INTRODUÇÃO
Queloides são proliferações fibrosas anômalas, benignas, eritematosas, que se elevam
sobre o nível da pele e desenvolvem-se geralmente após estímulos que afetam a derme
profunda, como: queimaduras, traumas cirúrgicos, acnes, colocação de piercings e tatuagens1. O processo cicatricial se caracteriza por estender-se além das bordas da ferida,
envolvendo a pele normal adjacente2 (Figuras 1 e 2).
Figura 1 - Queloide em lobo de orelha. Imagem cedida por Profª. Joyce de Sousa Fiorini Lima.
Figura 1 - Queloide em lobo de orelha. Imagem cedida por Profª. Joyce de Sousa Fiorini Lima.
Figura 2 - Formação de queloide em região pré-esternal. Imagem cedida por Profª. Joyce de Sousa
Fiorini Lima.
Figura 2 - Formação de queloide em região pré-esternal. Imagem cedida por Profª. Joyce de Sousa
Fiorini Lima.
A patogênese envolve participação excessiva de fibroblastos, com desbalanço na produção
do colágeno. A tensão sobre a ferida e processos infecciosos propiciam hipóxia, com
maior deposição desses elementos de matriz extracelular, formando feixes hialinizados.
Sua ocorrência é especialmente comum na face, lobos de orelhas, tronco e pescoço e,
por isso, essas lesões podem causar prejuízo funcional e cosmético, estando associados
com baixa autoestima e prejuízo da qualidade de vida1.
A incidência e prevalência precisas das cicatrizes são desconhecidas; porém, afetam
mais indivíduos novos e sofrem influência da raça, sendo mais comum em negros e asiáticos,
sem distinção entre sexos. Apresenta correlação genética, com herança autossômica
dominante de penetrância incompleta, manifestando-se em síndromes genéticas3.
O diagnóstico é geralmente clínico, embasado na anamnese, formato, tamanho e padrão
de crescimento da lesão, porém, se incerto, pode-se realizar biópsias. Os sintomas
mais comuns são dor e prurido. Como lesões advindas de queimaduras podem também destruir
folículos pilosos, glândulas sudoríparas, capilares e terminações nervosas, pode ocorrer
perda de regulação da temperatura, pele seca e dor neuropática, além de prejuízo por
comprometimento da função mecânica4.
O tratamento visa aliviar queixas e reduzir o volume da cicatriz, promovendo melhora
funcional e cosmética, necessitando que a abordagem cirúrgica leve bastante em consideração
o risco pós-operatório do excesso de cicatrização.
Sabe-se que a demora na epitelização está relacionada ao aumento da ocorrência de
queloides sendo, portanto, necessário estímulo à rápida reepitelização, respeitando
os mecanismos fisiológicos e a anatomia da pele5.
Dessa maneira, a propensão à recorrência de queloides é uma das maiores dificuldades
para o sucesso terapêutico. Algumas localizações (sujeitas a tensão mecânica) têm
maior rapidez de recidiva, o que torna imperativo conscientizar o paciente dessa possibilidade.
Há uma conhecida incapacidade das opções atuais em atingir redução satisfatória das
cicatrizes e, ao mesmo tempo, apesar de existir uma gama de opções, a qualidade das
evidências geralmente é baixa, o que indica falta de consistência e preditibilidade
nos resultados das intervenções. Essa circunstância tem causado confusão sobre quais
tratamentos e técnicas devem ser considerados de primeira, segunda e terceira linha.
OBJETIVO
Revisão dos principais métodos para tratamento de queloides na atualidade, abordando
as vantagens e desvantagens de cada um, visando evidenciar as principais escolhas
terapêuticas.
MÉTODOS
Revisão não sistemática da literatura sobre queloides nas bases de dados PubMed, Scielo,
Dynamed, MEDLINE, UptoDate e livros textos das áreas de Dermatologia e Cirurgia Dermatológica,
abordando as principais técnicas cirúrgicas e adjuvantes. Os descritores utilizados
foram: queloides, tratamento, cirurgia e cicatrização.
