INTRODUÇÃO
A mastopexia com implantes mamários constitui a grande maioria dos procedimentos estéticos
realizados em Cirurgia Plástica1. Nos primórdios da realização dessa cirurgia, realizava-se inicialmente a colocação
dos implantes de silicone em um tempo cirúrgico e a mastopexia era realizada em um
segundo momento, pois acreditavase que associar os procedimentos aumentava o risco
de complicações. No entanto, há reconhecidamente muitas vantagens em realizar esses
procedimentos simultaneamente, sendo a mais óbvia a prevenção de uma segunda operação
em muitos pacientes2. Vários estudos mostraram que, para o paciente apropriado, uma mastopexia de aumento
em estágio único pode ser um procedimento seguro e eficaz para reconstruir a mama
ptótica3.
Atualmente, a mastopexia com implantes é uma cirurgia amplamente realizada principalmente
em pacientes que apresentaram alterações ponderais significativas, em casos após gestação
e amamentação, ou pacientes com idade mais avançada, que desenvolveram ptose mamária
importante4. Múltiplas técnicas para correção cirúrgica de hipomastia e ptose mamária foram descritas
desde a primeira documentação na literatura na década de 1960 por Regnault e Ulloa.
Embora as técnicas cirúrgicas tenham evoluído, os princípios básicos para alcançar
o equilíbrio entre a massa parenquimatosa e o envelope cutâneo permanecem em discussão5. O uso de implantes protéticos como adjuvantes da mastopexia é considerado por muitos
como um fator que melhora os resultados gerais e a longevidade do procedimento quando
comparado à mastopexia sem implantes5.
Em contrapartida, o perfil da maioria das pacientes submetidas a mamoplastia de aumento
são jovens, desejam contorno mamário importante e não apresentam ptose mamária ou,
quando apresentam, muitas vezes é possível a realização de mastopexia periareolar
com colocação dos implantes mamários. A maior queixa é a perda de projeção no polo
superior e o abaulamento do polo inferior, porém, cerca de um terço das pacientes
insatisfeitas possuem resultados acima do padrão esperado6.
Dessa forma, torna-se fundamental entender as diferenças nesses diferentes grupos
de pacientes e estudar os fatores relacionados com a incidência de complicações, a
fim de intervir nesses fatores e diminuir os desfechos desfavoráveis a longo prazo,
os quais foram investigados no presente estudo.
OBJETIVO
Os objetivos do trabalho foram realizar uma avaliação epidemiológica das pacientes
submetidas a mamoplastia de aumento primária e mastopexia com próteses e verificar
quais os principais fatores relacionados com a incidência de complicações no pósoperatório
precoce (primeiros 30 dias após a cirurgia) e tardio (após 30 dias), tendo em vista
que o estudo dos fatores de risco oferece uma oportunidade de realizar mudança nas
variáveis relacionadas com a incidência de complicações e, consequentemente, melhorar
o desfecho das pacientes a longo prazo.
MÉTODO
Trata-se de um estudo retrospectivo realizado por meio da análise de prontuários de
pacientes submetidas a mamoplastia de aumento primária e mastopexia com implantes
mamários entre janeiro de 2018 e dezembro de 2020. Foram pesquisadas todas as pacientes
registradas no centro cirúrgico com o procedimento denominado “Plástica mamária feminina
não estética” cadastradas pela Cirurgia Plástica no centro cirúrgico do Hospital de
Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP, São Paulo, Brasil) durante o
período mencionado. Os cirurgiões residentes são assistidos por chefes preceptores
da Cirurgia Plástica e não têm auxiliar para realizar as duas mamas simultaneamente
e, por isso, cada mama é realizada separadamente.
Os critérios de inclusão foram pacientes submetidas a mamoplastia de aumento primária
durante o período estudado, sendo excluídas pacientes submetidas a outros procedimentos
cirúrgicos mamários, mamoplastia de aumento secundária, cirurgias concomitantes no
mesmo tempo cirúrgico e pacientes que apresentaram dados incompletos no prontuário
para o estudo adequado dos dados. O padrão do serviço é operar pacientes que estejam
no peso adequado (preferencialmente índice de massa corporal - IMC - < 25kg/m2). Foram
excluídas pacientes submetidas a cirurgias mamárias secundárias, pacientes que realizaram
a cirurgia no mesmo tempo cirúrgico de procedimentos combinados, e prontuários incompletos
para o correto preenchimento dos dados no trabalho.
