INTRODUÇÃO
A mastoplastia redutora é, ainda, um procedimento que desafia o cirurgião plástico
em
sua execução, apesar de haver muitas técnicas descritas na literatura1-5 com esta finalidade. Os citados métodos têm fundamentos empíricos, e
em sua grande maioria, são baseados no feeling do cirurgião.
Existem diversas formas de se realizar as marcações cutâneas, de ressecar o tecido
mamário e de se incisar e excisar a pele, sendo que todas têm suas vantagens e
desvantagens; algumas são aplicáveis somente em mamas pequenas ou com
características próprias, mas nenhuma dessas técnicas possuem fundamentos aplicáveis
a todos os procedimentos de reparo das alterações na morfologia mamária, causados
por diversos agentes etiológicos.
A evolução das técnicas cirúrgicas para redução das mamas teve seu início com Paulus
Aegenita, que descreveu de maneira detalhada, no século VII, o que se acredita ser
a
primeira correção cirúrgica de ginecomastia. Na década de 1920 tem início a
descrição de procedimentos mais confiáveis, a partir do trabalho de Thorek, Aubert
e
Passot. Na década de 1930, outros avanços técnicos foram obtidos por Schwartzmann
e
De Biesenberger. O primeiro ainda hoje tem seus ensinamentos utilizados.
A era das mastoplastias modernas tem início na década de 1960 com os trabalhos de
Strombeck e Pitanguy, que publicam sua técnica baseados nos escritos de Lexer
(1912), Kraske (1923) e Arié (1957). Não poderíamos deixar de citar ainda Skoog
(1963), com seu pedículo dérmico lateral, e Mackissok (1972), com sua popular aréola
bipediculada em retalhos dérmicos6.
A técnica cirúrgica conhecida como Marcação Única (MU) foi desenvolvida por
Pessoa7, a partir do ano de 1989, no Serviço de
Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital Universitário Walter
Cantídio (HUWC) da Universidade Federal do Ceará (UFC). A técnica foi apresentada
no
concurso para outorga do prêmio Georges Arié, promovido pela Sociedade Brasileira
de
Cirurgia Plástica em 2009, quando obteve menção honrosa.
Esta técnica foi criada considerando-se a morfologia da mama, mundialmente
reconhecida e denominada como cone, e suas relações anatômicas com a parede
torácica. Portanto, o desenvolvimento desse método partiu do pressuposto que todos
ao operar uma mama, buscam deixá-la no formato de um cone, nas situações em que este
órgão sofreu agravos a sua integridade na forma, total ou parcial. A técnica
baseia-se em princípios anatômicos e geométricos, o que torna seus fundamentos
aplicáveis em todos os tipos de procedimentos, cujo objetivo seja manter, reparar
ou
reconstruir a mama, sendo seu emprego universal no tratamento dos diversos tipos de
mamas (pequena, média, grande, gigante).
No planejamento de aplicação desta técnica, determina-se o tamanho das mamas
utilizando-se o metro cúbico como a unidade padrão das medidas de volume pelo
Sistema Internacional de Unidades (SI). Um metro cúbico (1m³) corresponde a uma
capacidade de 1000 litros. Podemos, portanto, afirmar que uma mama é pequena ou
grande apenas pela observação e cálculo da relação entre o espaço que ela ocupa
sobre o tórax/abdômen.
Também foi utilizada a classificação de Lalardrie & Jouglard8. Estes autores definiram cinco categorias de tamanho mamário,
utilizando medidas de altura (base da mama) e a projeção frontal dela: 1. Volume
Ideal (250 - 300 cm3); 2. Hipertrofia moderada
(400 - 600 cm3); 3. Significativo (600 - 800
cm3); 4. Bastante significativo (800 -
1000 cm3).
Para viabilizar o uso do volume como medida adotada no artigo e definir o tamanho
das
mamas, foi utilizado no pré-operatório a Web Calculadora9.
