INTRODUÇÃO
Implantes mamários de silicone (IMS) são utilizados na prática médica desde 1962,
em cirurgias reconstrutivas e estéticas1. Por muito tempo, o silicone foi considerado uma substância biologicamente inerte
e inofensiva2. No entanto, nos últimos anos, a apresentação de uma série de sintomas de doenças
autoimune em comum por pacientes com implante mamário fez com que autores correlacionassem
os sintomas à presença do implante. Em 1964, Miyoshi já havia descrito essa associação3 e, mais recentemente, em 2011, Schoenfeld & Agmon-Levin4 descreveram e propuseram critérios para o que chamaram de síndrome autoimune induzida
por adjuvantes (Autoimmune syndrome induced by adjuvants - ASIA)4.
A ASIA envolve um grupo de doenças imunomediadas relacionadas à exposição prévia a
adjuvantes. Entre as doenças estão a síndrome da guerra do Golfo, relacionada ao esqualeno;
a miofasceíte macrofágica, relacionada ao hidróxido de alumínio; e a siliconose, relacionada
ao silicone, que está presente nas próteses mamárias e em outros materiais frequentemente
utilizados na prática médica. O surgimento da síndrome se associa à interação entre
fatores ambientais, a exposição prévia a adjuvantes, a indução de autoimunidade e
perda da tolerância imune em indivíduos geneticamente predispostos2,4.
Os critérios diagnósticos para ASIA propostos por Shoenfeld & Agmon-Levin incluem,
como critérios maiores, a exposição a estímulos externos, como adjuvantes, o posterior
aparecimento de sintomas clínicos de doenças autoimunes que envolvem os sistemas músculo
esquelético, articular e nervoso, a melhora dos sintomas após a remoção do agente
causal e apresentação de biópsia típica dos órgãos envolvidos. E, como critérios menores,
a presença de autoanticorpos, de determinados antígenos leucocitários humanos (HLA),
o envolvimento de doenças autoimunes e outras manifestações clínicas1.
OBJETIVO
O objetivo desse trabalho foi, por meio de uma revisão sistemática da literatura médica,
reunir informações sobre a ASIA em pacientes com implantes mamários de silicone, compilando
dados sobre fisiopatologia, sintomatologia e tratamentos disponíveis atualmente.
MÉTODOS
Foi conduzida uma revisão sistemática do tema para obter a melhor evidência disponível.
O protocolo PRISMA5 não pode ser seguido, pois muitos dos artigos relevantes ao assunto não eram revisões
sistemáticas ou ensaios clínicos randomizados.
Artigos foram obtidos por meio de buscas nas bases de dados PubMed, Cochrane, LILACS
e Embase. Os descritores de pesquisa foram utilizados na seguinte sistematização:
(Autoimmune Syndrome Induced by Adjuvants) AND ((Breast implant) OR (Silicone Implant
Incompatibility Syndrome)). A busca não foi limitada pela data da publicação, idioma
ou desenho de estudo.
Os critérios de inclusão abrangiam estudos publicados em periódicos indexados, que
abordassem o tema de ASIA associada a Implantes mamários de silicone ou síndrome de
incompatibilidade ao implante de silicone. Critérios de exclusão eram: (i) Estudos
que tratassem de linfoma ou outras neoplasias; (ii) Estudos em modelos animais; (iii)
Tipo do estudo: relatos de caso ou série de casos com menos de três casos; (iv) Idioma:
estudo não disponível em inglês, espanhol ou português; (v) Estudo não publicados
ou em fase de pré-publicação; (vi) Síndrome ASIA causada por outro tipo de adjuvante;
(vii) Implantes mamários de outros materiais que não silicone.
Após a busca nas bases de dados, todos os artigos encontrados foram triados inicialmente
a partir de seus títulos. Foram incluídos para análise os estudos cujos títulos permeavam
os temas de ASIA e implantes mamários ou SIIS e artigos duplicados foram excluídos.
