INTRODUÇÃO
A inclusão de implante mamário tem sido cada vez mais frequente em mastopexias,
existindo uma grande variedade de técnicas descritas para posicionamento do implante
e a modelagem das mamas abordando a flacidez e a ptose mamária.
A análise pré-operatória correta e a escolha da melhor técnica na mastopexia de
aumento são determinantes para bons resultados, não existindo uma técnica universal
para tratamento de todos os tipos de mamas.
Em 1960, Gonzales-Ulloa1 mencinou pela primeira
vez o uso de material aloplástico associado à mastopexia. Em 1969, Goulian &
Conway2 recomendaram a inclusão de
implante de silicone em segundo tempo após realização de mastopexia para os casos
de
hipomastia associada à ptose. A colocação do implante em posição submuscular foi
inicialmente descrita por Dempsey & Latham, em 19683.
A associação de mastopexia e inclusão de implante mamário apresenta alto índice de
insatisfação de resultados, com necessidade de reintervenções, entretanto, muitos
autores defendem que ainda é melhor do que submeter a paciente a dois tempos
cirúrgicos: mastopexia e em segundo tempo a inclusão do implante4,5.
Dentre as complicações que podem comprometer a associação de mastopexia e implantes,
a contratura capsular é a mais frequente6,7,8, podendo surgir em poucos meses até um longo
período após a cirurgia, tornando a mama dura, dolorida e deformada (tríade DDD) em
graus variáveis. A causa da contratura capsular é multifatorial9,10,
relacionada à reação inflamatória aumentada por fatores como infecções subclínicas
e
fatores irritantes, com proliferação celular aumentada associada à presença de
miofibroblastos.
De acordo com Camirand et al.11, a contração
muscular sobre o implante exerce fator protetor na formação da contratura capsular.
Além dos planos submusculares (total, parcial com desinserção muscular em graus
variáveis, submuscular parcial com divulsão e confecção de um bolso que pode ser
superomedial ou inferolateral), o implante mamário pode ser colocado em plano
supramuscular (subglandular ou subfascial).
Entre a fascia peitoralis e a cápsula mamária (ligamento de Giraldés
ou suspensor da mama e seus prolongamentos, ligamento de Cooper) existe uma camada
de gordura areolar frouxa retromamária denominada lâmina de Chassaignac,
constituindo um plano de fácil descolamento por ser relativamente avascular e pouco
resistente12. A frouxidão da lâmina de
Chassaignac pode ser a responsável pela perda de sustentação da mama ao promover seu
deslizamento em relação ao tórax13.
Visando obter resultados mais harmônicos e duradouros nas mastopexias de aumento,
desenvolvemos uma manobra adaptável, reprodutível e versátil de cobertura do
implante com o músculo peitoral maior, gerando uma nova relação entre a mama, o
implante e os músculos peitoral maior e menor, que pode ser utilizada em casos de
mastopexia ou, até mesmo, em aumentos isolados.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é descrever a técnica de duplo bolso para mastopexias de
aumento com implante submuscular e avaliar os resultados preliminares do emprego
desta técnica.
MÉTODOS
Casuística
Foi realizada análise retrospectiva de todas as pacientes submetidas à mastopexia
com implante submuscular em duplo bolso no período de novembro de 2009 a março
de 2012. Foram operadas pelo autor 80 pacientes do sexo feminino, com idade
variando entre 17 a 54 anos, média de 32 anos.
Todas as pacientes passaram por consulta médica com anamnese, exame físico, sendo
informadas quanto ao planejamento cirúrgico, localização e tamanho da cicatriz,
evolução e cuidados pós-operatórios.
As pacientes receberam informativos impressos, foram orientadas e assinaram termo
de consentimento informado e de responsabilidade contendo informações sobre a
influência das características individuais na evolução e no resultado cirúrgico,
sobre a adequação entre expectativa e possibilidades e sobre a eventual
necessidade de revisão cirúrgica para complementação do resultado e troca do
implante no futuro.