No intraoperatório, para calcular o volume do produto da ressecção cirúrgica da mama,
foi utilizado o princípio de Arquimedes (Siracusa, Sicília 287 a.C)10,11.
O princípio diz que:
a. todo corpo submerso em um líquido desloca desse líquido uma quantidade
determinada, cujo volume é exatamente igual ao volume do corpo submerso.
b. um corpo submerso no líquido “perde” de seu peso uma quantidade igual ao peso
do volume de líquido igual ao volume submerso do corpo.
O emprego dos conceitos acima não está descrito na técnica original de Pessoa7, e foi devidamente demostrado como aplicá-los
no método deste trabalho. O exposto ainda permite a afirmação de que “todo cirurgião
ao operar este órgão com a finalidade de repará- lo ou reconstruí-lo, por qualquer
que seja o tipo de agravo sofrido, que comprometa a anatomia de forma total ou
parcial se obriga a buscar, manter ou reconstruir um Cone”.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é demonstrar a efetividade e os resultados obtidos em
pacientes portadoras de variados graus de hipertrofia e ptose mamária, submetidas
a
cirurgia utilizando-se a técnica de Marcação Única proposta por Pessoa7, durante o treinamento de novos cirurgiões
plásticos.
MÉTODOS
Estudo retrospectivo descritivo, baseado nos dados colhidos por meio da revisão dos
prontuários das pacientes do sexo feminino submetidas à mamoplastia redutora com
diagnóstico de ptose, hipertrofia, gigantomastia e/ou assimetria da mama.
Foram avaliadas 95 pacientes para efeito comparativo e observacional do pré e pós-
operatório. O estudo avaliou procedimentos realizados no período de janeiro de 2014
a maio de 2017 por residentes do primeiro, segundo e terceiro ano.
O presente artigo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição
(parecer 69467517.5.0000.5045).
As cirurgias foram precedidas de anamnese, exame físico, avaliações laboratoriais,
cardiológicas, rastreamento de afecções mamárias por ultrassonografia, além de
mamografia nas pacientes com idade maior de 35 anos.
Os critérios de inclusão das pacientes foram:
1. Ser maior do que 21 anos.
2. Ter volume mamário maior do 300cm3.
3. Ter como principais queixas pré-operatórias o desconforto físico, má postura,
dor na coluna e dor pré-menstrual.
4. Acompanhamento ambulatorial de um ano pós-cirurgia.
5. Assinar termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os critérios de exclusão foram:
1. Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 28
2. Distúrbios psicológicos
3. Indicação de implante de prótese sem redução de pele e/ou aréola
Na avaliação dos resultados, foi considerada a opinião dos cirurgiões (residentes)
e
das pacientes.
Todas as pacientes foram acompanhadas no pós-operatório, em datas agendadas no
ambulatório do citado serviço por um período de 1 ano, ocasião em que os dados para
execução do presente artigo foram coletados.
Os dados foram: idade, grau de satisfação das pacientes, aspecto das cicatrizes,
volume de tecido mamário ressecado por cirurgia, tipo de cicatriz resultante e
complicações precoces e tardias.
No retorno anual pós cirurgia, as pacientes receberam questionário com tópicos que
estão no Quadro 1, referentes a qualidade do
resultado, volume final, forma e ptose das mamas, qualidade estética do complexo
areolopapilar (CAP), simetria, qualidade da cicatriz e grau de satisfação (muito
satisfeita, satisfeita, pouco satisfeita e insatisfeita).
Quadro 1 - Satisfação das pacientes com o procedimento.
1. Grau de satisfação com volume mamário |
a) Nota 0 b) Nota 1 c) Nota 2 |
2. Grau de satisfação com forma e grau de ptose |
a) Nota 0 b) Nota 1 c) Nota 2 |
3. Grau de satisfação com qualidade de CAP |
a) Nota 0 b) Nota 1 c) Nota 2 |
4. Grau de satisfação com simetria das mamas |
a) Nota 0 b) Nota 1 c) Nota 2 |
5. Grau de satisfação com qualidade de cicatriz |
a) Nota 0 b) Nota 1 c) Nota 2 |
Quadro 1 - Satisfação das pacientes com o procedimento.