REVISÃO DE LITERATURA
Queloides podem ser transformadas em lesões que serão cicatrizadas em tempo adequado,
evitando percurso fisiopatológico da lesão original. Os métodos cirúrgicos atuais
devem empregar terapias adjuvantes, caso contrário, há risco elevado de reincidência
que pode resultar em queloides ainda maiores. As técnicas mais utilizadas atualmente
seguem enumeradas e revisadas a seguir:
3.1 - Excisão
Consiste na retirada cirúrgica do queloide e é considerada de segunda ou terceira
linha para queloides maduros6. É recomendada a realização de excisão fusiforme intramarginal com ângulo de 30°
em relação às linhas de tensão cutâneas. Para evitar recorrência do queloide, sugere-se
reduzir a tensão no fechamento, deixar as bordas evertidas, além de utilizar fio reabsorvível
na fáscia ou tecido subcutâneo7.
Evitar manipulação excessiva, traumatismo, remover corpos estranhos, prevenir hematomas
e infecções são medidas que contribuem para obtenção de cicatrizes de boa qualidade.
Deve-se considerar a possibilidade de Z-plastia e W-plastia para a correção cirúrgica8.
A excisão como monoterapia deve ser evitada pelo risco de recorrência de 45 a 100%
dos casos, por isso deve estar associada a terapias adjuvantes. O uso de curativos
de pressão no pós-operatório também é recomendado9.
Em combinação com a radioterapia, a remoção cirúrgica é considerada tratamento muito
eficaz para os queloides graves, de acordo com as recomendações clínicas internacionais,
contudo sugere-se que esse tratamento seja reservado como último recurso. A associação
de cirurgia com radioterapia, em pacientes que tiveram falha em um primeiro tratamento,
reduziu a taxa de recorrência de 8 a 28%10. Um estudo demonstrou que a excisão cirúrgica de queloides localizadas no pé, associada
posteriormente às injeções intralesionais de corticoesteroides e cobertura de gel
de silicone, resultaram em não recorrência de 78,5% em um ano11.
3.2 - Injeções Intralesionais
Trata-se da aplicação intralesional de medicamentos, como corticoides. A droga mais
usada é a triancinolona acetonida, considerada terapia de primeira linha em combinação
com silicone gel para queloides menores que 0,5cm. Também é a primeira escolha em
uso isolado, ou em combinação com fluorouracil intralesional, ou crioterapia para
queloides maiores que 0,5cm6.
Os corticosteroides reduzem o queloide ao diminuir o colágeno, a síntese de glicosaminoglicanos
e inibir proliferação de fibroblastos. Devido às características anti-inflamatórias
e vasoconstritoras, esse método é efetivo em reduzir dor e prurido. A resposta é de
50 a 100% ao tratamento, com reincidência de até 50% em 5 anos. As injeções são dolorosas
e têm efeitos adversos (reportados em 63% dos casos) de atrofia da derme, hipopigmentação
e desenvolvimento de telangectasias7.
A crioterapia prévia facilita a injeção, mas tem como efeito adverso a acromia residual
permanente. O uso de bolsas térmicas antes das aplicações e a administração lenta
reduzem a dor1. O corticosteroide injetável também é utilizado como terapia adjuvante após excisão
cirúrgica7, já a adição de triancinolona após excisão cirúrgica foi considerada efetiva em queloides
maiores que 4cm em relato de caso12.
Verapamil intralesional pode ser tão efetivo quanto triancinolona intralesional no
tratamento de queloides, mas com menos efeitos adversos13. No entanto, estudo randomizado subsequente demonstrou maior risco de recorrência
para uso de verapamil14. Outro ensaio randomizado demonstrou efetividade semelhante entre os dois tratamentos,
com maior demora de resultado com o uso de verapamil15.
O 5-fluorouracil intralesional (5-FU) é usado para lesões que não respondem aos corticoides.
Por ser agente quimioterápico antimetabólito, que interfere na síntese de DNA e RNA,
induz apoptose de fibroblastos e inibe produção de colágeno tipo I ao interferir no
sinal de TGF-beta16.
Dentre os efeitos adversos, pacientes referem dor e hiperpigmentação7. Podem ser usados em combinação com corticosteroide intralesional e como adjuvantes
após excisão cirúrgica8. Resultados de sucesso de 45 a 78% no tratamento isolado e de 50 a 96% associado
a corticosteroides. Todavia, estudos conduzidos com o 5-FU foram de má qualidade17.