A escolha do volume e formato do implante mamário foi baseada no desejo da
paciente durante a consulta com a colocação de moldes sobre as mamas14.
Foram descartadas as pacientes com morbidades não compensadas, índice de massa
corporal superior a 35 e tabagismo superior a 5 cigarros por dia.
Técnica cirúrgica
A necessidade de retirada de pele e reposicionamento do complexo areolopapilar
foi avaliada com as pacientes em posição ortostática, e assim determinados e
marcados os pontos de referência.
Foi realizado registro fotográfico das pacientes em posições padronizadas antes e
após a cirurgia.
As pacientes foram submetidas à anestesia endovenosa com bloqueio intercostal ou
peridural, permanecendo em decúbito dorsal horizontal durante todo o ato
cirúrgico, continuamente monitorizadas pelo anestesista.
Foram realizadas antibioticoprofilaxia, assepsia, antissepsia, hemostasia e
mínima manipulação do implante.
A técnica pode ser utilizada em um amplo espectro de apresentação clínica das
mamas, desde mamas pequenas sem flacidez ou tuberosas, até mamas com grande
flacidez e ptose, como em pacientes pós-perda massiva de peso.
Através da via de acesso, que variou entre periareolar, vertical ou sulco
mamário, realiza-se o descolamento subglandular e retirada parcial da lâmina de
Chassaignac, com identificação da fáscia do peitoral maior.
Para acesso ao plano intermuscular (entre os peitorais maior e menor), é
realizada dissecção romba no sentido das fibras do peitoral maior, iniciando na
inserção muscular (rebordo costal) em direção a sua origem, bipartindo o músculo
em dois retalhos musculares, um superomedial e outro inferolateral (Figura 1). Desta maneira, preservando as
fibras, a inserção, a vascularização, a inervação e a função do músculo.
Figura 1 - Abordagem via sulco mamário com retirada da lâmina Chassaignac e
divulsão das fibras musculares formando duas cintas do músculo
peitoral maior, dissecção entre o peitoral maior e menor para
confecção da loja do implante intermuscular.
Figura 1 - Abordagem via sulco mamário com retirada da lâmina Chassaignac e
divulsão das fibras musculares formando duas cintas do músculo
peitoral maior, dissecção entre o peitoral maior e menor para
confecção da loja do implante intermuscular.
O implante é posicionado entre os dois bolsos musculares formados pelas fibras do
peitoral maior, permanecendo subglandular apenas em sua porção anterior (Figura 2).
Figura 2 - Implante posicionado intermuscular em duplo bolso, formado pelas
alças do músculo peitoral maior, após sua partição, sem descolamento
no sulco mamário.
Figura 2 - Implante posicionado intermuscular em duplo bolso, formado pelas
alças do músculo peitoral maior, após sua partição, sem descolamento
no sulco mamário.
Nesta técnica o implante é posicionado sobre o peitoral menor, coberto em suas
porções superomedial e inferolateral pelo peitoral maior, com a cápsula
cicatricial formada posteriormente sobre o peitoral menor, dando maior aderência
à parede torácica. Nas laterais a cápsula cicatricial é limitada pelas alças
formadas pelo músculo peitoral maior e, na porção anterior, é aderida à cápsula
mamária. Assim, existe uma integração entre a parede torácica, os músculos
peitorais maior e menor, o parênquima e o implante mamário, através da cápsula
cicatricial (Figura 3a, 3b, 3c).
Figura 3 - A: Desenho esquemático mostrando a relação da
cápsula cicatricial e implante entre os músculos peitoral maior,
menor e o tecido mamário; B: Imagem de ressonância
mostrando o posicionamento do implante entre os músculos peitoral
maior, menor e o tecido mamário; C: Imagem em mama
secundária, mostrando a preservação das fibras musculares na cápsula
cicatricial peri-implante.
