INTRODUÇÃO
As neoplasias de cabeça e pescoço têm alta incidência e representam significativa
morbidade e mortalidade, pois muitas vezes afetam funções fundamentais, como deglutição,
fala, alimentação e socialização1, 2. O tratamento dessa patologia pode implicar múltiplas modalidades, como quimioterapia,
radioterapia e cirurgia, com envolvimento variado dessas funções ao longo do tempo
e muitas vezes com a necessidade de complexos processos de reconstrução3.
A avaliação dos resultados desses procedimentos deve, portanto, considerar a opinião
do médico e a perspectiva do paciente4. Ao mesmo tempo, a medicina baseada em evidências levou a instrumentos validados
que comparam resultados de diferentes autores.
Essa dificuldade em avaliar o sucesso do tratamento levou ao desenvolvimento do Módulo
de Câncer de Cabeça e Pescoço FACE-Q, um questionário de resultado relatado pelo paciente
(PRO - abreviação do inglês patient-reported outcome) que mede a aparência, função facial, qualidade de vida e experiência de atendimento
para neoplasias de cabeça e pescoço5, 6, 7. O questionário segmenta a avaliação entre Aparência Geral da Face, Comer e Beber,
Competência Oral, Salivação, Sorrir, Falar, Deglutir, Aflição pela Aparência, Preocupação
com Câncer, Aflição por Babar, Aflição Alimentar, Aflição por Sorrir, Aflição por
Falar e Informação (Quadro 1).
Devido às diferenças linguísticas e culturais entre a população de língua inglesa
do Módulo de Câncer de Cabeça e Pescoço FACE-Q e a população brasileira, a tradução,
adaptação cultural e validação linguística do questionário são essenciais para avaliar
pacientes em tratamento para câncer de cabeça e pescoço no Brasil.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi a tradução, adaptação cultural e validação linguística
do questionário FACE- Q Câncer de Cabeça e Pescoço para o português brasileiro.
MÉTODOS
Este estudo foi aprovado e autorizado pela equipo Q-Portfolio e pela associação que
gere a sua distribuição acadêmica e comercial. Os participantes foram selecionados
por conveniência no Instituto do Câncer do Estado de
São Paulo (ICESP) sob aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CAE 34797120.6.0000.0068)
e forneceram consentimento informado por escrito. Este estudo seguiu todos os procedimentos
seguindo os padrões éticos do conselho de revisão institucional e a Declaração de
Helsinque de 1964 e suas alterações posteriores.
FACE-Q Head and Neck Cancer: O Questionário
O FACE-Q Head and Neck Cancer é um questionário PRO (patient-reported outcome - resultados relatados pelo paciente) aplicado no ambiente clínico ou de pesquisa
para coletar as respostas dos pacientes diretamente. Quantifica aspectos relacionados
à qualidade de vida e variáveis do desfecho na perspectiva do paciente, por exemplo,
satisfação, sintomas e efeitos adversos. Os instrumentos PRO são uma forma de quantificar
como os pacientes percebem sua saúde e o impacto dos procedimentos em sua qualidade
de vida8.
Todo o instrumento é composto por 164 itens, divididos em 14 escalas dentro de quatro
marcos conceituais: Aparência, Função Facial, Qualidade de Vida e Experiência do Cuidado
(Quadro 1).
Quadro 1 - Domínios e escalas de câncer de cabeça e pescoço FACE-Q.
Aparência |
Função Facial |
Qualidade de vida |
Experiência de Cuidado |
Face Geral |
Comer e Beber |
Aflição pela Aparência |
Informação |
|
Competência Oral |
Preocupação com Câncer |
|
|
Salivação |
Preocupação por babar |
|
|
Sorrir |
Aflição para comer |
|
|
Falar |
Aflição para sorrir |
|
|
Engolir |
Aflição para falar Aflição |
|
Quadro 1 - Domínios e escalas de câncer de cabeça e pescoço FACE-Q.
Etapas de tradução, adaptação transcultural e validação linguística
A tradução, adaptação cultural e validação linguística do questionário completo ocorreu
em quatro etapas (Figura 1) de julho de 2020 a setembro de 2020, seguindo as práticas recomendadas9, 10. Após cada etapa, foi produzido um relatório, destacando o processo, as dificuldades
encontradas e as soluções implementadas.
Figura 1 - Etapas da tradução, adaptação cultural e validação linguística do questionário FACE-Q
Head and Neck Cancer.