A injeção de toxina botulínica tipo A tem sido utilizada como novo tratamento. Atua
diminuindo a tensão na área próxima ao queloide durante o período de cicatrização,
ademais pode influenciar na apoptose e proliferação celular. Em um estudo, 80 pacientes
com queloides foram submetidos à cirurgia excisional, seguido de aplicação única de
5-FU e toxina botulínica no 9º dia de pós-operatório. A recorrência ocorreu em 4%
dos pacientes. Diante disso, os autores recomendaram a aplicação rotineira da toxina
após ressecção, todavia, são necessários mais estudos sobre essa terapia18.
3.3 - Matriz de Regeneração Dérmica
A matriz de regeneração dérmica (MRD), ou Integra®, consiste em estrutura bilaminar
formada por componente dérmico de colágeno bovino e condroitina-6-fostato e componente
epidérmico, feito de lâmina sintética de silicone com 100μm de espessura19.
Possui estrutura tridimensional com poros de 50 ± 20μm, assemelhando-se a pele normal.
Após 30 dias, a matriz é completamente biodegradável. A camada externa de silicone
tem função de barreira protetora, além de impedir a perda de líquidos. Após o desenvolvimento
da neovascularização, a lâmina de silicone é substituída por enxerto epidérmico extrafino
autólogo, cujas células epidérmicas proliferam e fixam-se à neoderme19.
Vantagens dessa técnica incluem: cicatrização da ferida sem tensão, ausência de resposta
imunológica à MRD, técnica de implante relativamente simples, MRD estéril, enxerto
epidérmico de fina espessura, não requer terapia adjuvante e apresenta resultados
próximos ao da pele normal. Desvantagens seriam alto custo, risco de infecção entre
as duas camadas da matriz e necessidade de dois procedimentos cirúrgicos19,20.
Um estudo avaliou o uso de MDR no tratamento de queloides, como resultado as reconstruções
foram esteticamente aceitáveis, permaneceram planas e sem ocorrência de infecção.
Não houve queixas a longo prazo, nem evidência de cicatrizes nos locais doadores,
porém amostra pequena e seguimento inferior a 24 meses foram limitações20.
3.4 - Crioterapia
Caracteriza-se pelo congelamento do queloide com nitrogênio líquido. Estudos defendem
a administração mensal de corticosteroides intralesionais, com ou sem crioterapia
adjuvante, como opção de primeira linha para o tratamento de grandes queloides6.
O mecanismo consiste na lesão celular e microvascular que leva à necrose e consequente
involução do mesmo, sem que o arcabouço seja afetado. Essa técnica leva à modulação
imunológica que induz a apoptose de células tumorais. Esses mecanismos dependem da
taxa de congelamento, taxa de descongelamento, tipo de tecido e temperaturas mais
baixas9.
A crioterapia intralesional é uma nova técnica de tratamento e utiliza uma agulha
para produzir congelamento rápido do centro da cicatriz até as regiões mais superficiais.
Essa técnica difere da terapia criogênica por contato, que só congela superficialmente
e parcialmente a lesão. Há possibilidade de aplicar a crioterapia intralesional através
de sonda introduzida no interior do queloide, e tal procedimento permite intervir
especificamente na derme, poupando a epiderme21.
Efeitos colaterais incluem bolhas, dor e hipo ou hiperpigmentação. Estudos demonstraram
redução de volume de 67,4% nos queloides após seis meses com apenas uma sessão de
crioterapia intralesional, melhora na vermelhidão, ausência de hipopigmentação e recorrência9.
Evidências sugerem que a crioterapia intralesional leva à redução do volume das cicatrizes
e reduz sintomas, mediante poucos efeitos adversos. Todavia, são necessárias mais
análises objetivas, fortes e comparativas21. Um ensaio randomizado demonstrou que o tratamento de queloides com crioterapia intralesional
é inferior a excisão cirúrgica de queloide, seguida de braquiterapia para pacientes
com queloides resistentes. Nos queloides primários, a crioterapia intralesional reduziu
o volume do queloide e, portanto, pode ser utilizada nesses pacientes22.