Para viabilizar o cálculo do volume do cone para definir tamanho desejado da mama
no
pré-operatório, foi utilizada a Web Calculadora9 com as medidas obtidas do raio da base da mama e a projeção dela.
As Figuras 1 e 2 exemplificam como proceder para efetuar as medidas. A Figura 3 mostra exemplo da Web Calculadora para
volume do cone reto.
Figura 1 - Medidas para cálculo do volume das mamas (h) - altura ou projeção da
mama, a distância entre a linha média do tórax e o complexo
areolopapilar; (r) - raio da base da mama (na literatura inglesa
foot print), a metade do diâmetro, medida entre a
segunda e a sexta costela.
Figura 1 - Medidas para cálculo do volume das mamas (h) - altura ou projeção da
mama, a distância entre a linha média do tórax e o complexo
areolopapilar; (r) - raio da base da mama (na literatura inglesa
foot print), a metade do diâmetro, medida entre a
segunda e a sexta costela.
Figura 2 - Medidas para cálculo do volume das mamas (h) - altura ou projeção da
mama, a distância entre a linha média do tórax e o complexo
areolopapilar; (r) - raio da base da mama (na literatura inglesa
foot print), a metade do diâmetro, medida entre a
segunda e a sexta costela.
Figura 2 - Medidas para cálculo do volume das mamas (h) - altura ou projeção da
mama, a distância entre a linha média do tórax e o complexo
areolopapilar; (r) - raio da base da mama (na literatura inglesa
foot print), a metade do diâmetro, medida entre a
segunda e a sexta costela.
Figura 3 - Web Calculadora para volume do cone reto.
Figura 3 - Web Calculadora para volume do cone reto.
Para verificar o volume de mama retirado no intraoperatório, utiliza-se o princípio
de Arquimedes de Siracusa, Sicília, tendo o método de execução ilustrado com a Figura 4.
Figura 4 - Verificação de volume de mama retirado no intraoperatório com
utilização de princípio de Arquimedes.
Figura 4 - Verificação de volume de mama retirado no intraoperatório com
utilização de princípio de Arquimedes.
Para aplicar o princípio, foram utilizados dois recipientes de plásticos
descartáveis. Uma das embalagens foi preenchida com soro ou água destilada, no outro
recipiente com a mesma capacidade se deposita os produtos da ressecção e se completa
com o líquido contido na primeira embalagem. Desta forma, se obtém o volume das
ressecções, que será igual à sobra da água contida no primeiro recipiente.
Os critérios observacionais para se estabelecer os parâmetros qualitativos dos
resultados das mastoplastias realizadas foram:
Mama Ideal:
a. Cônica situada entre o 2º e o 6º espaço intercostal;
b. Volume Ideal 250 - 300cm3;
c. Aréolas com 4cm de diâmetro;
d. Distância entre o bordo superior da aréola para a fúrcula external ≤
19 a 23cm;
e. Distância da linha média ao bordo lateral da aréola de 9 a 11cm;
f. Simétricas;
g. CAP com mamilos evertidos, com sensibilidade preservada;
h. Manutenção do potencial para lactação;
i. Cicatrizes bem posicionadas dentro dos sulcos, e as que ficam sobre as mamas
pouco aparentes.
Neste trabalho foram avaliadas as respostas do residente ao questionário estruturado,
anônimo, incluindo variáveis referentes à aplicação da técnica cirúrgica de Marcação
Única proposta por Pessoa7, autoavaliação da
técnica e treinamento recebido. As respostas do questionário seguiram uma escala
ordinal ímpar de 1 a 3, com uma quarta opção negativa que não media a variável
(Quadro 2). Também foi avaliada a
satisfação dos residentes com os resultados finais do procedimento, mesmo
questionário utilizado para as pacientes (Quadro 1).