Em seguida, os artigos selecionados tiveram seus resumos lidos, aqueles que preenchessem
os critérios de inclusão, e não se enquadrassem em critérios de exclusão, foram mantidos.
Por fim, os artigos foram lidos na íntegra, os adequados foram selecionados para revisão
da literatura. A triagem e a seleção dos artigos foram realizadas por três pesquisadores
independentes e, para a exclusão de qualquer artigo, foi necessária a concordância
entre eles. A busca não foi limitada pela data da publicação, idioma ou desenho do
estudo, tendo sido avaliados todos os artigos do tema publicados até março de 2021,
quando ocorreu o processo de seleção dos artigos.
O presente estudo dispensa aprovação em Comitê de Ética e aplicação de Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, pois se trata um estudo secundário, que não envolve testes em
pacientes, dados obtidos diretamente de pacientes e testes em modelos animais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A estratégia de busca gerou 95 artigos, sendo 28 artigos repetidos. Ao final, 20 artigos
(21%) foram selecionados (Figura 1), a partir da busca em base de dados para a revisão de literatura (Anexo 1).
Figura 1 - Fluxograma da busca e seleção de artigos.
Figura 1 - Fluxograma da busca e seleção de artigos.
Fisiopatologia
Adjuvantes são substâncias capazes de aumentar a resposta imuneantígeno específica,
para isso, eles mimetizam moléculas preservadas ao longo da evolução, ligando-se a
receptores e potencializando a atividade de células apresentadoras de antígenos3,4.
A síndrome de incompatibilidade ao implante de silicone e as demais doenças englobadas
pela ASIA compartilham um plano de fundo comum: a predisposição genética de indivíduos
acometidos em desenvolver autoimunidade após a exposição aos adjuvantes3,6.
A patogênese que leva à autoimunidade após o implante de IMS ainda não está clara,
mas alguns mecanismos plausíveis já foram propostos. A expressão dos antígenos HLA-DRB1
e HLA-DQB1 parece estar ligada ao aparecimento de autoimunidade em pacientes com prótese
mamária6. Além disso, é possível que a SIIS esteja relacionada ao fenômeno de silicone bleeding,
no qual moléculas de silicone atravessam os limites do implante e podem ser dispersadas
pelo organismo mesmo com uma prótese íntegra7. O silicone bleeding também pode transformar a reação de corpo estranho que é esperada
na formação da cápsula periprótese, após a inserção do implante, em um processo inflamatório
crônico8.
As moléculas de silicone desencadeiam um processo inflamatório, que consiste na captura
das partículas por macrófagos, desencadeando a produção de citocinas e espécies reativas
de oxigênio (EROS). A posterior apoptose dessas células libera as partículas, reiniciando
o processo. Outro mecanismo é a produção de interleucina (IL)- 17, que estimula intensa
migração de neutrófilos, a secreção de enzimas e EROs. Ademais, o transporte de partículas
contendo silicone para linfonodos pode resultar em efeito adjuvante7-9.
Em indivíduos normais, a formação da cápsula periprótese depende da produção do fator
de necrose tumoral α (TNF-α) e do fator de crescimento tecidual β (TGF- β), produzidos
por macrófagos e linfócitos T. Esses fatores estimulam a multiplicação de fibroblastos
e depósito de matriz extracelular, resultando na formação da cápsula e conseguinte
reação fibrótica. Já em indivíduos predispostos, a ativação contínua de macrófagos
e o predomínio de linfócitos T helper 17 em relação a linfócitos T reguladores, se
associam à cronicidade das reações inflamatórias e a autoimunidade8.
Outra teoria sugere a participação de agentes infecciosos como gatilhos para o desenvolvimento
de respostas imunomediadas patológicas aos adjuvantes. Nela, o efeito adjuvante das
moléculas microbianas, pela ativação não antigênica do sistema imune e pela expressão
de diversas citocinas regulatórias, pode deflagrar a doença3.