3.5 - Laserterapia
Incluem-se como plataformas específicas dessa modalidade: o laser pulsado de corante
(PDL), o laser fracionado de dióxido de carbono (fCO2) e a luz intensa pulsada (IPL)23. As indicações para terapia com PDL ou laser fracionado ablativo incluem queloides
menores refratários ao tratamento com cobertura de gel de silicone, corticosteróides
intralesionais e 5-FU24.
Recomenda-se o tratamento combinado (como o PDL e o laser de fCO2) em detrimento do
tratamento com um único laser. Evidências demonstram que a combinação propicia a melhora
da aparência e a redução dos sintomas25.
As complicações mais comuns da terapia com PDL incluem púrpura transitória, eritema
leve ou moderado e edema. Pode ser observado também bolhas ou crostas na pele nas
fases iniciais de pós-tratamento. Hipo ou hiperpigmentação também são vistas, principalmente
nos pacientes com tipos de pele mais escuros. Observa-se também que a terapia fracionada
com laser pode propiciar cicatrização tardia, ulcerações e hiperpigmentação pós-inflamatória23,26.
3.6 - Revestimento com gel de silicone
Utiliza-se cobertura em gel de silicone como terapia de primeira linha na prevenção
e tratamento de queloides menores de 0,5cm em pacientes de moderado a alto risco6,26. O mecanismo anticicatricial ainda não é claro, entretanto, pode estar relacionado
à oclusão e hidratação do estrato córneo, geração de eletricidade estática ou redução
dos mastócitos. Além disso, o silicone demonstra atuar no aumento da atividade da
enzima colagenase e nos níveis do TGF beta-2, participando no controle de proliferação
e diferenciação celular27.
Recomenda-se fazer esse tratamento após completa cicatrização, por pelo menos 12 horas
por dia, durante 2 a 3 meses, mantendo a higienização da área6. É possível ter como reação adversa a foliculite7. A cobertura de silicone pode ser realizada mediante lâminas ou pomadas, sendo ambos
seguros, efetivos e com resultados cosmeticamente aceitáveis28.
3.7 - Radioterapia
Consiste na aplicação de radiação ionizante, divididas em seções e dias diferentes
sobre a cicatriz queloidiana. O mecanismo de ação desta técnica tem como o alvo os
fibroblastos, de forma a inibir sua proliferação e estimular sua diferenciação27. Diversos estudos têm relatado alta eficácia desse método em reduzir recorrências
de queloides quando administrado imediatamente após excisão cirúrgica29.
A radioterapia como adjuvante para queloides operados pode ser realizada por meio
de várias técnicas, como: betaterapia, raio X convencional, radioterapia em dose única
e radioterapia com feixe de elétrons. Em função da melhor distribuição da dose no
tecido-alvo e da incidência de mínimas doses nos tecidos mais profundos adjacentes,
a radioterapia com elétrons tem se demonstrado superior à radiação convencional30.
A dose a ser utilizada no tratamento dos queloides deve ser adaptada de acordo com
a localização da lesão, sendo que as maiores doses devem ser usadas nos locais de
alto risco. A efetividade da prevenção de queloides está relacionada com a dose efetiva
biológica, não havendo ainda consenso a ser adotado. Para se obter resultado efetivo
em relação à qualidade da cicatriz e diminuição da recidiva, deve-se realizar seguimento
mínimo de 2,5 anos com irradiação pós-operatória com elétrons30.
Em um estudo, 174 queloides em lóbulo de orelha foram tratados com dose total de 10
Gy em duas frações ou 15 Gy em três frações. Após 18 meses de acompanhamento, a taxa
de recorrência foi de 4%, não havendo diferença significativa entre as doses31. Em outro estudo, após tempo de acompanhamento médio de 40 meses, a taxa geral de
recidiva foi de 5,6%, sendo menor nos pacientes tratados com doses maiores ou iguais
a 20 Gy32.
A radioterapia com feixe de elétrons é uma opção terapêutica bem tolerada pelos pacientes,
tendo como possíveis efeitos adversos: hiperpigmentação transitória da área abordada
e descamação que duram em torno de três meses. Além disso, deve ser usada com cautela
quando aplicada em crianças e jovens, devido a existência de estruturas radiossensíveis.