Figura 3 - A: Desenho esquemático mostrando a relação da
cápsula cicatricial e implante entre os músculos peitoral maior,
menor e o tecido mamário; B: Imagem de ressonância
mostrando o posicionamento do implante entre os músculos peitoral
maior, menor e o tecido mamário; C: Imagem em mama
secundária, mostrando a preservação das fibras musculares na cápsula
cicatricial peri-implante.
Para evitar a possibilidade de migração cranial do implante, é realizado um ponto
com fio de ácido poliglicólico 2.0, englobando as bordas recém-divulsionadas do
peitoral maior e o músculo peitoral menor, próximo à axila, criando uma barreira
para ascensão do implante (Figura 4).
Figura 4 - Implante em duplo bolso e o ponto entre as bordas do peitoral
maior e o peitoral menor. Foto do Autor.
Figura 4 - Implante em duplo bolso e o ponto entre as bordas do peitoral
maior e o peitoral menor. Foto do Autor.
Após hemostasia rigorosa e posicionamento, o implante fica parcialmente coberto
pelas alças musculares do peitoral maior (formando, assim, um bolso superomedial
e outro inferolateral), outro ponto com fio de ácido poliglicólico 2.0 é
realizado para evitar que o músculo deslize para as laterais do implante e o
implante fique descoberto, mas evitando fechar a loja do peitoral maior com este
ponto.
Nas mastopexias, antes da montagem das mamas, é avaliada a necessidade de retalho
de tecido mamário, que pode variar entre retalho de pedículo superior15, inferior16, bipediculado ou sem retalho apenas com avanço dos pilares
laterais da mama sobre o músculo. Para diminuir a tensão cutânea, é realizada a
montagem da mama através de pontos com fio de ácido poliglicólico 3.0 ancorados
na cápsula mamária, baseado na técnica de mamoplastia ligamentar17.
Quando necessário, o excesso de pele é ressecado, adequando a marcação prévia e o
reposicionado o CAP. Realiza-se sutura com mononylon 4.0 incolor no plano
subdérmico e poliglecaprone 4.0 no plano intradérmico.
Cuidados pós-operatórios
As pacientes receberam alta em uso de anti-inflamatório não hormonal
(Cetoprofeno) e cefalosporina (Cefadroxil) durante 8 dias. As suturas ficam
cobertas por fita adesiva (Micropore®, 3M) após a cirurgia,
sendo trocadas a cada 7 dias durante o primeiro mês. Soutiens cirúrgicos são
utilizados durante 45 dias, assim como faixa compressiva posicionada no polo
superior das mamas durante 20 dias e repouso, evitando a abdução dos membros
superiores e as atividades esportivas durante 60 dias.
RESULTADOS
Entre novembro de 2009 e abril de 2012, foram operadas 80 pacientes, com idade
variando de 17 a 54 anos (média = 33 anos).
Os implantes utilizados variaram entre 220 e 380cc (média = 260cc) de volume, das
marcas Silimed®, Eurosilicone®, Perthese® e SCI®, com
superfície texturizada e formato redondo de perfil alto ou super alto.
Cirurgia secundária de mamoplastia com troca de plano dos implantes ocorreu em 15
casos (18%). Cirurgia associada à mamoplastia ocorreu em 38 casos (25%), sendo 16
casos (20%) de lipoescultura e 22 casos (27%) de lipoabdominoplastia.
Não ocorreram complicações transoperatórias. O tempo de internação foi de até 30
horas.
As cicatrizes resultantes variaram em periareolar, periareolar e vertical, e cicatriz
periareolar vertical e sulco, dependendo do grau de flacidez, ptose e tamanho do
implante (Figuras 5-9).
Figura 5 - Paciente de 39 anos, com 18 meses de pós-operatório, submetida à
lipoescultura e mastopexia com implante submuscular de 200ml em mama
direita e 240ml em mama esquerda em duplo bolso, sem retalho e cicatriz
resultante periareolar e vertical.