Manifestações clínicas
Tipicamente, a fadiga crônica é o sintoma mais prevalente, acometendo até 98% dos
pacientes10,11. A manifestação pode estar presente desde o despertar e não melhorar após o descanso,
comprometendo as atividades diárias1,12. Existem, porém, discordâncias na literatura, um estudo recente mostrou prevalência
menor em pacientes com IMS em relação a um grupo controle (18,2% vs. 47,7%, p=0,03)13.
Distúrbios de sono são queixas frequentes, envolvendo tanto o início quanto a manutenção
do sono. Essa manifestação, que pode atingir até 78% dos casos10, associa-se ao distúrbio cognitivo e alterações de memória, comumente relatadas na
síndrome1,12.
Artrite e artralgia podem estar presentes como sintomas precoces da síndrome1,12. Os estudos divergem quanto a sua prevalência, variando entre 31,8% e 91%10,13,14. Na maioria dos casos, há rigidez matinal com duração superior a uma hora1,12.
Ademais, até 90% dos pacientes podem apresentar mialgia ou fraqueza muscular, com
alterações de eletromiografia em até 53% dos casos1,12. Novamente existem divergências entre as publicações, um estudo realizado na Argentina
apontou este sintoma como menos frequente em pacientes com IMS do que em seu grupo
controle (18,2% vs. 75%, p<0,0001)13.
Xerostomia e xeroftalmia são outras queixas importantes, chegando a acometer 75% dos
pacientes1,3,8. Desenvolvem o fenômeno de Raynaud entre 30-50% dos pacientes, em alguns casos também
há alteração na capilaroscopia ungueal1,3,10,12.
Manifestações alérgicas, como prurido nasal e ocular, rinorreia, espirros, tosse e
sintomas cutâneos, são relatadas em 50-80% das pacientes1,10,12.
Sintomas menos frequentes relacionados à ASIA incluem: febre, sintomas do trato respiratório,
cistite recorrente, livedo reticular, alopecia e desordens do trato gastrointestinal1,10,12,14.
Alguns estudos sugerem correlação de ASIA com outras desordens reumatológicas, como
fibromialgia e artrite reumatoide11,13,15, em maior frequência, mas também com lúpus, esclerodermia, Sjögren, entre outras14,16.
O tempo médio entre a exposição ao IMS e a manifestação dos sintomas não é consensual
na literatura, variando entre 4 e 16,1 anos10,11,13,17. Existem descrições de casos cujo início dos sintomas ocorreu em apenas um ano após
exposição, e outro chegando a 42 anos10,13,15,17.
Achados Laboratoriais
A presença de autoanticorpos é comum na ASIA. O fator antinuclear (FAN) pode ser encontrado
em até 56% dos casos1,3,18. Outros anticorpos como anti-Ro, anti-La, anti-dsDNA, anti-Scl-70, anticardiolipina,
anticorpo do peptídeo citrulinado cíclico, fator reumatoide IgM, anticorpo anticitoplasma
de neutrófilos podem ser encontrados, embora em menor frequência1,18.
Alelos específicos do HLA, como o HLA-DRB1 e HLA-DQB1, que estão constantemente relacionados
a doenças reumatológicas, são encontrados com frequência nos portadores da ASIA17.
A deficiência de vitamina D é descrita em alguns estudos e pode estar presente em
até 50% dos pacientes portadores da síndrome1,12,19.
Critérios Diagnósticos
Em seu trabalho original, Shoenfeld sugeriu o uso de critérios maiores e menores para
o diagnóstico de ASIA (Quadro 1).
Quadro 1 - Critérios diagnósticos de Shoenfeld.
