INTRODUÇÃO
Durante muitos anos, as reconstruções de mama eram realizadas de forma tardia, pois
se acreditava que o processo de reparação imediata da mama poderia atrasar o início
do tratamento adjuvante ou impedir o diagnóstico de uma futura recidiva. Associado
a isso, existia uma grande preocupação no quesito de que este tratamento adjuvante
poderia aumentar a incidência de complicações pós-operatórias, inclusive levando à
perda da reconstrução. Entretanto, ao longo dos últimos anos, os benefícios das reconstruções
imediatas se tornaram cada vez mais claros e documentados na literatura1,2,3.
Hoje, salvo em exceções, o predomínio é pelas reconstruções imediatas. Existem várias
técnicas cirúrgicas para reconstrução da mama. Dentre elas, sabe-se que as reconstruções
com tecidos autólogos, apesar de serem considerados como tratamento padrão a longo
prazo4,5, muitas vezes não são possíveis de serem realizadas, seja pelas contraindicações
clássicas das técnicas, pela não aceitação da morbidade da área doadora pelas pacientes,
pelo tempo de recuperação mais prolongado ou comorbidades das pacientes (doença pulmonar
obstrutiva crônica [DPOC], obesidade mórbida, entre outros). Assistimos hoje a uma
mudança no perfil das pacientes: o diagnóstico de câncer é feito cada vez mais precocemente,
em mulheres mais jovens, que não tiveram filhos e com uma expectativa de vida mais
prolongada. As reconstruções mais simples, de recuperação mais rápida, ganharam rapidamente
aceitação entre essas mulheres jovens, assim como o fato do resultado mimetizar uma
colocação de prótese de caráter estético. Dessa forma, começamos a poupar os retalhos
mais elaborados para reabordagens futuras, se necessário.
As reconstruções com próteses podem ser realizadas de forma imediata, com colocação
da prótese logo após a mastectomia ou em dois tempos cirúrgicos, com uso de expansores
teciduais de mama e posterior troca por uma prótese.
A reconstrução em dois tempos consiste na colocação de um expansor de tecido logo
após a mastectomia. A expansão é realizada até que o volume ideal para um novo procedimento
cirúrgico seja atingido. Num segundo momento, é feita a retirada do expansor e colocada
uma prótese simultaneamente aos procedimentos para simetrização da mama remanescente,
como: mastopexia, mamoplastia redutora ou até mesmo colocação de prótese para aumento.
O intervalo de tempo entre essas cirurgias é variável, podendo ser de 3 meses até
mais de 1 ano a depender dos tratamentos adjuvantes de radioterapia, quimioterapia
e da disponibilidade da paciente.
Quando possível, a utilização da prótese já na primeira cirurgia proporciona algumas
vantagens, como maior facilidade em usar “tecidos virgens” de tratamento, menor quantidade
de retornos pós-operatórios, menor tempo de convalescência e maior rapidez na recuperação
da imagem corporal.
A maior indicação das mastectomias poupadoras do complexo aréolo-papilar (CAP) tem
criado uma grande oportunidade para as reconstruções imediatas diretas com prótese.
Somando-se a esse fato, observa-se o aumento crescente das mastectomias redutoras
de risco, que sejam por indicação formal, screening para mutações no gene BRCA ou por vontade da própria paciente. E, justamente essas
mastectomias profiláticas poupadoras de CAP, são extremamente atrativas para esse
tipo de reconstrução, já que a simetria é mais fácil de ser alcançada.
A principal dificuldade da reconstrução com colocação de prótese imediata reside na
limitação de se obter uma cobertura tecidual adequada, a qual pode levar à exposição
do implante, várias reoperações e um resultado estético inadequado. Todavia, com a
evolução das técnicas de mastectomia, com preservação de pele, do músculo peitoral
e tecido subcutâneo, todo esse conjunto tem facilitado e melhorado os resultados dessas
reconstruções.