Quadro 2 - Questionário sobre dificuldade dos residentes durante o ato
cirúrgico
1. Marcação |
a) Media b) Pouca c) Nenhuma |
2. Acesso á glândula e escolha de pedículo |
a) Media b) Pouca c) Nenhuma |
3. Modelagem da mama |
a) Media b) Pouca c) Nenhuma |
4. Simetrização |
a) Media b) Pouca c) Nenhuma |
5. Fechamento da mama - Sutura |
a) Media b) Pouca c) Nenhuma |
Quadro 2 - Questionário sobre dificuldade dos residentes durante o ato
cirúrgico
A tabulação das variáveis e gráficos foi desenvolvida no programa Microsoft
Excel®.
Os dados estatísticos foram submetidos à análise pelo software EPIINFO
6.0®.
RESULTADOS
Os resultados encontrados quanto a idade das pacientes, variou entre 21 e 61 anos
(Gráfico 1).
Gráfico 1 - Variação da idade das pacientes submetidas a mastoplastias redutoras.
Gráfico 1 - Variação da idade das pacientes submetidas a mastoplastias redutoras.
As principais queixas pré-operatórias relatadas foram: desconforto físico (100%),
má
postura e dor na coluna (81%).
Em 93 (97,89%) pacientes foi realizado pedículo superior, e em 2 (2,11%) pedículo
inferior.
Os volumes resultantes foram calculados pela fórmula do cone mamário analisado no
início deste trabalho. Os resultados variaram entre 315cm3 e 690cm3.
Os tipos de cicatrizes resultantes foram: T (98,95%), L (1,05%). O tempo cirúrgico
médio foi de três horas.
As complicações, observadas foram divididas em:
a. Precoces: as que ocorreram até 30 dias após a realização do procedimento:
Epidermólise (11,58%), Deiscência de sutura (9,47%), necrose de complexo
areolopapilar CAP (1,05%) e infecções (0%) (Gráfico 2);
Gráfico 2 - Complicações precoces da mastoplastia redutora.
Gráfico 2 - Complicações precoces da mastoplastia redutora.
b. Tardias: ao longo do tempo em que foram acompanhadas: Assimetria importante,
com 1,05%, e recorrência da ptose ≤ tipo II de Renault, com 5,26%
casos. Não houve relato de outros tipos.
O Gráfico 3 demonstra o grau de satisfação das
pacientes com o procedimento, avaliado com a aplicação de três notas: dois, um e
zero, referentes a cinco aspectos: volume ressecado, forma e grau de ptose,
qualidade do CAP, simetria das mamas e qualidade da cicatriz.
Gráfico 3 - Grau de satisfação das pacientes com o procedimento quanto a volume
ressecado, forma e grau de ptose, qualidade do complexo areolopapilar,
simetria das mamas e qualidade da cicatriz.
Gráfico 3 - Grau de satisfação das pacientes com o procedimento quanto a volume
ressecado, forma e grau de ptose, qualidade do complexo areolopapilar,
simetria das mamas e qualidade da cicatriz.
Na análise do grau da satisfação das pacientes com o procedimento realizado 90,53%
declararam-se muito satisfeita, 5,26% satisfeita, 3,16% pouco satisfeita e 1,05%
insatisfeita (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Análise do grau de satisfação das pacientes com o procedimento.
Gráfico 4 - Análise do grau de satisfação das pacientes com o procedimento.
Em relação à resposta aos questionários com avaliação de dificuldade durante o ato
cirúrgico foram avaliados 9 residentes, 3 eram R1 (33,3%), 3 eram R2 (33,3%), 3 eram
R3 (33,3%), 6 do sexo masculino (66,7%) e 3 (33,3%) do sexo feminino.
11.11% apresentou dificuldade média em etapa de marcação cirúrgica (um R1), 33,33%
com pouca dificuldade (dois R1 e um R2) e 55,56% com nenhuma dificuldade de marcação
cirúrgica (dois R2 e três R3).