Critérios Maiores |
Exposição a um estímulo externo (silicone, infecção, vacina) anterior às manifestações
Aparecimento de manifestações típicas:
|
o Mialgia, miosite, ou fraqueza muscular |
o Fatiga crônica, sono não-reparador, distúrbios do sono |
o Manifestações neurológicas (especialmente associadas à desmielinização) |
o Déficit cognitivo, perda de memória |
o Pirose, xerostomia |
Melhora após a remoção do fator externo |
Achados histológicos dos órgãos envolvidos que sugiram autoimunidade |
Critérios Menores |
Surgimento de autoanticorpos ou anticorpos contra o adjuvante suspeitado Outras manifestações
clínicas (ex. síndrome do intestino irritável)
|
HLA específico (ex. HLA DRB1, HLA DQB1) Envolvimento de outra doença autoimune |
Quadro 1 - Critérios diagnósticos de Shoenfeld.
Fatores de risco
Os fatores de risco que predispõem ao surgimento da síndrome ainda não estão bem elucidados
na literatura. Acredita-se que os pacientes que tenham doenças autoimune previamente
documentadas, principalmente as relacionadas ao HLA-DRB1 e ao gene PTPN22, e os com
predisposição familiar para desenvolver doenças autoimune6,11, sejam mais acometidos pela síndrome1,11.
Estudos sugerem que pacientes com histórico de atopia também parecem ter uma maior
predisposição ao desenvolvimento da ASIA1,2,11. Episódios prévios de reação autoimune a adjuvantes, como os ocorridos após imunização
com vacinas contendo adjuvantes2,20, e alguns fatores ambientais como tabagismo e obesidade são citados como possíveis
fatores de risco1.
Tratamento
Não existe um tratamento medicamentoso que cure a síndrome, porém algumas medicações
como os corticosteroides, a hidroxicloroquina, a minociclina e a doxiciclina podem
ajudar na redução dos sintomas1,12.
Nos pacientes que apresentam sintomas alérgicos, o uso de antialérgicos pode contribuir
com a melhora do quadro. Naqueles com deficiência de vitamina D, é preconizada a reposição
da vitamina1. Pacientes que fumam também devem ser orientados a cessar o tabagismo1. Os portadores da síndrome que manifestam sintomas relacionados à fibromialgia, devem
ser encorajados a praticar atividades físicas1.
O explante do silicone pode ser aconselhado nos pacientes com múltiplas queixas e
refratários aos tratamentos medicamentosos. Estudos comprovam que 60 a 80% das pacientes
apresentam melhora dos sintomas, principalmente da fadiga, artralgia e mialgia, após
a retirada da prótese mamária1,6,10,12,14,21. Acredita-se que pacientes que não apresentam melhora dos sintomas após a retirada
do implante de silicone têm o material espalhado por todo o corpo1.
Limitações do estudo
A descrição recente da ASIA, somada à ausência de consenso sobre a existência dessa
entidade torna escassos os estudos sobre o tema. A busca nas bases de dados não foi
capaz de incluir estudos de alta evidência científica, como os ensaios clínicos e
as metanálises. Ao mesmo tempo, os estudos incluídos na revisão foram em sua maioria
realizados em centros especializados de imunologia e reumatologia, podendo assim gerar
um viés de seleção e comprometer a validade externa. O longo tempo entre o implante
e manifestação dos sintomas permite a existência de um viés de confusão, em que o
gatilho da autoimunidade poderia ser a exposição a outro adjuvante, que não o IMS.
A exclusão de artigos por idioma pode limitar o acesso a conhecimentos relevantes.
CONCLUSÃO
Considerando que os implantes mamários de silicone são amplamente utilizados na cirurgia
plástica, tanto nas mamoplastias de aumento quanto nas reconstruções mamárias, a síndrome
autoimune induzida por adjuvantes torna-se um tema de grande relevância.
O caráter autoimune, o amplo espectro de sintomas e o tempo variável entre o implante
de silicone e as manifestações clínicas tornam o diagnóstico da ASIA impreciso.
Além disso, a fisiopatologia e os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento
da síndrome permanecem incertos. O histórico de doenças autoimunes prévias foi o fator
de risco mais prevalente nos estudos revisados, no entanto, não se sabe se a ASIA
atua como agravante ou gatilho para o desenvolvimento de sintomas de autoimunidade.