Além disso, não são operados pacientes em vigência de tabagismo, sendo orientado sua
suspensão ao menos 12 semanas antes e 12 semanas após o procedimento. Em pacientes
submetidas a mamoplastia de aumento primária, sem realização de mastopexia em conjunto,
o padrão é não realizar a colocação de drenos no pós-operatório. Habitualmente, há
preferência pelo acesso inframamário. Geralmente, opta-se pela colocação do implante
mamário periareolar nos casos em que as pacientes apresentam algum grau de ptose mamária
em fase inicial, e realiza-se a correção no mesmo tempo cirúrgico. Em pacientes submetidas
a mastopexia, na maioria dos casos não são colocados drenos de sucção.
Em nossa instituição, não é realizada a colocação de implantes axilares, pela ausência
de materiais necessários para esse procedimento e ausência de equipe treinada. Também
não é realizado o acesso transumbilical, pois todos os implantes mamários usados são
de silicone. Todos os implantes foram da mesma marca comercial. Não apresentamos conflitos
de interesse pela marca empregada no serviço nem recebemos apoio financeiro ou científico
da mesma. A rotina é deixar antibióticos profiláticos 7 dias após o procedimento cirúrgico.
As pacientes também são orientadas a usar sutiã modelador por pelo menos três meses
de pós-operatório.
As variáveis quantitativas estudadas foram idade, tempo de internação, tempo da cirurgia,
volume do implante mamário. Já as variáveis qualitativas foram tipo de pele de Fitzpatrick,
presença de comorbidades, uso de medicamentos contínuos, tipo de acesso para colocação
do implante mamário, localização do implante (subfascial, subglandular ou retromuscular),
tipo de acesso (periareolar ou inframamário), superfície da prótese utilizada (lisa,
texturizada ou de poliuretano), presença de complicações no pósoperatório precoce
e tardio.
As pacientes do presente estudo foram seguidas por um período de pelo menos 48 meses,
sendo o primeiro retorno realizado com três dias de pós-operatório, o segundo em uma
semana, o terceiro em 1 mês e após com 3, 6 e 12 meses de cirurgia tradicionalmente.
As pacientes que apresentaram complicações tiveram seguimento com intervalos de tempo
mais curtos, respeitando-se a necessidade de cada condição.
Das pacientes incluídas, foram revisados os prontuários e inseridos os dados estudados
em formulários do Google Docs. A partir da planilha do Excel gerada, foram realizadas as análises estatísticas
utilizando-se o programa SPSS 20.0. Quanto à análise estatística, as variáveis foram
estudadas e apresentadas em seus valores médios e desvio padrão ou frequências. Para
estudo da normalidade das variáveis quantitativas, foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov
e, como apresentaram distribuição normal, foi aplicado o teste t de Student para amostras
independentes. Para as variáveis qualitativas para estudo da associação entre as mesmas,
foi utilizado o teste de Qui-quadrado ou Exato de Fisher. Os valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
RESULTADOS
Das 112 pacientes submetidas a mamoplastia com próteses mamárias no período estudado,
76 foram submetidas a mamoplastia de aumento primária (67,86%) e 36 pacientes submetidas
a mastopexia com prótese (32,14%). Das pacientes submetidas a mamoplastia de aumento
primária, 12 (15,79%) apresentaram alguma comorbidade, sendo que, no grupo de pacientes
que realizou mastopexia com prótese, foram 7 pacientes (19,44%) com comorbidades.
O IMC médio pré-operatório nas pacientes submetidas a mamoplastia de aumento e mastopexia
com prótese foi similar, 22,23kg/m2 e 22,21kg/m2, respectivamente. O tamanho médio
da base mamária foi de 12,49cm nas pacientes que realizaram mamoplastia de aumento
e 12,66cm nas pacientes de mastopexia com prótese. As Figuras 1 e 2 mostram fotos do pré e pós-operatório de uma paciente submetida a mastopexia com
prótese e as Figuras 3 e 4 mostram fotos pré e pós-operatória de uma paciente submetida a mamoplastia de aumento
primária subfascial.
Figura 1 - Pré-operatório de paciente submetida a mastopexia com prótese.
Figura 1 - Pré-operatório de paciente submetida a mastopexia com prótese.
Figura 2 - Pós-operatório de paciente submetida a mastopexia com prótese.
Figura 2 - Pós-operatório de paciente submetida a mastopexia com prótese.
Gráfico 1 - Plano de acesso para colocação de mamoplastia de aumento.