OBJETIVO
Comparar os resultados das reconstruções de mama com colocação direta de prótese de
mama, as reconstruções em dois tempos expansor-prótese e suas vantagens e desvantagens.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo retrospectivo, englobando os períodos de 1º de janeiro de 2013
a 31 de dezembro de 2014. Tal estudo seguiu as normas da declaração de Helsinki e
as pacientes assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram incluídas
todas as pacientes das clínicas particulares dos dois autores principais (Brasília-DF),
submetidas à mastectomia total seguida de reconstrução de mama imediata com uso de
prótese ou com uso de expansor temporário. E foram assim separadas em dois grupos:
um grupo submetido à reconstrução com colocação direta de prótese e, um outro grupo,
submetido a colocação do expansor com substituição por prótese na segunda etapa da
reconstrução.
Foram excluídas as pacientes que fizeram reconstruções com expansores permanentes,
retalhos locais, tecidos autólogos (retalho miocutâneo do reto abdominal [TRAM] ou
retalho do músculo grande dorsal [RGD]) e as reconstruções de resgate, assim como
àquelas cuja mastectomia foi parcial.
Técnica cirúrgica
A técnica cirúrgica utilizada nos dois grupos foi a mesma. Em todos os casos, após
a mastectomia, era feita uma revisão criteriosa da hemostasia e, logo após, confeccionada
uma loja submuscular com o músculo peitoral maior, em conjunto com a bainha anterior
do músculo reto abdominal e músculo serrátil anterior para colocação do implante.
Após o implante ser posicionado, o fechamento da loja muscular era feito com Vicryl
0, de forma a deixar os implantes totalmente cobertos. Todos as pacientes utilizaram
drenos de sucção até débito menor que 50ml em 24 horas. As pacientes que fizeram reconstrução
com prótese imediata e que preservaram CAP não utilizaram sutiã pós-operatório, com
o intuito de evitar-se compressão do CAP que pudesse diminuir a vascularização. As
demais pacientes utilizaram sutiã a partir do 1o dia de pós-operatório (DPO). Nas reconstruções com expansor, a expansão era iniciada
no próprio transoperatório - se as condições do músculo peitoral e/ou retalho permitissem.
Os demais casos iniciaram com 2 a 3 semanas de pós-operatório.
Dados coletados
Diversos dados foram coletados. Dados demográficos como idade, IMC, comorbidades,
tipo de tumor e tipo de mastectomia foram utilizados para avaliar os grupos.
As complicações analisadas foram: hematoma, seroma, infecção menor (definida como
os casos de hiperemia onde o paciente utilizou antibiótico e houve regressão do quadro),
infecção maior (infecção que levou a perda do implante), contratura capsular e necrose
(de retalho e/ou CAP). Dados como retorno pós-operatório e número de cirurgias também
foram avaliados.
Análise estatística
O teste de Shapiro-Wilk foi usado para avaliar a normalidade da distribuição das variáveis.
Variáveis contínuas com distribuição normal foram analisadas pelo teste t de Student
para amostras independentes, e apresentados como média + desvio padrão (SD). As variáveis contínuas que não apresentaram distribuição normal
foram analisadas pelo teste de Mann-Whitney, e apresentadas como mediana e intervalo
interquartílico. As variáveis categorias foram analisadas pelo teste do qui-quadrado
(X2) ou exato de Fisher, conforme apropriado, e foram apresentadas como números absolutos
e percentagem. Os valores p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
RESULTADOS
Durante esses dois anos de estudo, dentre as pacientes levantadas, 102 pacientes foram
selecionadas dentro dos critérios estabelecidos, totalizando 138 reconstruções imediatas
com prótese e/ou expansor-prótese. Foram realizadas 57 reconstruções com uso imediato
de prótese e 81 realizaram a técnica do uso de expansor-prótese. A idade média foi
de 50,63 anos para o grupo de reconstrução imediata de prótese e 47,64 anos para o
grupo expansor-prótese (p=0,188). Pacientes que foram submetidas à reconstrução imediata
com prótese tiveram menores taxas de IMC (23,4 vs 25,51; p=0,006). Para todas as outras variáveis os grupos foram comparáveis. Os dados
demográficos podem ser avaliados na Tabela 1.