O diagnóstico da ASIA através dos critérios propostos por Shoenfeld carecem de consenso
e validação no meio acadêmico, bem como o tratamento definitivo, pois mesmo o explante
da prótese não se mostrou eficaz para todos os pacientes.
Conclui-se que, apesar de alguns indícios, a correlação entre implantes mamários de
silicone e síndrome de autoimunidade induzida por adjuvantes não pode ser confirmada,
sendo necessários mais estudos de alta evidência científica.
REFERÊNCIAS
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(ASIA) evolution after silicone implants. Who is at risk? Clin Rheumatol. 2015;34(10):1661-6.
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induced by adjuvants. Where have we come from? Where are we going? A proposal for
new diagnostic criteria. Lupus. 2015;24(10):1012-8.
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tissue diseases: a piece in the puzzle of autoimmune/autoinflammatory syndrome induced
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ASIA syndrome following silicone implants: a comparative study of 30 years and a review
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14. Maijers MC, de Blok CJ, Niessen FB, van der Veldt AA, Ritt MJ, Winters HA, et al.
Women with silicone breast implants and unexplained systemic symptoms: a descriptive
cohort study. Neth J Med. 2013;71(10):534-40.
15. Lastra OLV, Dominguez MdPC, Jara LJ, Ramirez GM. Autoimmune/inflammatory syndrome
induced by adjuvants due to silicone breast implant and rheumatic diseases. Ann Rheum
Dis. 2019;78(Suppl 2):2111.
16. Cohen Tervaert JW, Kappel RM. Silicone implant incompatibility syndrome (SIIS): a
frequent cause of ASIA (Shoenfeld’s syndrome). Immunol Res. 2013;56(2-3):293-8.
17. Soriano A, Butnaru D, Shoenfeld Y. Long-term inflammatory conditions following silicone
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18. Shoenfeld Y, Maślińska M. Autoimmune (auto-inflammatory) syndrome induced by adjuvants
- ASIA. Reumatologia. 2013;51(2):101-7.
19. Colafrancesco S, Agmon-Levin N, Perricone C, Shoenfeld Y. Unraveling the soul of autoimmune
diseases: pathogenesis, diagnosis and treatment adding dowels to the puzzle. Immunol
Res. 2013;56(2-3):200-5.
20. Meroni PL. Autoimmune or auto-inflammatory syndrome induced by adjuvants (ASIA): old
truths and a new syndrome? J Autoimmun. 2011;36(1):1-3. DOI: 10.1016/j.jaut.2010.10.004
21. Pavlov-Dolijanovic S, Vujasinovic Stupar N. Women with silicone breast implants and
autoimmune inflammatory syndrome induced by adjuvants: description of three patients
and a critical review of the literature. Rheumatol Int. 2017;37(8):1405-11.
Anexo 1. Principais características dos artigos selecionados.
Autor |
Ano |
Título |
Tipo do artigo |
Achados relevantes |
Tervaert, J. W. C. et al. |
2017 |
Silicone breast implants and autoimmune rheumatic diseases: Myth or reality |
Revisão |
Associa IMSs a um grupo de paciente com queixas de fadiga, distúrbios cognitivos,
artralgia, mialgia, febre, xeroftalmia e xerostomia. Indica que moléculas de silicones
podem migrar do implante pelo corpo, induzindo um processo inflamatório crônico e
que o explante do IMS resulta na melhora dos sintomas na maioria dos pacientes.
|
Goren, I. et al. |
2015 |
Autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvant (ASIA) evolution after silicone
implants. Who is at risk?
|
Revisão |
Relaciona IMS e autoimunidade, sugerindo meios para identificar indivíduos com maior
risco para desenvolver ASIA induzida por silicone e, assim, recomenda evitar o IMS
em alguns casos (ex: indivíduos com diagnóstico prévio de doenças autoimunes ou predisposição
genética para hiperatividade do sistema imune).
|
Alijotas-Reig, J. |
2015 |
Human adjuvant-related syndrome or autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvants.