Figura 1 - Etapas da tradução, adaptação cultural e validação linguística do questionário FACE-Q
Head and Neck Cancer.
O foco dos autores, assim como dos tradutores, foi manter a equivalência9:
Equivalência semântica: verificar se as palavras traduzidas têm o mesmo significado.
Equivalência idiomática: formular expressões equivalentes na versão alvo, evitando
dificuldades relacionadas à tradução de coloquialismos e expressões idiomáticas.
Equivalência empírica: substituir palavras do questionário por outros termos semelhantes
usados em nossa cultura de origem.
Equivalência conceitual: observar se as palavras possuem significados diferentes entre
as culturas, substituindo termos inadequados.
Etapa 1: Tradução Direta
O questionário foi traduzido do inglês para o português brasileiro por dois tradutores
independentes, falantes nativos de português e fluentes em inglês; ambos tinham experiência
em tradução na área da saúde.
Os tradutores foram instruídos a traduzir usando terminologia consistente e direta
em vez de traduções literais e foram incentivados a fornecer feedback sobre suas dificuldades. Ao final do processo, foram produzidas duas versões: tradução
A (TA) e tradução B (TB)10.
As duas traduções foram analisadas por três dos autores do projeto e conciliadas em
uma versão de consenso em português (V1) com base em elementos das duas versões iniciais.
Etapa 2: Tradução Reversa
Na etapa de retrotradução, a V1 foi traduzida do português de volta para o inglês
por um terceiro tradutor nativo em inglês americano, fluente em português brasileiro
e com experiência na área da saúde. Este processo gerou a versão de tradução reversa
(BT).
Etapa 3: Revisão da Tradução Reversa
Os autores e um dos desenvolvedores do questionário original compararam a versão original
em inglês (EV) com BT para identificar possíveis diferenças semânticas entre as duas
versões. Essa etapa produziu algumas modificações na V1 e gerou uma segunda versão
em português (V2).
Etapa 4: Entrevistas com Pacientes
A versão V2 foi utilizada para entrevista cognitiva e debriefing em dez pacientes (amostra de conveniência) submetidos a tratamento cirúrgico para
câncer de cabeça e pescoço e falantes nativos do português brasileiro:
Entrevista cognitiva: foram realizadas entrevistas individuais para avaliar a compreensão
do paciente sobre o questionário e confirmar sua interpretação de cada questão.
Debriefing: durante a entrevista, cada item em que o paciente expressou dúvidas sobre a pergunta
ou a resposta foi revisto. Esses itens foram anotados e as sugestões dos pacientes
para termos mais compreensíveis dentro do contexto da questão.
Os autores avaliaram todos os itens que geraram dúvidas entre os pacientes, juntamente
com suas sugestões. Todas as modificações foram revisadas quanto à redação e concordância
por um editor nativo de língua portuguesa com proficiência em inglês para eliminar
quaisquer erros ortográficos e alinhar possíveis erros de concordância entre os termos.
Os ajustes foram revisados pelos autores e produziram a versão final (VF).
RESULTADOS
A primeira etapa do processo de tradução (Tradução Direta) foi realizada por dois
tradutores profissionais com conhecimento na área da saúde. Não foi relatada nenhuma
dificuldade de compreensão do questionário original durante o processo. As versões
TA e TB foram conciliadas, preservando a equivalência semântica, idiomática, empírica
e conceitual. Esse processo apresentou discrepância em 80 dos 164 itens (48,8%) presentes
no questionário original (Tabela 1). No processo de conciliação entre as versões, a TA foi mantida em 72 ocasiões (90%),
enquanto a TB foi mantida em cinco (6,3%). Em outras três ocasiões (3,8%), foi necessária
uma solução intermediária. Após essa reconciliação entre as versões TA e TB, foi definida
a V1. Nesta versão, utilizou-se linguagem coloquial e de fácil compreensão para o
público-alvo.
Tabela 1 - Processo de conciliação entre tradução A e tradução B.