Na parte de acesso à glândula e escolha de pedículo, 44,44% relata pouca dificuldade
(três R1 e um R2) e 55,56% nenhuma dificuldade (dois R2 e três R3).
11,11% teve média dificuldade com a modelagem da mama (um R1), 33,33% pouca (dois
R1
e um R2) e 55,56% (dois R2 e três R3) nenhuma dificuldade.
Para simetrizar a mama, 44,44% teve média dificuldade (três R1 e um R2), pouca com
22,22% (dois R2) e 33,33% com nenhuma (três R3).
Quanto ao fechamento da mama, 44,44% teve pouca dificuldade (três R1 e um R2) e
55,56% (dois R2 e três R3) nenhuma dificuldade na sutura (Gráfico 5).
Gráfico 5 - Grau da dificuldade dos residentes R1, R2 e R3 para executar as
etapas do procedimento cirúrgico.
Gráfico 5 - Grau da dificuldade dos residentes R1, R2 e R3 para executar as
etapas do procedimento cirúrgico.
O grau de satisfação dos residentes com os resultados obtidos com o procedimento foi
avaliado com a aplicação de três notas: dois, um e zero, referentes a cinco
aspectos, e apresentado no Gráfico 6.
Gráfico 6 - Grau de satisfação dos residentes com o procedimento, quanto a volume
ressecado, forma e grau de ptose, qualidade do CAP, simetria das mamas e
qualidade da cicatriz
Gráfico 6 - Grau de satisfação dos residentes com o procedimento, quanto a volume
ressecado, forma e grau de ptose, qualidade do CAP, simetria das mamas e
qualidade da cicatriz
Como casos ilustrativos, seguem as Figuras 5 e
6.
Figura 5 - Os resultados da técnica de mamoplastia redutora com marcação única.
Figura 5 - Os resultados da técnica de mamoplastia redutora com marcação única.
Figura 6 - Os resultados da técnica de mamoplastia redutora com marcação única.
Figura 6 - Os resultados da técnica de mamoplastia redutora com marcação única.
DISCUSSÃO
A mastoplastia redutora é uma das cirurgias mais comuns na prática do cirurgião
plástico12. Para a escolha do
procedimento cirúrgico, uma das primeiras perguntas formuladas na mente do cirurgião
é como transpor com segurança o CAP, deixando o cone mamário compatível com os
desejos da paciente. O maior conhecimento da anatomia vascular obtido,
principalmente, após a década de 80, permitiu ao cirurgião plástico um planejamento
seguro para transposição da citada estrutura em 4 pedículos com prolongamentos
axiais, a saber: superior e inferior e laterais medial e lateral.
O domínio da técnica de Marcação Única habilita o cirurgião, dentro da indicação e
da
individualidade de cada paciente, a transpor o CAP com segurança, sendo esta uma das
grandes vantagens no emprego desse método.
O conceito da Marcação Única quebrou o paradigma que em cirurgia da mama não há
técnica universal, pois seus fundamentos se aplicam a todos os tipos de
procedimentos nas mamas, desde que seja destinado a manutenção, restauração e
reconstrução do cone mamário. A técnica respeita a individualidade de cada paciente
de forma matemática.
A definição de resultado ideal pode ser facilmente modificada, bastando para isso
no
planejamento se definir se o cone resultante será: mantido, reduzido ou aumentado
com ressecção de pele ou de tecidos componentes da mama ou por inclusão de prótese
de silicone.
Outro ponto importante é a possibilidade de não se fazer ressecções cutâneas prévias,
desnecessárias antes de ser definido o cone planejado. Esta caraterística técnica
pode definir o tipo de cicatriz resultante: Circunferencial, Raquete, em “L”, em “T”
ou Âncora. A literatura é pródiga na descrição de como formar cones com resultados
cicatriciais diversos.