Where have we come from? Where are we going? A proposal for new diagnostic criteria.
|
Artigo de opinião |
Propõe novos critérios diagnósticos para ASIA baseados somente em dados clínicos e
laboratoriais objetivos para serem discutidos e validados.
|
Schoenfeld, Y; Agmon-Levin, N. |
2010 |
‘ASIA’ - Autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvants |
Revisão |
Discute o papel dos adjuvantes na patogênese de doenças imunomediadas. |
Borba, V. et al. |
2020 |
Classical Examples of the Concept of the ASIA Syndrome. |
Revisão |
Descreve os critérios diagnósticos propostos por Shoenfeld e as manifestações de autoimunidade
que podem estar presentes na síndrome. São citados estudos conduzidos pelos próprios
autores, que tiveram o achado de anticorpos contra receptores acoplados à proteína
G do sistema nervoso autônomo circulantes no soro dos pacientes com ASIA e melhora
dos sintomas após o explante do silicone.
|
Caravantes, C. et al. |
2020 |
Breast Prosthesis Syndrome: Pathophysiology and Management Algorithm |
Revisão |
Menciona os mecanismos fisiopatológicos envolvidos no desenvolvimentos das doenças
autoimunes e inflamatórias relacionadas ao silicone, assim como a relação com a variabilidade
genética humana.
|
Basetto, F. et al. |
2012 |
The periprosthetic capsule and connective tissue diseases: A piece in the puzzle of
autoimmune/autoinflammatory syndrome induced by adjuvants
|
Revisão |
Procura entender os mecanismos imunológicos responsáveis pelo surgimento e desenvolvimento
de doenças autoimunes em pacientes com implantes mamários, focando no papel das citocinas
em indivíduos suscetíveis.
|
Medina. F. M. et al. |
2016 |
Implantes mamarios, eventos adversos y complicaciones poco frecuentes: hallazgos por
mamografía, ecografía y resonancia magnética.
|
Revisão |
Resume as principais complicações relacionadas às próteses mamárias. Descreve as principais
manifestações clínicas da ASIA e possíveis achados que podem ser encontrados em exames
de imagem nos pacientes com implante de silicone que manifestam a síndrome.
|
Colaris, M. J. L. et al. |
2016 |
Two hundreds cases of ASIA syndrome following silicone implants: a comparative study
of 30 years and a review of current literature
|
Série de casos e Revisão |
Compara dois estudos de coorte com casuística de 100 pacientes cada, há um intervalo
de 30 anos entre a realização deles. Conclui que o silicone pode ser um estímulo crônico
para o sistema imune e que não existem alterações maiores das manifestações clínicas
relatadas ao longo das últimas três décadas.
|
Khoo, T. et al. |
2019 |
Silicone breast implants and depression, fibromyalgia and chronic fatigue syndrome
in a rheumatology clinic population
|
Caso controle |
Nesse estudo, foram analisados prontuários médicos de pacientes de uma clínica de
Reumatologia. Procurou-se nos dados descritos se as pacientes tinham implantes mamários
de silicone e comparou-se com um grupo controle, de pacientes da mesma clínica, sem
implantes. Em comparação ao grupo controle, as pacientes apresentaram maior incidência
de fibromialgia e fadiga crônica.
|
Tervaert, J. W. C. et al. |
2018 |
Autoinflammatory/autoimmunity syndrome induced by adjuvants (ASIA; Shoenfeld’s syndrome):
A new flame
|
Revisão |
O estudo indica os principais sintomas da ASIA e os relaciona ao processo crônico
inflamatório pela reação de corpo estranho ao implante. Também indica a pré-existência
de doenças alérgicas como importante fator de risco para o desenvolvimento da síndrome
e o explante do silicone como forma de amenizar os sintomas.
|
Tessel, R. R. et al. |
2016 |
AB0923 Prevalence of Rheumatologic Symptoms and Specific Rheumatic Diseases in Patients
with History of Breast Implants.