Tabela 1 - Comparação dos grupos de reconstrução imediata com prótese e expansor
|
Reconstrução. Prótese
|
Expansor |
p |
Número de pacientes (n) |
41 |
61 |
|
Lateralidade (n) |
Unilateral |
25 |
41 |
|
Bilateral |
16 |
20 |
0,331 |
Idade (média± SD) |
50,63 ±13 |
47,64 ±9,8 |
0,188 |
IMC (média± SD) |
23,4 ±3,06 |
25,51 ±3,84 |
0,006* |
Comorbidades |
|
|
|
Hipertensão (%) |
13 (31,70% |
12 (19,67%) |
0,125 |
Diabetes (%) |
3 (7,3%) |
5 (8,19%) |
0,592 |
Tabagista (%) |
4 (9,75%) |
5 (8,19%) |
0,525 |
Ex-tabagista (%) |
4 (9,75%) |
6 (9,83%) |
0,633 |
Hipotireoidismo (%) |
6 (14,63%) |
9 (14,75%) |
0,610 |
Dislipidemia (%) |
3 (7,31%) |
5 (8,19%) |
0,475 |
DPOC (%) |
2 (4,87%) |
0 |
0,159 |
TVP (%) |
1 (2,43%) |
1 (1,63%) |
0,598 |
Quimioterapia neoadjuvante (%) |
4 (12,19%) |
11 (18,03%) |
0,193 |
Poupadora de CAP (%) |
20 (48,78%) |
19 (31,14%) |
0,056 |
Histopatológico |
|
|
|
Ausência de CA (%) |
2 (4,87%) |
0 |
|
CDI (%) |
27 (65,85%) |
34 (55,73%) |
|
CDIS (%) |
10 (24,39%) |
13 (21,31%) |
|
CLI (%) |
0 |
3 (4,91%) |
0,331 |
CLIS (%) |
0 |
1 (1,63%) |
|
Lobular (%) |
1 (2,43%) |
5 (8,19%) |
|
Não descrito (%) |
1 (2,43%) |
6 (9,83%) |
|
Tabela 1 - Comparação dos grupos de reconstrução imediata com prótese e expansor
Diversas variáveis foram avaliadas nas complicações pós-operatórias. As taxas de infecções
menores, infecções maiores, hematoma, seroma, contratura e necrose não mostraram diferença
entre os grupos. Os dados sobre as complicações pós-operatórias podem ser visualizados
na Tabela 2.
Tabela 2 - Comparação entre as complicações por grupo
Técnica de reconstrução |
|
Reconstrução prótese (n=57) |
Expansor (n=81) |
p |
Complicações |
Hematoma (%) |
2 (3,5%) |
1 (1,23%) |
0,367 |
Seroma (%) |
11 (19,29%) |
16 (19,75%) |
0,947 |
Infecção menor (%) |
6 (10,52%%) |
11 (13,58%) |
0,591 |
Infecção maior (%) |
3 (5,26%) |
3 (3,7%) |
0,658 |
Necroses (%) |
7 (12,28%) |
8 (9,87%) |
0,655 |
Contratura (%) |
4 (7%) |
5 (6,17%) |
0,843 |
Tabela 2 - Comparação entre as complicações por grupo
As complicações pós-operatórias também foram avaliadas em função da exposição a radioterapia
(RTX), englobando os dois tipos de reconstrução. Na análise individual, por tipo de
reconstrução de mama, a radioterapia não teve influência nas complicações do tipo
contratura capsular. Estes dados podem ser avaliados nas Tabelas 3 e 4.
