INTRODUÇÃO
Antigamente, a escolha de um médico se dava única e exclusivamente por meio de
indicação ou fama do mesmo. O advento da internet e principalmente das mídias
sociais tornou a informação mais rápida e acessível a todos, e com certeza são meios
muito utilizados pela população na pesquisa do profissional a ser escolhido para
fazer uma cirurgia ou tratamento.
O cirurgião plástico gasta cerca de 7% do seu tempo no desenvolvimento de sua
carreira e na realização de ações de marketing, e alguns chegam a gastar U$ 350.000
anuais para este fim. Seria ideal então desvendar quais os critérios utilizados
pelos pacientes na escolha de um cirurgião, pois assim o marketing poderia ser
dirigido e mais eficiente, e então seria mais fácil atuar neste cenário
competitivo1.
O Brasil tem cerca de 6000 cirurgiões plásticos atualmente, e segundo um estudo
demográfico feito pela própria Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em
algumas cidades a relação cirurgião plástico/habitante chega a 1/6347. Estes números
são alarmantes e justificam a pesquisa.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo é identificar quais fatores são mais importantes na escolha
do cirurgião plástico pela visão dos pacientes, procurando criar uma ordem
decrescente de importância.
MÉTODOS
Uma pesquisa escrita de múltipla escolha de 22 questões foi entregue a pacientes na
consulta pré-anestésica ou logo após a cirurgia, antes da alta. Nestes dois momentos
a paciente já havia escolhido seu cirurgião, mas ainda não tinha ainda noção do
resultado da cirurgia, o que poderia influenciar as respostas.
A pesquisa tinha duração média de 8 minutos para ser respondida. As perguntas
abordavam vários aspectos como a formação do cirurgião, percepção da primeira
consulta e do consultório. Não havia possibilidade de identificação da paciente ou
do cirurgião. O anonimato era garantido. A pesquisa completa está detalhada no Anexo
1. Não foi feita a aprovação no Comitê de Ética de nenhuma das seis clínicas onde
o
estudo foi realizado.
Foram distribuídas 120 pesquisas em 6 clínicas diferentes na cidade de Curitiba, PR,
sendo 20 pesquisas em cada uma. Destas, 104 foram respondidas de forma completa e
incluídas no estudo, que teve duração de 4 meses (setembro a dezembro de 2017). As
pesquisas incompletas foram excluídas da amostra.
A planilha com todas as respostas foi transportada para a plataforma Excel e a
avaliação estatística com cruzamento de alguns dados foi realizada. Foram
construídos gráficos dos dados mais relevantes para facilitar o entendimento. A
avaliação estatística foi feita por profissional da área.
A análise estatística foi feita por meio de variáveis de natureza quantitativa
descritas por médias, medianas, valores mínimos e valores máximos. Para variáveis
qualitativas, foram apresentados frequências e percentuais. Para avaliação da
associação entre duas variáveis qualitativas foi considerado o teste Qui-Quadrado.
Para comparação de diferentes classificações de uma variável, em relação a variáveis
quantitativas, foi considerado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis.
Para comparação dos diferentes cenários, em relação às notas obtidas pelos pacientes,
foi considerado o teste não paramétrico de Friedman. Valores de p
menores do que 0,05 foram considerados como estatisticamente significativos. Os
dados foram analisados com o programa computacional IBM SPSS Statistics
v.20.
RESULTADOS
Descrição da amostra
A maioria dos pesquisados era do sexo feminino (92,2%) e com idade média de 35,6
anos. Quase metade (47,1%) era casado, seguido por solteiros (40,7%) e
divorciados (12,5%). A escolaridade está detalhada na Tabela 1 abaixo.
Tabela 1 - Escolaridade.
Escolaridade |
n |
% |
Ensino fundamental |
4 |
3,8 |
Ensino médio |
42 |
40,4 |
Superior completo |
40 |
38,5 |
Pós-graduação |
18 |
17,3 |
Total |
104 |
100 |
O ganho familiar médio mensal foi na maioria entre 2 e 10 mil reais (69%),
seguido por até 2000 reais (13,6%) e 10 a 30 mil reais (13,6%). Apenas 3,9%
tinham ganho maior que 30 mil reais.
Alguns dados considerados fundamentais para a escolha do cirurgião, como
titulação, tempo de formação, preço total da cirurgia, apresentação
online, estão detalhados nas Figuras 1 a 4.
Figura 1 - Titulação do cirurgião escolhido.
Figura 1 - Titulação do cirurgião escolhido.
