3 cobaias (considerados grupo controle). O grupo A representado pelos casos de reparo com autoenxerto de nervo (utilizando o segmento ressecado para reparar o intervalo produzido) e grupo B reparados através de aplicação de neurotubo de silicone. Em ambos os grupos procedeu-se à análise, de duas cobaias por grupo, quando completadas 4 semanas de pós-operatório, 8 e 12 semanas, exceto para o grupo C (representada por uma cobaia controle/mês). Funcionalmente foram analisadas as impressões das patas posteriores durante uma caminhada no pré e pós-operatório - "Walking Track test") e estudo histopatológico com contagem do número de axônios mielinizados regenerados do segmento anastomosado (enxerto de nervo) e neoconteúdo do neurotubo. Após secção do nervo e reparo imediato sobre magnificação ótica, nos casos de autoenxertia, o reparo foi realizado com pontos simples de mononylon 9-0 e 10-0 (sutura epineural). Os casos reparados com neurotubo de silicone, flexível, foram suturados a um ponto situado no epineuro dos cotos proximais e distais (ponto em "U" para ancoragem), seguidos de delicada e cuidadosa tração sem tensão, fazendo que ficassem completamente introduzidos no interior do lúmen do tubo produzindo um compartimento fechado. No grupo C, fez-se a dissecção do nervo ciático, visualizando-o em toda sua trajetória, seguido de síntese por planos sem produzir qualquer dano ao nervo e reoperados com 4, 8 e 12 semanas para remoção de amostra neural. Em ambos os métodos de reparo, fez-se uso complementar de cola de fibrina (Beriplast) como reforço aos reparos. Nos três grupos, ao completar 4, 8 e 12 semanas de pós-operatório, os animais foram submetidos ao teste funcional, reoperados (enviado material para estudo histopatológico) e sacrificados por inalação de dióxido de carbono, após término de cada programa experimental.


RESULTADOS

Não houve intercorrêcias anestésicas e cirúrgicas (o tempo médio cirúrgico total foi de aproximadamente 52 minutos, dentro e bem abaixo do limite de 3 horas por dose anestésica total formulada). Todos os animais se mantiveram saudáveis, sem infecção da ferida cirúrgica ou úlceras neurodistróficas plantares. Macroscopicamente não houve formação de neuromas e a análise microscópica do grupo A (autoenxerto) revelou que, a partir de 8 semanas de pós-operatório, o enxerto apresentava-se bem delimitado por epineuro, formado por células com perfil fusiforme e com grande quantidade de axônios mielinizados, distribuídos homogeneamente e de diâmetros variados. Os cortes histológicos do neosegmento (nervo regenerado nos neurotubos), evidenciados apenas no período de 12 semanas de pós-operatório, continham tecido com padrão de estroma neural, com grande quantidade de axônios mielizados, de tamanhos variados e distribuídos de forma heterogêea, apresentando tecido conjuntivo entre eles. Em ambos os grupos, observou-se reação tecidual em volta do reparo e grande quantidade de neoangiogêese, sendo maior no grupo B. Em relação aos estudos funcionais, o índice de função ciática calculado para cada grupo não detectou diferença significativa se comparados entre si.


CONCLUSÃO

Nossos resultados revelaram padrões histológicos diferentes dentro da amostra (Grupos A e B), porém não apresentaram diferenças significativas quanto à recuperação funcional. Pesquisas adicionais e ensaios clínicos são necessários para compreender e sugerir a melhor técnica de reparo.

 

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