Tabela 3 - Complicações em reconstruções com prótese em função da radioterapia
Complicações |
RTX (n=12) |
S/RTX (n=45) |
p |
|
Contratura (%) |
2 (16,66%) |
2 (4,4%) |
0,141 |
Tabela 3 - Complicações em reconstruções com prótese em função da radioterapia
Tabela 4 - Complicações em reconstruções com expansor em função da radioterapia
Complicações |
|
RTX (n=29) |
S/RTX (n=52) |
p |
|
Contratura (%) |
3 (10,3%) |
2 (3,84%) |
0,244a |
Tabela 4 - Complicações em reconstruções com expansor em função da radioterapia
A Tabela 5 mostra o número de reconstruções de mama finalizadas utilizando cada uma das técnicas
e o número de cirurgias necessárias para atingir tal desfecho. Pode-se observar que
pacientes que fizeram reconstrução imediata com prótese realizaram menos cirurgias
para finalizar a reconstrução, em comparação com expansor-prótese (1,78 ± 0,55 vs 2,54 ± 0,72; p<001).
Tabela 5 - Número de cirurgias para finalizar a reconstrução de mama
|
Reconstrução com prótese |
Exzpansor |
p |
Número de cirurgias realizadas (média± SD) |
1,78 +- 0,55 |
2,54 +- 0,72 |
<0,001* |
Tabela 5 - Número de cirurgias para finalizar a reconstrução de mama
O volume médio das próteses utilizadas na reconstrução imediata com prótese foi de
357,92ml.
Na Tabela 6, observa-se o número de retornos pós-operatórios realizados por ambas as técnicas
de reconstrução. As pacientes que fizeram reconstrução imediata com prótese tiveram
menos retornos pós-operatórios em comparação com o expansor-prótese (8 ± 3,26 vs 11,75 ± 4,7; p<0,001).
Tabela 6 - Número de retornos por tipo de reconstrução
|
Reconstrução com prótese |
Expansor |
p |
Retornos (média± SD) |
8 +- 3,26 |
11,75 +- 4,7 |
< 0,001* |
Tabela 6 - Número de retornos por tipo de reconstrução
As Figuras 1 a 5 mostram casos de reconstruções de mama imediatas. As Figuras 1, 2 e 3 são casos de reconstrução mamária com prótese; e as Figuras 4 e 5 são casos de reconstrução com expansor.
Figura 1. - Reconstrução imediata com expansor. Fotos do pré e pós-operatório de paciente submetida
a mastectomia com reconstrução com expansor e posterior troca por prótese.
Figura 1. - Reconstrução imediata com expansor. Fotos do pré e pós-operatório de paciente submetida
a mastectomia com reconstrução com expansor e posterior troca por prótese.
Figura 2. - Reconstrução imediata com prótese. Paciente submetida a reconstrução imediata com
prótese. Fileira A: pré-operatório; Fileira B: Pós-reconstrução imediata; Fileira C: Pós-simetrização.
Figura 2. - Reconstrução imediata com prótese. Paciente submetida a reconstrução imediata com
prótese. Fileira A: pré-operatório; Fileira B: Pós-reconstrução imediata; Fileira C: Pós-simetrização.
Figura 3. - Reconstrução imediata com prótese. Fileira A: Pré-operatório; Fileira B: Pós primeiro tempo; Fileira C: Pós-simetrização.
Figura 3. - Reconstrução imediata com prótese. Fileira A: Pré-operatório; Fileira B: Pós primeiro tempo; Fileira C: Pós-simetrização.
Figura 4. - Reconstrução imediata com expansor-prótese. Sequência de 1, 2 e 3 tempos de reconstrução
com expansor.
Figura 4. - Reconstrução imediata com expansor-prótese. Sequência de 1, 2 e 3 tempos de reconstrução
com expansor.
Figura 5. - Reconstrução imediata com expansor-prótese. Sequência de fotos de pré e pós-operatório
após colocação de expansor e, finalmente, o terceiro tempo com troca do expansor e
confecção do complexo argolo-papilar e simetrização.