Figura 5 - Paciente de 39 anos, com 18 meses de pós-operatório, submetida à
lipoescultura e mastopexia com implante submuscular de 200ml em mama
direita e 240ml em mama esquerda em duplo bolso, sem retalho e cicatriz
resultante periareolar e vertical.
Figura 6 - Paciente de 29 anos, com 3 meses de pós-operatório, submetida à
lipoabdominoplastia e mastopexia com implante submuscular de 260ml em
duplo bolso, com retalho de pedículo superior e cicatriz resultante
periareolar, vertical e horizontal.
Figura 6 - Paciente de 29 anos, com 3 meses de pós-operatório, submetida à
lipoabdominoplastia e mastopexia com implante submuscular de 260ml em
duplo bolso, com retalho de pedículo superior e cicatriz resultante
periareolar, vertical e horizontal.
Figura 7 - Paciente de 29 anos, com 5 meses de pós-operatório, submetida à
mastopexia com implante submuscular de 280ml em duplo bolso, com retalho
de pedículo superior e cicatriz resultante periareolar e vertical.
Figura 7 - Paciente de 29 anos, com 5 meses de pós-operatório, submetida à
mastopexia com implante submuscular de 280ml em duplo bolso, com retalho
de pedículo superior e cicatriz resultante periareolar e vertical.
Figura 8 - Paciente de 41 anos, com 3 meses de pós-operatório, submetida à
lipoabdominoplastia e mastopexia com implante submuscular de 280ml em
duplo bolso, com retalho de pedículo inferior e cicatriz resultante
periareolar, vertical e horizontal.
Figura 8 - Paciente de 41 anos, com 3 meses de pós-operatório, submetida à
lipoabdominoplastia e mastopexia com implante submuscular de 280ml em
duplo bolso, com retalho de pedículo inferior e cicatriz resultante
periareolar, vertical e horizontal.
Figura 9 - Paciente de 25 anos, com 6 meses de pós-operatório, submetida à
lipoescultura com miniabdominoplastia e mastopexia com implante
submuscular de 300ml em duplo bolso, com retalho de pedículo superior e
cicatriz resultante periareolar, vertical e horizontal.
Figura 9 - Paciente de 25 anos, com 6 meses de pós-operatório, submetida à
lipoescultura com miniabdominoplastia e mastopexia com implante
submuscular de 300ml em duplo bolso, com retalho de pedículo superior e
cicatriz resultante periareolar, vertical e horizontal.
Houve equimose na lateral da mama em 1 caso (1,25%), sendo evidenciado hematoma com
mais de 3 dias de evolução. Por ser de pequeno volume ao USG e não apresentar
aumento, foi tratado sem abordagem cirúrgica.
Nenhuma paciente apresentou infecção ou extrusão do implante.
Contratura capsular foi evidenciada em 1 caso (1,25%), com boa resposta ao uso de
zafirlucaste, USG e drenagem linfática manual18,19.
Seroma unilateral tardio, após 60 dias, foi evidenciado em 1 caso (1,25%), sendo
confirmado pelo USG e reoperado após 6 meses, por evoluir com pseudoptose e
assimetria.
Epiteliólise superficial da pele na junção da cicatriz vertical com a horizontal
ocorreu em 2 casos (2,5%), que foram tratados com curativos diários, até
cicatrização.
Refinamento de cicatriz foi realizado em 2 casos (2,5%): 1 caso de cicatriz alargada
e 1 caso de cicatriz hipertrófica.
Em 3 casos (3,75%) foi retirada elipse de pele em sulco mamário após 6 meses, por
evoluírem com flacidez horizontal. Estas pacientes apresentavam pele fina e
estrias.
A mobilização do implante pela contração do músculo peitoral foi relatada
espontaneamente por 4 pacientes (5%), sem interferência em suas atividades diárias,
não sendo necessária intervenção (Figuras 10A-B).