Figura 2 - Tempo de formação do cirurgião escolhido.
Figura 2 - Tempo de formação do cirurgião escolhido.
Figura 3 - Preço total da cirurgia.
Figura 3 - Preço total da cirurgia.
Figura 4 - Apresentação online do cirurgião escolhido.
Figura 4 - Apresentação online do cirurgião escolhido.
As Tabelas 2 e 3 descrevem a duração da primeira consulta e a forma de
indicação do cirurgião escolhido.
Tabela 2 - Duração da primeira consulta com o cirurgião escolhido.
Duração da Consulta |
n |
% |
Menos de 15 minutos |
3 |
3,0 |
Entre 15 e 30 minutos |
31 |
30,7 |
Entre 30 minutos e 1 hora |
48 |
47,5 |
Mais de 1 hora |
19 |
18,8 |
Total |
101 |
100 |
Tabela 2 - Duração da primeira consulta com o cirurgião escolhido.
Tabela 3 - Indicação do cirurgião escolhido.
Indicação |
n |
% |
Médico de confiança |
41 |
39,8 |
Amigo |
34 |
33,0 |
Parente próximo |
19 |
18,4 |
Internet, revista ou TV |
6 |
5,8 |
Lista do convênio |
2 |
1,9 |
Outros |
1 |
1,0 |
Total |
103 |
100 |
Tabela 3 - Indicação do cirurgião escolhido.
Metade das pacientes (50,5%) consultaram apenas com 1 cirurgião plástico antes de
escolher seu cirurgião, 34,7% com 2 cirurgiões e 13,9% com 3 a 6 cirurgiões.
Apenas 1% consultaram entre 7 e 10 cirurgiões.
A maioria das pacientes não havia feito nenhuma cirurgia plástica previamente
conforme mostrado na Figura 5.
Figura 5 - Cirurgia plástica prévia.
Figura 5 - Cirurgia plástica prévia.
A ordem decrescente do primeiro e segundo critérios definidos para a escolha do
cirurgião plástico está detalhada nas Figuras 6 e 7.
Figura 6 - Lista do primeiro critério definido para escolha do cirurgião
plástico.
Figura 6 - Lista do primeiro critério definido para escolha do cirurgião
plástico.
Figura 7 - Lista do segundo critério definido para escolha do cirurgião
plástico.
Figura 7 - Lista do segundo critério definido para escolha do cirurgião
plástico.
O p não é significativo (o valor de p é maior
do que 0,05) as seguintes relações:
Grau de instrução X titulação do cirurgião;
Grau de instrução X pesquisa da apresentação online do cirurgião
estão relacionados;
Grau de instrução X apresentação online do cirurgião
estão relacionados;
Ganho familiar médio X forma de pagamento;
Ganho familiar médio X pesquisa da apresentação
online estão relacionados.
Nesta análise somente foram considerados os casos que fizeram avaliação de todos
os cenários. Assim, testou-se a hipótese nula de notas iguais para todos os
cenários versus a hipótese alternativa de pelo menos um cenário
com nota diferente dos demais.
Os cenários criados foram avaliados através de notas 1 (pouco provável a escolha)
a 6 (muito provável a escolha), e os que tiveram as melhores médias foram o 1 e
3 (3,8), seguidos pelo cenário 4 (3,5) e por último o 2 (3,1). Os detalhes dos
cenários estão no Anexo 1.
Em função da rejeição da hipótese nula, os cenários foram comparados dois a dois.
Na Tabela 4 são apresentados os valores
de p destas comparações.
Tabela 4 - Comparação dos cenários apresentados.
Cenários sob comparação |
Valor de p |
1 x 2 |
0,003 |
1 x 3 |
0,291 |
1 x 4 |
0,276 |
2 x 3 |
<0,001 |
2 x 4 |
0,062 |
3 x 4 |
0,033 |
Tabela 4 - Comparação dos cenários apresentados.
DISCUSSÃO
O mercado da cirurgia plástica e procedimentos não invasivos é um dos mais acirrados
em todo mundo, e ainda mais no Brasil, onde o número de cirurgiões plásticos supera
muitos mercados importantes como China, Coreia do Sul, Japão, Rússia, Índia e
México2.
A recente crise econômica fez o número de cirurgias plásticas no Brasil caírem em
2015 de acordo com a ISAPS: 2011 (905.124 cirurgias), 2014 (1.343.293 cirurgias),
2015 (1.224.300). Em 2016, ocorreu uma retomada (1.450.020)2-6.