Gráfico 1 - Plano de acesso para colocação de mamoplastia de aumento.
Gráfico 2 - Plano de acesso para colocação dos implantes na mastopexia com prótese.
Gráfico 2 - Plano de acesso para colocação dos implantes na mastopexia com prótese.
Figura 3 - Pré-operatório de paciente submetida a mamoplastia de aumento primária subfascial.
Figura 3 - Pré-operatório de paciente submetida a mamoplastia de aumento primária subfascial.
As técnicas cirúrgicas empregadas na mastoplastia de aumento e na mastopexia com prótese
podem ser observadas nos Gráficos 1 e 2. Todas as pacientes receberam alta no primeiro dia pós-operatório.
Figura 4 - Pós-operatório de paciente submetida a mamoplastia de aumento primária subfascial.
Figura 4 - Pós-operatório de paciente submetida a mamoplastia de aumento primária subfascial.
Foi observado que a idade média das pacientes foi maior na mastopexia com prótese
em comparação com as pacientes submetidas a mamoplastia de aumento primária (p<0,001). Em contrapartida, o volume mamário escolhido foi maior nas pacientes submetidas
a mamoplastia de aumento em comparação com a mastopexia com próteses (p=0,002), conforme observado na Tabela 1. Não houve diferenças na presença de comorbidades de pacientes submetidas a esses
procedimentos cirúrgicos. Também não houve diferenças na escolha do plano de colocação
da prótese em relação aos dois grupos (p=0,78).
Tabela 1 - Comparação do perfil de pacientes submetidos a mamoplastia de aumento e a mastopexia
com próteses.
|
|
Mamoplastia de aumento |
Mastopexia com próteses
|
p |
Idade (anos) |
Média |
28,3 |
34,3 |
< 0,001 |
DP |
7,7 |
7,4 |
Volume (ml) |
Média |
329,1 |
304,2 |
0,002 |
DP |
40,4 |
38,2 |
Tabela 1 - Comparação do perfil de pacientes submetidos a mamoplastia de aumento e a mastopexia
com próteses.
As complicações mais comuns em ambos os grupos incluem deiscência de ferida operatória,
mais comum após a mastopexia com próteses, conforme observado na Tabela 2. A Figura 5 ilustra um caso de deiscência de ferida operatória em paciente submetida a mastopexia
com implantes mamários. De forma geral, houve maior incidência de complicações pós-operatórias
em pacientes submetidas a mastopexia em comparação com o grupo de pacientes submetidas
apenas a mamoplastia de aumento (p=0,01).
Tabela 2 - Incidência de complicações pós-operatórias em pacientes submetidas a mamoplastia de
aumento e a mastopexia com próteses (p=0,01).
Complicações (em valor absoluto e relativo) |
Mamoplastia de aumento |
Mastopexia com prótese |
|
Deiscência de ferida operatória |
5 |
8 |
13 |
% |
6,6 |
22,2 |
11,6 |
Hematoma |
|
1 |
1 |
% |
0,0 |
2,8 |
0,9 |
Infecção de ferida operatória |
|
1 |
1 |
% |
0,0 |
2,8 |
0,9 |
Nenhuma |
71 |
25 |
96 |
% |
93,4 |
69,4 |
85,7 |
TEP |
|
1 |
1 |
% |
0,0 |
2,8 |
0,9 |
TOTAL (número absoluto) |
76 |
36 |
112 |
TOTAL (%) |
100,0 |
100,0 |
100,0 |
Tabela 2 - Incidência de complicações pós-operatórias em pacientes submetidas a mamoplastia de
aumento e a mastopexia com próteses (p=0,01).
Figura 5 - Deiscência de ferida operatória em paciente submetida a mastopexia com implantes mamários.
Figura 5 - Deiscência de ferida operatória em paciente submetida a mastopexia com implantes mamários.
As pacientes submetidas a mastopexia apresentaram maior idade média em comparação
com as pacientes submetidas a mastoplastia de aumento (p<0,001) e apresentaram volumes menores de implantes mamários (p=0,002). Não houve relação entre o maior volume mamário escolhido e menor incidência
de complicações. Pelo contrário, houve relação significativamente estatística entre
menores volumes mamários e a incidência de complicações pós-operatórias, conforme
representa a Tabela 3.
Tabela 3 - Principais complicações pós-operatórias precoces, tardias e gerais e relação com o
volume mamário dos implantes.