Figura 10 - A: Paciente de 25 anos, com 6 meses de pós-operatório,
submetida à lipoescultura com miniabdominoplastia e mastopexia com
implante submuscular de 300ml em duplo bolso, com retalho de pedículo
superior e cicatriz resultante periareolar, vertical e horizontal;
B: Paciente de 45 anos, com 18 meses de pós-operatório,
submetida à mastopexia com implante submuscular de 260ml em duplo bolso,
com retalho de pedículo superior e cicatriz resultante periareolar,
vertical e horizontal.
Figura 10 - A: Paciente de 25 anos, com 6 meses de pós-operatório,
submetida à lipoescultura com miniabdominoplastia e mastopexia com
implante submuscular de 300ml em duplo bolso, com retalho de pedículo
superior e cicatriz resultante periareolar, vertical e horizontal;
B: Paciente de 45 anos, com 18 meses de pós-operatório,
submetida à mastopexia com implante submuscular de 260ml em duplo bolso,
com retalho de pedículo superior e cicatriz resultante periareolar,
vertical e horizontal.
Não houve queixa de parestesia na mama ou CAP após 3 meses. O acompanhamento variou
de 3 meses a 24 meses.
DISCUSSÃO
Quanto ao posicionamento do implante, muitas técnicas são descritas na literatura,
podendo o implante ser colocado em posição subglandular, mas na busca de maior
cobertura do implante com resultados melhores, foi descrito o posicionamento
subfascial. Porém, ao posicionar o implante em posição vertical, observa-se
alteração em seu formato20, que pode ser a
causa das ondulações evidenciadas na superfície mamária (rippling)
em casos de mamas flácidas e com pouco tecido mamário, justificando a necessidade
de
uma maior cobertura e suporte do implante (Figura 11).
Figura 11 - Implante redondo de perfil alto colocado sobre uma superfície com
inclinação de 45 graus, sendo observado uma alteração no formato com
formação de ondulações em sua região superior. Foto do autor.
Figura 11 - Implante redondo de perfil alto colocado sobre uma superfície com
inclinação de 45 graus, sendo observado uma alteração no formato com
formação de ondulações em sua região superior. Foto do autor.
O objetivo deste trabalho não é comparar outras técnicas existentes. Mas comentando
alguns detalhes das técnicas submusculares tradicionais, na técnica com desinserção
do peitoral do gradil costal, o implante fica coberto pelo músculo apenas em sua
parte superior, podendo ocorrer um descenso (slipping down),
tornando o implante palpável na região do sulco7.
Na técnica de “aba de envelope”21, o autor
mostra que, para posicionar o implante em posição submuscular, além da desinserção,
é necessário um enfraquecimento do peitoral maior para evitar o aprisionamento do
implante durante a contração do peitoral maior.
Nas técnicas em que o implante fica totalmente coberto pelo músculo, a contração
muscular causa um aplainamento com diminuição da projeção mamária e pode haver um
deslocamento do implante em direção à região axilar22,23.
Nas técnicas de duplo espaço, em que o implante é colocado parcialmente
submuscular24-28, a contração muscular pode provocar uma
compressão do implante com alteração do seu formato e posição, projetando a mama no
colo medial em caso de bolso muscular lateral, e a lateralização do CAP ou deprimir
o colo medial com lateralização do implante na técnica de bolso muscular
superior.
Porém, na técnica aqui apresentada, a cobertura do implante pelas alças musculares
ocorre nas regiões de maior fragilidade da cirurgia de aumento mamário: quadrantes
superomedial e inferolateral.
No quadrante superomedial, o retalho muscular proporciona uma boa cobertura do
implante, dando um contorno mais natural no colo da mama (tear-
drop), evitando a visualização do contorno do implante e as ondulações
(rippling), além de impedir a simastia ao limitar a loja
medialmente.