|
Caso controle. |
O objetivo do estudo foi comparar um grupo de pacientes com implantes mamários e um
grupo controle de pacientes sem implante. Ambos os grupos estavam em acompanhamento
com reumatologistas. As pacientes com implantes mamários apresentaram maior incidência
de artrite em relação ao grupo controle.
|
Maijers, M. C. et al. |
2014 |
Women with silicone breast implants and unexplained systemic symptoms: A descriptive
cohort study
|
Série de casos |
Indica os principais sinais e sintomas da ASIA e aponta que a maioria das mulheres
com a síndrome apresentavam histórico de alergia. Ainda refere que 69% delas têm redução
dos sintomas após explante, devendo essa opção ser considerada para as pacientes referidas.
|
Lastra, O. L. V. et al. |
2019 |
Autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvants due to silicone breast implant
and rheumatic diseases
|
Série de casos |
Aponta a prevalência de ASIA associada a IMS em 15%. As principais doenças reumatológicas
associadas foram esclerose sistêmica, fibromialgia e artrite reumatoide. Foi ainda
observada associação de história familiar, alergias e tabagismo nos pacientes com
a síndrome.
|
Tervaert, J. W. C. et al. |
2013 |
Silicone implant incompatibility syndrome (SIIS): A frequent cause of ASIA (Shoenfeld’s
syndrome).
|
Série de casos |
O estudo faz uma breve explicação sobre os adjuvantes e os mecanismos imunológicos
desencadeados por ele. Pacientes que foram encaminhadas ao Centro Médico da Universidade
de Maastricht foram investigados para a presença de próteses mamárias e acompanhadas.
De acordo com a sintomatologia apresentada, foram diagnosticadas com ASIA.
|
Soriano, A. et al. |
2014 |
Long-term inflammatory conditions following silicone exposure: The expanding spectrum
of the autoimmune/inflammatory syndrome induced by adjuvants (ASIA)
|
Artigo de opinião |
Compila informações sobre a relação do silicone com a autoimunidade, assim como sua
provável fisiopatologia pela natureza não completamente inerte do material. Por fim,
debate a necessidade de avaliação da predisposição a doenças autoimunes, por genotipagem
HLA e rastreio de doenças reumatológicas, anteriormente a cirurgias com propósito
cosmético.
|
Shoenfeld, Y. et al. |
2013 |
Autoimmune (auto-inflammatory) syndrome induced by adjuvants-ASIA. |
Revisão |
O estudo aborda os diferentes tipos de adjuvantes, o modo como interferem na resposta
imunológica e as diferentes manifestações que podem desencadear. Essas manifestações
são descritas como fazendo parte de uma única síndrome: ASIA.
|
Colafrancesco, S. et al. |
2013 |
Unraveling the soul of autoimmune diseases: Pathogenesis, diagnosis and treatment
adding dowels to the puzzle
|
Artigo de opinião |
Debate a patogênese de doenças autoimunes induzidas por adjuvantes e suas interações
com componentes genéticos, defeitos imunes e aponta fatores ambientais e hormonais
como possíveis gatilhos.
|
Meroni, P. L. |
2011 |
Autoimmune or auto-inflammatory syndrome induced by adjuvants (ASIA): Old truths and
a new syndrome?
|
Revisão |
|
Pavlov-Dolijanovic, S.; Stupar, NV |
2017 |
Women with silicone breast implants and autoimmune inflammatory syndrome induced by
adjuvants: description of three patients and a critical review of the literature
|
Série de casos e Revisão |
O artigo questiona se a molécula de silicone é de fato inerte pela ampla sintomatologia
e diagnóstico de ASIA realizado nos casos do artigo.
|
1. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil
Autor correspondente: Caio Munaretto Giacomazzo R. Padre Camargo, 280, Alto da Glória, Curitiba, PR, Brasil. CEP: 80060-240, E-mail:
caiomunagiaco@gmail.com
Artigo submetido: 26/08/2021.
Artigo aceito: 13/12/2021.
Conflitos de interesse: não há.