Embora existam poucos casos relatados na literatura, há risco potencial de malignização
das células submetidas à radioterapia27.
3.8 - Pressoterapia
Representa abordagem profilática, que consiste na aplicação de pressão contínua, por
várias semanas sobre a cicatriz, com intuito de inibir o desenvolvimento de queloide
ou diminuir o tamanho de cicatrizes já formadas27,33. A técnica pode ser realizada por meio de bandagens, malhas compressivas ou adesivos
elásticos27. No caso específico de queloides no lóbulo auricular, foram desenvolvidos brincos
de pressão, clipes metálicos e ímãs com ou sem cobertura de silicone34.
O mecanismo de ação não está bem estabelecido, no entanto, acredita-se estar relacionado
à oclusão de pequenos vasos sanguíneos pela pressão, levando a privação de oxigênio
e nutrientes e, assim, ocasionando diminuição na proliferação de fibroblastos e na
síntese de colágeno. Além disso, a diminuição do fluxo sanguíneo capilar diminui os
níveis de alfa-2-macroglobulina que inibe a colagenase27,34.
O aporte ótimo de pressão aplicada é difícil de determinar. Esse valor deve exceder
a pressão capilar, no entanto, sem diminuir a circulação sanguínea periférica, entre
20 e 30 mmHg. Em um estudo prospectivo, 11 pacientes foram tratados inicialmente com
ressecção cirúrgica do queloide e, após 15 a 21 da mesma, submeteram-se à pressoterapia.
Foram utilizados ímãs com valores de pressão entre 33 a 47mmHg, e ao final de seguimento
de quatro a seis meses, a taxa livre de recorrência foi de 90,91%34.
As evidências que dão suporte para uso dessa técnica são limitadas. Metanálise realizada
com seis estudos de alta qualidade não demonstrou diferença significativa entre pacientes
queimados tratados com e sem pressoterapia35. Não são relatados efeitos colaterais relevantes da mesma, além do possível desconforto
da pressão sentida pelo paciente27. Além disso, por ser opção simples e acessível, esse método possui relevância em
locais onde recursos tecnológicos e farmacológicos não são amplamente disponíveis27,34.
3.9 - Adesivos teciduais (Prineo®)
O Prineo® é um sistema duplo de malha de poliéster associado à cola Octyl-2- cianocrilato,
que pertence ao grupo dos adesivos teciduais. Ao entrar em contato com a ferida iniciam-se
reações moleculares, que proporcionam adesão do conjunto aos queratinócitos36.
O Prineo® deve ser aplicado nas bordas da incisão em uma fina camada em movimento
único. Após o reparo, a secagem adequada ocorre em cerca de 5 minutos e sensação de
calor no local pode ser relatada durante o procedimento37.
Os adesivos teciduais são de fácil e rápida aplicação; garantem boa força tênsil ao
longo da ferida; formam uma barreira antimicrobiana; e proporcionam menor dor durante
a remoção. Além disso, o alargamento cicatricial é menor em relação ao fechamento
com fios de sutura. O Prineo® é recomendado para feridas com maior comprimento e tensão36.
Em estudo comparando o uso de Prineo® e fios cirúrgicos, não houveram diferenças na
qualidade cicatricial, inclusive estética (p>0,05). Observa-se que dentro da amostra
(n=101), ocorreu apenas 1 caso de queloide associado ao fio cirúrgico, sem casos com
Prineo® (p=0,042). Dentre os efeitos adversos, destaca-se a dermatite de contato em
resposta ao formaldeído liberado pela reação de polimerização entre o cianocrilato
e a pele36.
Em revisão realizada, observa-se que não é um método muito utilizado no tratamento
de queloides, mas emerge como opção. Portanto, são necessários mais estudos que correlacionem
o uso de Prineo® para prevenção e tratamento de queloides.