Complicações pós-operatórias
|
Não |
Sim |
p |
Precoces |
324,4 |
300,9 |
0,03 |
41,7 |
32,1 |
|
Tardias |
324,2 |
296,9 |
0,02 |
40,0 |
44,1 |
|
Gerais |
327,7 |
301,3 |
0,003 |
40,8 |
36,1 |
|
Tabela 3 - Principais complicações pós-operatórias precoces, tardias e gerais e relação com o
volume mamário dos implantes.
O maior tempo cirúrgico não apresentou relação com maior incidência de complicações
pós-operatórias na mastoplastia de aumento (p=0,97) ou na mastopexia com próteses mamárias (p=0,26). De forma geral, houve maior incidência de complicações gerais pós-operatórias
na mastopexia com próteses em comparação com a mamoplastia de aumento (p=0,001). A idade foi uma variável que não apresentou relação com a incidência de complicações
pós-operatórias precoces (p=0,18) ou tardias (p=0,98) em nenhuma das cirurgias.
Foi observada maior incidência de complicações pós-operatórias precoces em pacientes
que apresentavam pelo menos alguma comorbidade no pré-operatório. Naqueles sem comorbidades,
o percentual de complicações precoces é de 8,7%, já para quem tem alguma comorbidade,
esse percentual aumenta para 40,0% (p<0,0001). Em contrapartida, não foi observada essa relação nas complicações pós-operatórias
tardias (p=0,8).
Das 76 pacientes submetidas a mamoplastia de aumento, 12 (15,8%) apresentaram alguma
complicação pós-operatória e todas elas tiveram colocação das próteses no plano subfascial
(p<0,0001). Já em relação às 36 pacientes submetidas a mastopexia com próteses, o plano
subfascial também foi o que apresentou maior incidência de complicações (30,5%), seguido
pelo plano subglandular (p=0,003), sendo que não houve complicações na colocação no dual plane (p=0,003).
DISCUSSÃO
A combinação de mamoplastia de aumento com mastopexia está ganhando popularidade por
duas principais razões: (1) os limites da colocação subglandular ou submuscular, individualmente,
para corrigir adequadamente a flacidez da pele e (2) uma pexia cirúrgica pode abordar
apenas a ptose através do reposicionamento superior dos tecidos pré-existentes e não
é suficiente para devolver à mama a firmeza, a forma e a firmeza da pele, volume (especialmente
a plenitude do polo superior) de uma mama jovem7.
A vantagem mais óbvia de um procedimento de aumento de mama e mastopexia em um estágio
é que ele evita uma segunda operação, economizando dinheiro e reduzindo os riscos
relacionados a uma operação adicional. O objetivo da mastopexia de aumento em estágio
único é converter mamas assimétricas ptóticas desinfladas em mamas simétricas cônicas
jovens, usando uma técnica confiável que aumenta o volume enquanto restaura a posição
do mamilo8.
No que diz respeito ao perfil de pacientes submetidos a mamoplastia de aumento, foram
estudados 505 questionários respondidos por cirurgiões plásticos brasileiros e observado
que as práticas mais comuns incluíram o uso de implantes redondos de microtextura
e silicone revestido com poliuretano no procedimento primário, poket subglandular, incisões inframamárias, dimensionamento pré-operatório com amostras
de implante redondas, antibióticos intravenosos e orais, irrigação com duplo antibiótico,
implante faixa de tamanho geralmente menos 325ml e sem drenagem9. De forma semelhante, no presente estudo, a maioria das pacientes recebeu implantes
mamários redondos e apresentou incisão inframamária, com volume médio dos implantes
de 340ml.
Além do perfil das pacientes, é imperativo o estudo dos resultados pós-operatórios.
Foi observado que o grau de satisfação das pacientes submetidas a mastopexia com inserção
foi excelente e houve impacto favorável na qualidade de vida e bem-estar das pacientes
avaliadas, sendo que o resultado pós-cirúrgico se enquadra como regular ou bom4. Apesar dos implantes redondos serem os mais utilizados na cirurgia estética, foi
observada superioridade estética no grupo de implantes anatômicos em relação à aparência
geral (diferença média padronizada, 0,06; 95% CI, -0,40 a 0,53), naturalidade (diferença
média padronizada, 0,18; 95% CI, -1,51 a 1,15), projeção, contorno do polo superior
e contorno do polo inferior10.