Escalas |
Número total de itens |
Total de itens diferentes |
Mantida TA |
Mantida TB |
Solução nova/mista |
Face Geral |
15 |
6 |
4 |
2 |
0 |
Comer e beber |
12 |
4 |
4 |
0 |
0 |
Competência Oral |
9 |
5 |
5 |
0 |
0 |
Salivação |
12 |
7 |
7 |
0 |
0 |
Sorrir |
11 |
3 |
2 |
0 |
1 |
Falar |
11 |
5 |
4 |
0 |
1 |
Deglutição |
12 |
6 |
4 |
2 |
0 |
Aflição com a aparência |
11 |
3 |
3 |
0 |
0 |
Aflição para comer |
11 |
9 |
9 |
0 |
0 |
Aflição por babar |
10 |
8 |
8 |
0 |
0 |
Aflição para sorrir |
9 |
3 |
3 |
0 |
0 |
Aflição para falar |
13 |
8 |
8 |
0 |
0 |
Preocupação com câncer |
13 |
7 |
7 |
0 |
0 |
Informação |
15 |
6 |
4 |
1 |
1 |
Total (%) |
164 (100%) |
80 (48,8%) |
72 (90%) |
5 (6,3%) |
3 (3,8%) |
Tabela 1 - Processo de conciliação entre tradução A e tradução B.
Como exemplo de discrepância, na tradução do item original “Eu tenho dificuldades
para me alimentar por causa da minha boca seca.”, tanto TA (“Eu tenho dificuldades
para me alimentar por causa da minha boca seca.”) quanto TB (“Tenho problemas para
comer devido a minha boca seca.”) foram criados. Neste caso, optou-se pela TA devido
à maior facilidade de compreensão. Em outro item (“I have a problem being understood when speaking face-to-face.”) a versão TA (“Eu tenho problemas para ser compreendido quando falo cara a cara”)
e TB (“Tenho problemas para ser entendido quando falo cara a cara”) foram mescladas
para formar a opção final (“Eu tenho problemas para ser compreendido/entendido quando
falo cara a cara.”)
Na segunda etapa do processo de tradução (Tradução Reversa), a versão V1 foi retrovertida
para o inglês por outro tradutor profissional cuja língua nativa era o inglês, dando
origem à versão BT.
Na terceira etapa (Revisão da Tradução Reversa), a equipe do Q-Portfolio revisou a
versão BT para identificar erros de compreensão, tradução ou falta de precisão em
relação à versão original (EV). Entre os 164 itens presentes no questionário, 56 (34,1%)
mostraram correspondência exata com a versão original (EV), enquanto 108 (65,9%) apresentaram
pequenas variações textuais (Tabela 2). No entanto, todos esses itens mantiveram seu significado original, não sendo necessárias
revisões. Nesta fase, portanto, a versão V1 foi mantida inalterada, produzindo a versão
V2.
Tabela 2 - Processo de conciliação entre a versão em inglês e a retrotradução
Escalas |
Número total de itens |
Total de itens diferentes |
Necessidade de revisão |
Face Geral |
15 |
8 |
0 |
Comer e beber |
12 |
10 |
0 |
Competência Oral |
9 |
3 |
0 |
Salivação |
12 |
7 |
0 |
Sorrir |
11 |
5 |
0 |
Falar |
11 |
9 |
0 |
Deglutição |
12 |
4 |
0 |
Aflição de Aparência |
11 |
9 |
0 |
Aflição para comer |
11 |
10 |
0 |
Aflição por babar |
10 |
6 |
0 |
Aflição para sorrir |
9 |
6 |
0 |
Aflição para falar |
13 |
10 |
0 |
Preocupação com câncer |
13 |
10 |
0 |
Informação |
15 |
11 |
0 |
Total (%) |
164 (100%) |
108 (65,9%) |
0 |
Tabela 2 - Processo de conciliação entre a versão em inglês e a retrotradução
Como exemplo das diferenças encontradas entre as versões EV e BT, os itens “I have a problem drinking from a cup”. (EV), que originou a versão “Tenho problemas para beber de um copo”. (BT), e também
o item “I cannot communicate emotions with my smile”. (EV), que deu origem à versão “Não consigo demonstrar emoções com meu sorriso”.
(BT).
Por fim, na quarta etapa (Entrevistas aos Pacientes), foram realizadas entrevistas
individuais com dez pacientes que realizaram tratamento de câncer de cabeça e pescoço
para avaliar possíveis dificuldades na compreensão e confirmação da interpretação
correta de todos os itens. Quatro pacientes eram do sexo feminino e seis do sexo masculino.
A faixa etária desses pacientes variou entre 57 e 87 anos, com mediana de 69 anos.