No quadrante inferolateral, o retalho muscular, ao proporcionar boa cobertura ao
implante, limita a loja lateralmente, impedindo que o implante deslize em direção
a
lateral do tórax, além de dar sustentação inferior do implante.
Por não haver desinserção do músculo e abaixamento do sulco na técnica descrita, o
implante é sustentado pelas fibras musculares, impedindo o seu descenso inferior
(slipping down), com sulco mamário duplo. A compressão causada
pelas fibras do retalho muscular lateral mantém o colo medial da mama mais cheio,
evitando o rippling.
Nesta técnica, a área em que o implante não é coberto por músculo coincide com a
região em que o parênquima mamário é mais espesso, que é a região retroareolar. Ao
lateralizar as fibras musculares e desviar o vetor de força do músculo, ao contrair
o peitoral maior, o implante é projetado para frente e não para cima.
Isto possibilita uma maior conização da mama, evitando a ascensão do implante. Apesar
da fixação do músculo peitoral maior ao menor superiormente e da aproximação das
alças anteriormente ao implante, pode ocorrer um deslizamento das fibras ou ruptura
das fibras, causando uma assimetria no posicionamento do implante e no resultado da
cirurgia.
Em casos de mamas com pouca flacidez e ptose, quando pode ser realizado um
descolamento do sulco mamário para adequar o CAP, a mama fica com implantação baixa,
além de poder ocorrer à palpação do implante no sulco e ter sulco duplo; por este
motivo, não realizamos o abaixamento do sulco.
A presença do músculo envolvendo o implante pode ser um fator protetor na formação
de
seroma, infecção e contratura capsular, ao promover uma maior circulação sanguínea
local, facilitando a absorção de líquidos e durante a contração muscular massagear
a
cápsula cicatricial.
CONCLUSÃO
A presente técnica apresentou baixo índice de alargamento cicatricial ou deiscência,
o que pode ser atribuído à sustentação do implante pelo músculo e a montagem das
mamas se darem em planos profundos usando a cápsula mamária como sustentação, sem
tensão na pele.
Ao respeitar a anatomia do peitoral, esta técnica se demonstrou segura por preservar
a inserção, inervação e irrigação da musculatura peitoral29, possibilitando a manutenção da função muscular e o menor
descolamento da mama possibilitou uma menor lesão dos vasos nutridores da mama.
Portanto, a técnica submuscular em duplo bolso proporcionou uma cobertura adequada
e
boa sustentação do implante, manteve o posicionamento do sulco mamário, evitou
deformidade mamária quando da contração do peitoral, obtendo bons
resultados, com baixo índice de reintervenções para diferentes tipos de mamas.
Um maior número de casos e o seguimento por mais tempo está sendo realizado para
confirmar os resultados preliminares aqui relatados.
COLABORAÇÕES
LDP
|
Análise e/ou interpretação dos dados, análise estatística, aprovação
final do manuscrito, coleta de dados, conceitualização, concepção e
desenho do estudo, gerenciamento do projeto, investigação, metodologia,
realização das operações e/ou experimentos, redação - preparação do
original, redação - revisão e edição, supervisão, validação,
visualização.
|
DDPS
|
Análise e/ou interpretação dos dados, coleta de dados, realização das
operações e/ou experimentos, redação - revisão e edição,
visualização.
|
RR
|
Redação - revisão e edição, visualização.
|
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1. Clínica Debs, Porto Velho, RO,
Brasil.
2. Clínica Debs, Patrocínio, MG,
Brasil.
3. Clínica Rosique, Ribeirão Preto, SP,
Brasil.
Autor correspondente: Leandro Debs Procópio, Av.
Carlos Gomes, nº 2119 - São Cristóvão, Porto Velho, RO, Brasil, CEP 76804-037.
E-mail: doutorleandro@bol.com.br
Artigo submetido: 25/07/2018.
Artigo aceito: 21/04/2019.
Conflitos de interesse: não há.