Um estudo realizado com um total de 1.406 pacientes, sendo 1298 submetidas a mamoplastia
de aumento e 108 a mastopexia com próteses1 evidenciou uma média de idade de 29,6 anos e 32,2 anos, respectivamente (p=0,006). O tamanho médio dos implantes foi de 340ml e 308ml (p=0,001), respectivamente. A infecção da ferida operatória foi observada em 0,6% na
mamoplastia de aumento e 3,7% na mastopexia com próteses. A deiscência da ferida operatória
foi menor na mamoplastia de aumento (1,1%) em comparação com 6,5% nas pacientes submetidas
a mastopexia com próteses (p=0,001).
No presente estudo, o resultado com relação à média de idades foi semelhante, sendo
28,3 anos no grupo de mamoplastia de aumento, e 34,3 anos nas pacientes submetidas
a mastopexia com próteses (p<0,001). O volume médio dos implantes também foi menor no presente estudo: no grupo
de mastopexia com próteses (304,2ml) em comparação com as pacientes que receberam
a mamoplastia de aumento (329,1ml), com diferenças estatisticamente significativas
(p=0,002).
No que tange à incidência de complicações, não houve casos de infecção de ferida operatória
na mamoplastia de aumento, com presença de um caso de no grupo de mastopexia com próteses.
Houve 8 casos de deiscência de ferida operatória (22,22%) no grupo de mastopexia com
próteses e 5 casos (6,6%) no caso das pacientes submetidas a mastoplastia de aumento.
Os resultados confirmam que, quando a mastopexia de aumento é realizada como um único
procedimento, apresenta maior índice de complicações quando comparada com a mamoplastia
de aumento realizada individualmente1. No entanto, o maior número de complicações precoces visto no procedimento de combinação
é a adição dos dois procedimentos distintamente individuais e não um aumento exponencial.
Não havia casos de trombose venosa profunda, embolia pulmonar ou morte no estudo citado
nem no presente trabalho. A técnica de colocação de implantes mamários de silicone
em plano subfascial, seguida de ampla dissecção anterior da fáscia do músculo peitoral
maior separando-a totalmente do restante do parênquima mamário, foi efetiva no tratamento
de pacientes com ptose mamária11.
Outro estudo publicado com 332 casos2 evidenciou que, na mastopexia com próteses, a taxa de complicações foi de 22,9% (para
casos primários 20,4%; para casos secundários 28,9%). A taxa de complicações relacionadas
a implantes foi de 7,8%. O número de casos de complicações precoces no presente estudo
foi de 30,55%, porém de complicações tardias foi de 16,66%, obtendo-se uma média semelhante
a taxa de complicações gerais ao estudo já publicado.
Em trabalho brasileiro com 64 pacientes submetidas a mastopexia com implantes, foi
observado que as principais complicações foram: 3 casos (4,6%) de flacidez residual
de pele no seguimento de 8 meses; dois casos (3,1%) de cicatrizes inestéticas; um
caso (1,5%) de necrose parcial de aréola11. Não houve nenhum caso de infecção ou seroma. Em nosso estudo, houve um caso de infecção
e nenhum caso de necrose de aréola. Para evitar o afundamento, a deiscência da ferida
e, por fim, para o posicionamento adequado do implante, é essencial fornecer cobertura
e suporte adequados do polo inferior da mama12. A análise pré-operatória correta e a escolha da melhor técnica na mastopexia de
aumento são determinantes para bons resultados, não existindo uma técnica universal
para tratamento de todos os tipos de mamas13.
CONCLUSÃO
A descoberta mais interessante deste estudo foi que não apenas na mastopexia com próteses,
mas também na mamoplastia de aumento, igualmente considerada de baixo risco, cirurgia
eletiva em indivíduos saudáveis, alguns fatores podem ser identificados que estavam
associados a um risco aumentado de complicações. A principal diferença entre ambos
os grupos é a idade, sendo que a mamoplastia de aumento é realizada principalmente
em pacientes mais jovens. A principal complicação de ambas as cirurgias é a deiscência
de ferida operatória, e o controle das comorbidades e do índice de massa corporal
pode reduzir o risco de complicações.
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1. Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
Autor correspondente: Oona Tomiê Daronch Rua Prof. Dr. Mauro Rodrigues de Oliveira S/N, Botucatu, SP, Brasil, CEP: 18618-688,
E-mail: oona.daronch@yahoo.com.br
Artigo submetido: 28/12/2022.
Artigo aceito: 20/08/2023.
Conflitos de interesse: não há.