Por outro lado, os procedimentos não invasivos (toxina botulínica, preenchimentos,
laser) tiveram um aumento progressivo: 2011 (542.090), 2014 (715.212), 2015
(1.099.945), com leve declínio em 2016 (1.074.995). A provável razão desta queda
seria a invasão recente de profissionais não médicos (dentistas, biomédicos,
farmacêuticos, esteticistas) realizando estes procedimentos.
O número aproximado de cirurgiões plásticos no Brasil é de 6083, segundo o último
estudo demográfico da SBCP. Entretanto, a invasão de outras especialidades médicas
realizando cirurgias plásticas (otorrinos, oftalmologistas, mastologistas,
cirurgiões gerais entre outros) torna ainda mais difícil esta diferenciação pelos
pacientes7.
Existem poucos estudos que procuram identificar fatores que influenciam os pacientes
na escolha do seu cirurgião plástico e, no Brasil, não há nenhum estudo neste
sentido. Este primeiro estudo pode servir de base para outros, mais detalhados, mais
longos e com uma amostra maior.
Nos outros estudos publicados, alguns utilizaram a pesquisa online e outros
questionários escritos que deveriam ser preenchidos. Geralmente, pesquisa
online (via e-mail através de
link) tem uma taxa de resposta em torno de 26%8. Em dois estudos com cirurgiões plásticos, a
pesquisa online obteve um índice de resposta acima da média (40,45%
e 70,5%). Este último maior, provavelmente pelo fato de completarem com entrevistas
pessoais os que não responderam ao e-mail9,10.
Questionários podem ser tediosos para serem respondidos, entretanto, obtivemos neste
projeto piloto um índice de resposta de 86,66% (104 respostas completas de 120
questionários), o que pode ser considerado alto se comparado a outro estudo11. Os outros estudos não afirmaram o
percentual de resposta para ser comparado, apenas o total de respostas.
A amostra foi bem parecida com a de outros estudos (111, 96, 150)1,12,13.
Nosso estudo foi feito apenas em clínicas de cirurgia plástica, já um dos estudos
foi
feito em clínicas de outras especialidades (medicina da família, medicina interna
e
pediatria)12. Isto pode ser um viés,
visto que pacientes já decididas a operar podem dar respostas mais precisas. Um
outro estudo utilizou o crowdsourcing para esta avaliação, eram
pessoas que não estavam com planos concretos de fazer uma cirurgia plástica, mas que
foram triadas pela pergunta “Você pretende um dia fazer esta cirurgia?”. Quem dava
uma resposta negativa era excluído do estudo11. A amostra deste estudo também pode não fornecer respostas tão
precisas quanto pacientes que já escolheram seu cirurgião e estão no meio do
processo para operar.
Um estudo interessante avaliou a diferença na escolha entre o gênero dos cirurgiões,
masculino ou feminino. Quase metade não tinha preferência de sexo do cirurgião, e
26% preferiam cirurgiãs mulheres, principalmente em cirurgias íntimas e de mama14. Em nosso estudo não foi avaliado este item.
Outro mostrou que não há preferência entre sexo, idade ou raça do cirurgião
ortopédico15.
A grande maioria dos pacientes pesquisados era do sexo feminino (92,2%), semelhante
ao encontrado em outros estudos1,12,13,16. A idade média das pacientes era de 35,6 anos, também semelhante à
amostra de Galanis et al.12, Marsidi et
al.13 e Sanan et al.16, porém a de Waltzman et al.1, teve idade média de 51 anos. Outro estudo definiu 3 grupos de
cirurgias que tinham faixas de idade diferentes, mas também com predomínio do sexo
feminino11.
Em relação à escolaridade, tivemos um predomínio de ensino médio (40,4%) e superior
completo (38,5%), concordando com Wu et al.11, Sanan et al.16, Shah et al.17 e Waltzman et al.1. O estudo de Marsidi et al.13 teve apenas 8,7% de participantes com grau superior completo.
Nossa amostra teve um predomínio de ganho familiar entre R$ 2 a 10 mil mensais (69%),
13,6% com ganho entre R$ 10 e 30 mil e apenas 3,9% acima de R$ 30 mil reais mensais.
De acordo com o IBGE (quadro abaixo), a maior parte se encaixa nas classes C-D, com
menor proporção nas classes A e B (17,5%). Quase o mesmo que a classe E (13,6%)18.