Quanto ao tipo histológico, sete pacientes apresentavam carcinoma espinocelular, e
os demais, carcinoma mucoepidermoide, carcinoma basocelular e osteossarcoma. Por fim,
quanto à localização dos tumores, as regiões acometidas foram fronte, órbita, maxila
(2), mandíbula (2), língua (2), lábio inferior e glândula salivar. Todas as perguntas,
alternativas e sugestões resultantes desse processo foram avaliadas. Entre os 164
itens, 21 alterações foram sugeridas pelos pacientes (12,8%) para facilitar a compreensão
dos itens do questionário (Tabela 3).
Tabela 3 - Processo de conciliação entre V2 e a versão final.
Escalas |
Número total de itens |
Necessidade de revisão |
Face Geral |
15 |
2 |
Comer e beber |
12 |
6 |
Competência Oral |
9 |
1 |
Salivação |
12 |
2 |
Sorrir |
11 |
2 |
Deglutição |
11 |
2 |
Deglutição |
12 |
1 |
Aflição com Aparência |
11 |
0 |
Aflição com Aparência |
11 |
0 |
Aflição por babar |
10 |
0 |
Aflição por Sorrir |
9 |
0 |
Aflição para falar |
13 |
3 |
Preocupação com câncer |
13 |
0 |
Informação |
15 |
2 |
Total (%) |
164 (100%) |
21 (12,8%) |
Tabela 3 - Processo de conciliação entre V2 e a versão final.
Como exemplo desta última etapa, o item original “My face looks unattractive” originou a versão “Meu rosto parece pouco atraente”. (V2), que, após a entrevista
com os pacientes, foi alterada para “Meu rosto não parece atraente”., devido à maior
adequação dos termos utilizados. Em outro exemplo, a versão original “I get frustrated when I speak” originou a versão “Eu me sinto frustrado quando falo”. (V2), que, após a entrevista
com os pacientes, foi alterada para “Eu me sinto frustrado/chateado quando falo”.,
devido à dificuldade de compreensão da palavra “frustrado”.
Foi produzida uma versão final (VF) em português do Brasil, que preservou conceitos
equivalentes e foi de fácil compreensão para a população-alvo. Esta versão pode ser
obtida para fins acadêmicos, gratuitamente11.
DISCUSSÃO
O questionário FACE-Q Head and Neck Cancer foi elaborado para avaliar a satisfação
quanto aos aspectos funcionais, estéticos e psicológicos específicos das neoplasias
de cabeça e pescoço5, 6, 7. O questionário deve ser aplicado em seu idioma original ou em outros idiomas após
tradução, adaptação cultural e validação linguística. Até agora, o questionário está
disponível apenas em inglês.
Nosso processo utilizou a mesma metodologia de outros estudos que traduziram o FACE-Q12, 13, 14, 15, 16, focando em uma tradução que mantenha a semântica original e a ideia das questões,
evitando a tradução literal para facilitar a compreensão do paciente. Usando as diretrizes
oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Internacional de Farmacoeconomia
e Pesquisa de Resultados (ISPOR), conseguimos uma tradução validada linguisticamente
do módulo inglês FACE-Q Head and Neck Cancer para uma versão semântica, idiomática
e conceitualmente equivalente em português brasileiro10, 17, 18.
Os tradutores experientes da área da saúde mostraram-se essenciais, pois muitas vezes
utilizam termos diferentes dos não especialistas17. Além disso, a entrevista com os pacientes (Etapa 4) mostrou-se útil em nosso caso,
pois o feedback dos pacientes foi amplo e levou a mudanças linguísticas críticas.
Embora a tradução seja primariamente precisa em relação ao questionário original,
uma tradução literal nunca é possível, o que significa que sempre há um leve viés
de interpretação.
CONCLUSÃO
Após o processo de tradução, adaptação cultural e validação linguística, o questionário
FACE-Q Head and Neck Cancer na versão em português do Brasil apresenta uma versão
equivalente ao instrumento original em inglês, que pode ser utilizado como avaliação
crítica de resultados relatados pelo paciente (PRO), tanto na pesquisa quanto na prática
clínica.
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1. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
2. Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Autor correspondente: Vitor Penteado Figueiredo Pagotto Rua Ovídio Pires de Campos, nº 225 5º andar - Cerqueira Cesar, São Paulo, SP, Brasil
CEP 05403-010 E-mail: vitorpfpagotto@gmail.com
Artigo submetido: 24/05/2021.
Artigo aceito: 14/07/2021.
Conflitos de interesse: não há.
Instituição: Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Divisão de Cirurgia
Plástica, São Paulo, SP, Brasil.