Figura 5. - Reconstrução imediata com expansor-prótese. Sequência de fotos de pré e pós-operatório
após colocação de expansor e, finalmente, o terceiro tempo com troca do expansor e
confecção do complexo argolo-papilar e simetrização.
DISCUSSÃO
O câncer de mama continua sendo um grande problema de saúde pública no mundo, com
mais de 1,5 milhão de casos novos somente no ano de 20126. O gasto anual nos EUA foi de aproximadamente 14 bilhões de dólares no ano de 2006,
com um acréscimo de 12 bilhões devido à perda de produtividade em decorrência desta
patologia7. A reconstrução de mama permanece com uma etapa vital no processo de tratamento dessas
pacientes, pois há uma restauração da imagem corporal e, consequentemente, melhora
da satisfação pessoal e psicológica, conforme diversos estudos já publicados na literatura8,9,10,11.
Diversas técnicas de reconstrução de mama existem e tem evoluído ao longo dos últimos
anos com o objetivo de realizar reconstruções mais naturais, com maior satisfação
global da paciente e com o menor número de cirurgias possível.
As reconstruções com prótese têm se tornado cada mais comuns em todo o mundo12. Nos EUA o seu uso tem sido cada vez mais indicado, principalmente após o advento
das matrizes dérmicas12,13. Com a maior evolução das técnicas de mastectomias, as quais permitem uma maior preservação
de pele, através de mastectomias poupadoras de pele ou até mesmo das mastectomias
poupadoras do complexo aréolo-papilar (CAP), a colocação imediata de prótese após
uma mastectomia tem se tornado possível e cada vez mais aceita pelas pacientes, principalmente
àquelas que não desejam realizar vários tempos cirúrgicos ou que não desejam passar
pelo processo de expansão pós-operatório. Todavia, há diversos riscos associados a
esta técnica dado a sua total dependência da qualidade dos retalhos das mastectomias
e sua dificuldade em ajustar volume.
No presente estudo foram avaliadas pacientes que foram submetidas à reconstrução imediata
com prótese e reconstrução em dois tempos com uso de expansor e prótese. Os grupos
foram comparáveis à exceção do Índice de Massa Corpórea (IMC), o qual foi maior no
grupo do expansor-prótese. Entretanto, essa diferença, apesar de significativa (p=0,006),
quando avaliada pela classificação do IMC mostra pequena diferença entre grupos. A
classificação do IMC considera as pacientes com IMC entre 18,5 e 24,9 como eutróficos
(peso normal) e entre 25 e 29,9 com sobrepeso. As pacientes do grupo expansor-prótese
tiveram IMC de 25,51 kg/m2, bem próximo do grupo eutrófico (peso normal).
Ao avaliar somente as complicações pós-operatórias, não foram observadas diferenças
estatisticamente significativas entre os dois grupos, mostrando que ambas as técnicas
são extremamente seguras e comparáveis, quando feitas com boa seleção de pacientes
e com julgamento clínico. Esses dados estão de acordo com a literatura conforme diversos
trabalhos publicados7,14.
Alguns estudos na literatura têm mostrado que a reconstrução com expansor-prótese
traz alguns benefícios em relação a reconstrução com prótese6,14, principalmente na possibilidade de ajuste do volume das mamas com colocação de próteses
maiores e na correção de pequenas imperfeições no segundo tempo, como ajuste da loja
do implante e do sulco mamário. Entretanto, isto não foi observado no presente estudo.
Neste estudo, o volume médio das próteses colocadas nas reconstruções imediatas variou
entre 225cc a 495cc, com média de 357,92cc. Além disso, foram avaliados a quantidade
de cirurgias necessárias para se finalizar a reconstrução. Neste quesito, as pacientes
submetidas a reconstrução imediata com prótese tiveram um menor número de cirurgias
em relação ao grupo expansor-prótese (1,78 vs 2,54; p=<0,001). Associado a isto, foi observado também que houve um menor número
de retornos pós-operatórios no grupo de reconstrução imediata com prótese em relação
ao grupo expansor-prótese (8 vs 11,75; p<0,001).