CONCLUSÃO
São muitos os tratamentos disponíveis para queloides, sejam cirúrgicos ou não, todavia
há escassez de informações robustas e não há consenso sobre abordagem universalmente
aceita. A decisão da melhor terapia é individualizada e varia de acordo com o tamanho
da lesão, da recidiva ou não da mesma e dos recursos disponíveis. Em lesões pequenas,
as injeções intralesionais de corticosteroides apresentam bons resultados, associadas
a outros métodos como os revestimentos com gel de silicone ou pressoterapia. Quando
as lesões têm dimensões maiores, injeção de triancinolona em associação com crioterapia
traz bons resultados.
COLABORAÇÕES
PMC
|
Análise e/ou interpretação dos dados, Conceitualização, Concepção e desenho do estudo,
Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original
|
CEFP
|
Análise e/ou interpretação dos dados, Conceitualização, Concepção e desenho do estudo,
Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original
|
EMS
|
Análise e/ou interpretação dos dados, Conceitualização, Concepção e desenho do estudo,
Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original
|
GASB
|
Análise e/ou interpretação dos dados, Conceitualização, Concepção e desenho do estudo,
Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original
|
JOJ
|
Análise e/ou interpretação dos dados, Conceitualização, Concepção e desenho do estudo,
Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original
|
LBO
|
Análise e/ou interpretação dos dados, Conceitualização, Concepção e desenho do estudo,
Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original
|
OCL
|
Análise e/ou interpretação dos dados, Conceitualização, Concepção e desenho do estudo,
Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original
|
JSFL
|
Aprovação final do manuscrito, Supervisão
|
REFERÊNCIAS
1. Pereira ALC, Leal F, Azulay DR, Azulay RD. Dermatologia. 6ª ed. Rio de Janeiro (RJ):
Guanabara Koogan; 2013.
2. Shin JY, Lee JW, Roh SG, Lee NH, Yang KM. A comparison of the effectiveness of triamcinolone
and radiation therapy for ear keloids after surgical excision: a systematic review
and meta-analysis. Plast Reconstr Surg. 2016 Jun;137(6):1718-25. PMID: 27219228 DOI:
https://doi.org/10.1097/PRS.0000000000002165
3. Goldstein BG, Goldstein AO. Keloids and hypertrophic scars. Dellavalle RP, Levy ML,
Corona R, editors. Post TW. Waltham, MA: UpToDate; 2019; [acesso em 2019 fev 16].
Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/keloids-and-hypertrophic-scars
4. Khansa I, Harrison B, Janis JE. Evidence-based scar management. Plast Reconstr Surg.
2016 Sep;138(Suppl 3):165S-78S. DOI: https://doi.org/10.1097/PRS.0000000000002647
5. Gauglitz GG. Management of keloids and hypertrophic scars: current and emerging options.
Clin Cosmet Investig Dermatol. 2013;6:103-114. DOI: https://doi.org/10.2147/CCID.S35252
6. Gold MH, McGuire M, Mustoe TA, Pusic A, Sachdev M, Waibe J, et al. Updated international
clinical recommendations on scar management: part 2 - algorithms for scar prevention
and treatment. Dermatol Surg. 2014 Aug;40(8):825-31.
7. Arno AI, Gauglitz GG, Barret JP, Jeschke MG. Up-to-date approach to manage keloids
and hypertrophic scars: a useful guide. Burns. 2014 Nov;40(7):1255-66. PMID: 24767715
DOI: https://doi.org/10.1016/j.burns.2014.02.011
8. Metsavaht LD. Abordagem cirúrgica de cicatrizes. Surg Cosmet Dermatol. 2016;8(1):11-20.
9. Berman B, Maderal A, Raphael B. Keloids and hypertrophic scars: pathophysiology, classification,
and treatment. Dermatol Surg. 2017 Jun;43(Suppl 1):S3-S18. DOI: https://doi.org/10.1097/DSS.0000000000000819
10. Keeling BH, Whitsitt J, Liu A, Dunnick CA. Keloid removal by shave excision with adjuvant
external beam radiation therapy. Dermatol Surg. 2015 Aug;41(8):989-92. DOI: https://doi.org/10.1097/DSS.0000000000000417
11. Park TH, Park JH, Chang CH. Clinical features and outcomes of foot keloids treated
using complete surgical excision and full thickness skin grafting followed by corticosteroid
injections. J Foot Ankle Res. 2013;6:26. DOI: https://doi.org/10.1186/1757-1146-6-26
12. Rasheed I, Malachy A. The management of helical rim keloids with excision, split thickness
skin graft and intralesional triamcinolone acetonide. J Cutan Aesthet Surg. 2014 Jan/Mar;7(1):51-53.