Isto difere dos dados da amostra de Galanis et al.12, Marsidi et al.13, Sanan et
al.16, que tinham participantes com ganho
acima da média nacional, mas se aproximou da amostra de Wu et al.11 e Shah et al.17. Isto pode ser explicado pelo fato destes três autores acima
utilizarem pesquisas com pacientes que já tinha realizado cirurgias plásticas,
tinham forte interesse no assunto ou ainda estavam no meio do processo para fazer
a
cirurgia. Por outro lado, os dois últimos autores utilizaram plataformas de pesquisa
online (crowdsourcing e
SurveyMonkey) com uma população aleatória. Galanis et al.12, Marsidi et al.13, Sanan et al.16, Wu
et al.11 e Shah et al.17.
Os dados do nosso estudo mostram ainda que, apesar de um ganho familiar mensal
significativamente menor que a amostra de outros estudos realizados em outros
países, os pacientes brasileiros têm muito interesse em realizar cirurgia plástica
ou fazem um grande esforço para tal.
O crescimento significativo de médicos que se dizem “especialistas” na área de
atuação da cirurgia plástica (medicina estética, cirurgia estética, etc), por meio
da criação de sociedades não reconhecidas pelo CFM, bem como a invasão de outras
especialidades (mastologistas, oncologistas, oftalmologistas,
otorrinolaringologistas, ginecologistas e cirurgiões gerais) em áreas de atuação
ainda não reconhecidas pelo CFM (oncoplástica, plástica ocular, cirurgia plástica
facial, etc) de acordo com a resolução do CFM Nº 2.149/2016 (publicada no D.O.U. de
03 de agosto de 2016, Seção I, p. 99), deixam a população confusa sobre quem é o
especialista adequado para fazer este tipo de cirurgia19.
Quase 40% dos pesquisados (37,9%) não sabiam dizer a titulação do cirurgião
escolhido, 26,2% diziam que seu cirurgião era Membro Especialista ou Titular da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e 7,8% diziam que era membro da Sociedade
Brasileira de Medicina Estética. Isto corrobora os achados de Shah et al.17, em que um percentual semelhante de
pacientes dizia não saber se um médico precisa ter título de especialista para
realizar cirurgias plásticas.
O tempo de formação/carreira do cirurgião geralmente é percebido como uma vantagem,
como se a experiência necessariamente fosse um atributo a ser valorizado.
Entretanto, talvez esta visão seja supervalorizada pelos próprios médicos e muito
menos pelos pacientes. Em nossa amostra, 33,7% não sabiam informar quanto tempo de
carreira tinha seu cirurgião, demonstrando que esta característica não está entre
as
mais importantes na escolha do cirurgião, conforme demonstrado por outros
estudos1,11. Por outro lado, outros três estudos demonstraram que anos
de experiência estão está entre os principais atributos13,15,17,20.
A grande maioria (87,6%) dos pesquisados disse que o valor de sua cirurgia foi na
média, 10,7% acima da média e apenas 4,9% abaixo da média. Não foi definido nenhum
valor específico, pois avaliamos pacientes que fizeram vários tipos de cirurgias,
o
que daria uma ampla margem de valores. Também pode ser questionado o que é um valor
“na média” ou “acima da média”. Talvez um estudo para cada tipo de cirurgia
trouxesse resultados mais precisos neste sentido.
O custo de uma cirurgia nunca foi considerado o principal atributo na escolha em
nenhum dos outros estudos, geralmente ficando em 4º lugar ou mais na ordem de
importância1,11,13,17. Inclusive, em
um estudo o oferecimento de cupons de desconto no material de marketing de um
cirurgião plástico tinha efeito negativo sobre os entrevistados16. Galanis et al.12 não
estudaram custo, mas um dos medos de pacientes que se recusavam a fazer cirurgias
plásticas eram: resultados ruins, recuperação pós-operatória e custo.
Mais da metade (67%) dos entrevistados não tinha feito nenhuma cirurgia plástica
previamente, corroborando os dados de Galanis et al.12 e diferentemente de Waltzman et al.1 e Sanan et al.16, em que a
maioria havia feito alguma cirurgia plástica no passado. Estes dois últimos autores
pesquisaram populações diferentes: uma pesquisa dentro de um consultório de cirurgia
plástica e o segundo uma pesquisa online com uma população escolhida pelo código
postal. Shah et al.17 falam em 72% tendo se
submetido a procedimentos cirúrgicos no passado, mas não especificam se eram
cirurgias plásticas.