Esses resultados levam a várias implicações. A primeira delas é que, quando bem indicada,
a reconstrução imediata com prótese pode levar a finalização da reconstrução em um
único tempo, com menor quantidade de retornos pós-operatórios, menor quantidade de
cirurgias e, por conseguinte, menor stress à paciente e retorno as atividades diárias
mais precocemente, entre outras implicações. Além disso, mesmo em casos onde há a
necessidade de um novo tempo cirúrgico, esse novo procedimento geralmente é menor,
mais rápido e não influencia na satisfação global da paciente com a satisfação pessoal,
conforme observado em estudo de Susarla et al, em 201514.
Portanto, vale ressaltar que tanto reconstruções imediatas com prótese, quanto reconstruções
com expansor-prótese são viáveis, seguras, com indicações precisas e devem fazer parte
do arsenal do cirurgião plástico a ser oferecido as pacientes nas reconstruções de
mama.
Um detalhe importante nas reconstruções imediatas com prótese, é frisar as pacientes
que não é uma técnica que definitivamente leva a finalização de todo o processo de
reconstrução em um único tempo, mas que pode ser que isso ocorra. Além disso, por
ser uma técnica que depende de vários fatores já citados (qualidade da mastectomia
e viabilidade do músculo peitoral, e que somente são possíveis de avaliação no intraoperatório),
pode ser que não seja possível a sua utilização, tendo que se optar por um expansor.
Algumas limitações do nosso estudo estão relacionadas ao critério retrospectivo do
estudo. Além disso, os custos, apesar de não serem o objetivo do estudo em questão,
são importantes fatores a serem avaliados nos estudos futuros.
CONCLUSÃO
As reconstruções imediatas com prótese ou com expansor-prótese apresentam baixas e
semelhantes taxas de complicações pós-operatórias. Pacientes submetidas as reconstruções
imediatas com prótese apresentam menor quantidade de cirurgias para se atingir o final
da reconstrução, assim como uma menor quantidade de retornos pós-operatórios.
COLABORAÇÕES
MCC
|
Análise e/ou interpretação dos dados, Aprovação final do manuscrito, Coleta de Dados,
Concepção e desenho do estudo, Gerenciamento do Projeto, Metodologia, Realização das
operações e/ou experimentos, Redação - Revisão e Edição
|
AB
|
Aprovação final do manuscrito, Realização das operações e/ou experimentos, Redação
- Revisão e Edição
|
RQL
|
Análise e/ou interpretação dos dados, Análise estatística, Aprovação final do manuscrito,
Coleta de Dados, Conceitualização, Concepção e desenho do estudo, Gerenciamento do
Projeto, Investigação, Metodologia, Realização das operações e/ou experimentos, Redação
- Preparação do original, Redação - Revisão e Edição, Supervisão, Visualização
|
CMA
|
Realização das operações e/ou experimentos, Redação - Preparação do original, Redação
- Revisão e Edição
|
FTM
|
Análise estatística
|
IRJ
|
Realização das operações e/ou experimentos, Redação - Revisão e Edição
|
LGM
|
Realização das operações e/ou experimentos, Redação - Revisão e Edição
|
JCD
|
Redação - Revisão e Edição
|
REFERÊNCIAS
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1. Hospital Daher Lago Sul, Brasília, DF, Brasil.
Autor correspondente: Marcela Caetano Cammarota SMH/N, Quadra 2, Bloco C, Edifício Dr. Crispim, Sala 1315, Asa Norte, Brasília, DF,
Brasil. CEP: 70710-149. E-mail: marcelacammarota@yahoo.com.br
Artigo submetido: 17/02/2019.
Artigo aceito: 18/04/2019.
Conflitos de interesse: não há.