DOI: https://doi.org/10.4103/0974-2077.129981
13. Verhiel S, Grzymala AP, van der Hulst R. Mechanism of action, efficacy, and adverse
events of calcium antagonists in hypertrophic scars and keloids: a systematic review.
Dermatol Surg. 2015 Dec;41(12):1343-50. DOI: https://doi.org/10.1097/DSS.0000000000000506
14. Danielsen PL, Rea SM, Wood FM, Fear MW, Viola HM, Hool LC, et al. Verapamil is less
effective than triamcinolone for prevention of keloid scar recurrence after excision
in a randomized controlled trial. Acta Derm Venereol. 2016 Aug;96(6):774-8.
15. Ahuja RB, Chatterjee P. Comparative efficacy of intralesional verapamil hydrochloride
and triamcinolone acetonide in hypertrophic scars and keloids. Burns. 2014 Jun;40(4):583-8.
PMID: 24182692 DOI: https://doi.org/10.1016/j.burns.2013.09.029
16. Ledon JA, Savas J, Franca K, Chacon A, Nouri K. Intralesional treatment for keloids
and hypertrophic scars: a review. Dermatol Surg. 2013 Dec;39(12):1745-57. PMID: 24299571
DOI: https://doi.org/10.1111/dsu.12346
17. Bijlard E, Steltenpool S, Niessen FB. Intralesional 5-fluorouracil in keloid treatment:
a systematic review. Acta Derm Venereol. 2015;95:778-782.
18. Wilson AM. Eradication of keloids: surgical excision followed by a single injection
of intralesional 5-fluorouracil and botulinum toxin. Can J Plast Surg. 2013;21(2):87-91.
DOI: https://doi.org/10.1177/229255031302100208
19. Pereima MJL, Goulart BC, Pereima RR, Feijó R, Freitas JL. Diminuição do tempo de maturação
de matrizes de regeneração dérmica quando associados a uso de curativos de pressão
negativa. Rev Bras Queimaduras. 2013;12(3):145-152.
20. Nguyen KT, Shikowitz L, Kasabian AK, Bastidas N. A novel approach to keloid reconstruction
with bilaminar dermal substitute and epidermal skin grafting. Plast Reconstr Surg.
2016 Jul;138(1):235-9. PMID: 26986991 DOI: https://doi.org/10.1097/PRS.0000000000002242
21. O’Boyle CP, Shayan-Arani H, Hamada MW. Intralesional cryotherapy for hypertrophic
scars and keloids: a review. Scars Burn Heal. 2017 Jan/Dec;3. DOI: https://doi.org/10.1177/2059513117702162
22. Bijlard E, Timman R, Verduijn GM, Niessen FB, Hovius SER, Mureau MAM. Intralesional
cryotherapy versus excision with corticosteroid injections or brachytherapy for keloid
treatment: Randomised controlled trials. J Plast Reconstr Aesthet Surg. 2018 Jun;71(6):847-856.
PMID: 29426811 DOI: https://doi.org/10.1016/j.bjps.2018.01.033
23. Brewin MP, Lister TS. Prevention or treatment of hypertrophic burn scarring: a review
of when and how to treat with the pulsed dye laser. Burns. 2014 Aug;40(5):797-804.
PMID: 24439925 DOI: https://doi.org/10.1016/j.burns.2013.12.017
24. Jin R, Huang X, Li H, Yuan Y, Li B, Cheng C, et al. Laser therapy for prevention and
treatment of pathologic excessive scars. Plast Reconstr Surg. 2013 Dec;132(6):1747-58.
PMID: 24281600 DOI: https://doi.org/10.1097/PRS.0b013e3182a97e43
25. Hultman CS, Friedstat JS, Edkins RE, Cairns BA, Meyer AA. Laser resurfacing and remodeling
of hypertrophic burn scars: the results of a large, prospective, before-after cohort
study, with long-term follow-up. Ann Surg. 2014 Sep; 260(3):519-29.