A chance do emprego de conceitos matemáticos faz com que os resultados sejam
perfeitamente previsíveis, especialmente se associada a uma modelagem da glândula
e
pele, feita em tempos distintos. Esta prática evita erros, como as retiradas em
excesso de glândula e pele, que são caminhos sem volta.
Cada paciente é operado de forma individualizada.
As cicatrizes desnecessárias são evitadas e o planejamento do involucro cutâneo
previne assimetrias.
Outro ponto importante é o uso de infiltração de solução com anestésico e adrenalina,
ajudando a reduzir o sangramento, espoliando menos a paciente e diminuindo o tempo
cirúrgico, sem aumento da incidência de sangramentos ou hematomas e propiciando um
pós- operatório confortável, com menor risco de infecção.
A técnica não faz ressecções sob o CAP que deve estar, preferencialmente, sobre 10cm
de tecido mamário.
Neste estudo, necrose do CAP está descrita na literatura com a frequência de até 85-
90%13-15 para cirurgias feitas em gigantomastias (hipertrofias
bastante significativas). No presente estudo a viabilidade do complexo areolopapilar
foi de 98,95%.
Foi observado alto grau de satisfação pelas pacientes (90,53%), com resultados entre
bons e ótimos, equiparáveis aos de Ronconi et al.16, Cho et al.17 e de Rohrich et
al.18, que operam com técnicas
consagradas na comunidade nacional e mundial da Cirurgia Plástica.
O estudo que descreve as opiniões dos residentes da Cirurgia Plástica sobre o ensino
e o autoaprendizado da técnica cirúrgica foi altamente favorável e com curva rápida
de aprendizado.
Apesar dos residentes terem declarado estarem muito ou mais ou menos satisfeitos com
o resultado dos procedimentos realizados, todos apontaram vários aspectos em que
desejam avanços e melhorias no tocante ao ensino/aprendizado cirúrgico da mama. O
achado deixa clara a importância de avaliações serem feitas sem identificação do
avaliando, para que se evite resultados não fidedignos.
As observações acima não foram vistas no grupo de R3 avaliados.
A técnica de Marcação Única de Pessoa é recente, de forma que o seu uso por um maior
número de cirurgiões, sem dúvida, trará uma constante evolução e melhoria nos
resultados, com aperfeiçoamentos da sua descrição e emprego.
CONCLUSÃO
Neste trabalho, o emprego da técnica cirúrgica Marcação Única, proposta por
Pessoa7 mostrou ser extremamente
efetiva.
Foi verificado um alto grau de satisfação tanto da parte das pacientes operadas como
junto aos residentes, e bons e ótimos resultados, com forma e cicatrizes bem
posicionadas e minimizadas.
Os resultados apresentados confirmam também sua efetividade no treinamento de
residentes, mostrando ser um método de aprendizado fácil, seguro e previsível.
COLABORAÇÕES
SGPP
|
Análise e/ou interpretação dos dados, análise estatística, coleta de
dados, metodologia, visualização.
|
AM
|
Análise e/ou interpretação dos dados, aprovação final do manuscrito,
coleta de dados, concepção e desenho do estudo, gerenciamento do
projeto, metodologia, redação - preparação do original.
|
JADL
|
Aprovação final do manuscrito, concepção e desenho do estudo,
gerenciamento do projeto, supervisão.
|
REFERÊNCIAS
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Sérvia.
Autor correspondente: Salustiano Gomes de Pinho
Pessoa, Avenida Parnamirim,1001 - Cs 05, Centro, Eusebio, CE, Brasil.
CEP 61760-000. E-mail: salustianogpessoa@gmail.com
Autor correspondente: Aleksandra Markovic, Avenida
Beira Mar, 4260, Praia de Mucuripe, Fortaleza ,CE, Brasil. CEP 60165-121.
E-mail: 19quepasa19@gmail.com
Artigo submetido: 05/07/2018.
Artigo aceito: 21/04/2019.
Conflitos de interesse: não há.