26. O’Brien L, Jones DJ. Silicone gel sheeting for preventing and treating hypertrophic
and keloid scars. Cochrane Database Syst Rev. 2013 Sep;1(9):CD003826. DOI: https://doi.org/10.1002/14651858.CD003826.pub3
27. Fernandes WS, Ferreira RCA. Queloide: uma revisão dos tratamentos atualmente disponíveis.
R Bras Ci Saúde. 2014;18(2):181-186. DOI: https://doi.org/10.4034/RBCS.2014.18.02.14
28. Puri N, Talwar A. The efficacy of silicone gel for the treatment of hypertrophic scars
and keloids. Journal of Cutaneous and Aesthetic Surgery. 2009 Jul/Dec;2(2):104-6.
DOI: https://doi.org/10.4103/0974-2077.58527
29. Lee SY, Park J. Postoperative electron beam radiotherapy for keloids: treatment outcome
and factors associated with occurrence and recurrence. Ann Dermatol. 2015 Feb;27(1):53-58.
DOI: https://doi.org/10.5021/ad.2015.27.1.53
30. Oliveira Júnior B, Schellini SA, Lastória JC, Carvalho LR, Stolf HO, Oliveira ALPD.
Tratamento de queloides usando radioterapia pósoperatória com elétrons: estudo comparativo
e randomizado com dois esquemas. Surg Cosmet Dermatol. 2013;5(1):16-26.
31. Ogawa R, Huang C, Akaishi S, Dohi T, Sugimoto A, Kuribayashi S, et al. Analysis of
surgical treatments for earlobe keloids: analysis of 174 lesions in 145 patients.
Plast Reconstr Surg. 2013 Nov;132(5):818e-825e. PMID: 24165633 DOI: https://doi.org/10.1097/PRS.0b013e3182a4c35e
32. Renz P, Hasan S, Gresswell S, Hajjar RT, Trombetta M, Fontanesi J. dose effect in
adjuvant radiotherapy for the treatment of resected keloids. Int J Radiat Oncol Biol
Phys. 2018 Sep;102(1):149-154. PMID: 29970316 DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijrobp.2018.05.027
33. Monstrey S, Middelkoop E, Vranckx JJ, Bassetto F, Ziegler UE, Meaume S, et al. Updated
scar management practical guidelines: non-invasive and invasive measures. J Plast
Reconstr Aesthet Surg. 2014 Aug;67(8):1017-25. DOI: https://doi.org/10.1016/j.bjps.2014.04.011
34. Quintero-Larrovere M, Soto-Montenegro AE, Lozada-Urbani JA. Uso de imanes en el tratamiento
de queloides auriculares. Cir Plást Iberolatinoam. Madrid. 2017 Abr/Jun;43(2):163-174.
35. Anzarut A, Olson J, Singh P, Rowe BH, Tredget EE. The effectiveness of pressure garment
therapy for the prevention of abnormal scarring after burn injury: a meta-analysis.
J Plast Reconstr Aesthet Surg. 2009 Jan;62(1):77-84. PMID: 18249046 DOI: https://doi.org/10.1016/j.bjps.2007.10.052
36. Cammarota MC, Moura LG, Ribeiro Junior ISMAR, Lima RQD, Almeida CMD, Daher L, Daher
JC. Comparação de resultado estético em cicatrizes com uso de fios cirúrgicos e Prineo®.
Rev Bras Cir Plást. 2017;32(1):101-108.
37. Lipsett S. Minor wound repair with tissue adhesives (cyanoacrylates). Wolfson AB,
Wiley JF, editors. Post TW. Waltham, MA: UpToDate; 2019; [acesso em 2019 fev 16].
Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/minor-wound-repair-with-tissue-adhesives-cyanoacrylates
1. Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Medicina, Ouro Preto, MG, Brasil.
Autor correspondente: Pedro Martins Corrêa Rua Darcy Vargas, 40, Apto 102, Nova Suiça, Belo Horizonte, MG, Brasil. CEP: 30421-093.
E-mail: pedromc1987@gmail.com
Artigo submetido: 19/12/2018.
Artigo aceito: 21/4/2019.
Conflitos de interesse: não há.