A apresentação online do cirurgião também foi estudada, e mais da
metade (54%) dos que responderam à pesquisa afirmou não ter feito a pesquisa
online, e 28% afirmaram que o cirurgião tinha um
website completo e redes sociais com boas avaliações. Dentro da
ordem de importância, este item foi um dos últimos apontados pela amostra
pesquisada, assim como por Marsidi et al.13.
Wu et al.11 avaliaram fotos pré e pós e
testemunhos além de outros itens, o que poderia ser equivalente à apresentação
online já que estes dados são achados apenas em websites e mídias sociais. Este
recente estudo (2017) demonstrou que estes itens (fotos e testemunhos) são os dois
mais importantes na escolha de um cirurgião em quatro grupos diferentes com
pacientes de idades diversas. As fotos eram ainda mais importantes para o grupo de
pacientes com interesse em mamoplastia de aumento, ou seja, mais jovens na média.
Talvez seja uma tendência atual este fator se tornar cada vez mais importante11,20.
A indicação de um médico/parente/amigo foi um dos fatores mais importantes observados
em nossa pesquisa, com 37,9% dos pesquisados apontando este item com o número um em
ordem de importância. Isto também foi demonstrado em outros estudos1,13,20.
Em uma revisão sistemática, a reputação do cirurgião foi um dos itens mais
recorrentes na escolha de algumas especialidades (cirurgia oncológica,
cardiovascular, ortopédica e plástica), entretanto, não houve consenso no que
compreende “reputação”. Pode implicar a indicação de médico/amigo/parenteou a
expertise (tipo de treinamento, anos de experiência, número de casos operados).
Outro autor disse que reputação poderia ser uma vantagem sobre novos “especialistas”
de áreas não reconhecidas12,20.
A primeira consulta também foi avaliada em nosso estudo, e foi um dos itens apontados
como mais importantes na escolha do seu cirurgião (3º lugar). Uma revisão
sistemática confirmou que alguns autores indicavam que um cirurgião com empatia,
compaixão, atencioso, confiável e bom ouvinte eram os mais escolhidos pelos
pacientes. Todas estas características podem ser demonstradas, ou não, na primeira
consulta20.
Em nosso estudo, 47,5% dos pesquisados relataram que sua primeira consulta demorou
entre 30 minutos e 1 hora, e quase 60% afirmaram que o cirurgião escolhido foi muito
atencioso e respondeu todas as perguntas. Este é um item a ser observado com atenção
e em um mercado muito competitivo como o brasileiro pode fazer a diferença.
O cruzamento de alguns dados mostrou uma tendência para o conhecimento do tempo de
formação do cirurgião e o grau de instrução, ou seja, os pacientes com maior grau
de
instrução conhecem melhor o tempo de formação do cirurgião escolhido. Entretanto,
outros cruzamentos não tiveram significância estatística (grau de instrução X
titulação do cirurgião, grau de instrução X pesquisa da apresentação online do
cirurgião, grau de instrução X apresentação online do cirurgião,
ganho familiar médio X pesquisa da apresentação online).
Isto não foi encontrado em nenhum dos outros estudos. Apenas um autor relacionou o
grau de instrução com a titulação do cirurgião, e curiosamente encontrou que os que
tinham menor grau de instrução acreditavam que um cirurgião deveria ser
apropriadamente credenciado e treinado para legalmente fazer marketing como um
cirurgião plástico, já os de maior grau de instrução acreditavam que não era
necessária titulação em cirurgia plástica para realizar cirurgias que melhoram a
aparência das pessoas17.
Foram criados quatro cenários para serem avaliados pelos pesquisados, em que a
titulação do cirurgião, distância do consultório, preço da cirurgia, tempo de
formação, forma de pagamento, apresentação online e indicação
variavam. Os cenários com as melhores notas (maior probabilidade de operar com este
cirurgião) tinham cirurgiões da SBCP (Titular ou Especialista), com consultório a
15
minutos de distância, preço na média ou acima, mais de 10 anos de formado, pagamento
até 12 vezes, apresentação online variável e indicação de médico de
confiança ou amiga. Estes cenários foram utilizados em outros trabalhos1, mas com avaliação por meio da análise
conjunta (conjoint analysis), que infelizmente não foi possível em
nosso estudo.
Limitações
O tamanho da amostra de nosso estudo é pequeno e ela não pode ser considerada uma
representação da população em geral por ter sido feito o estudo em uma cidade
específica (com cultura e condições socioeconômicas diferentes de outras). O
fato de terem sido pesquisadas pacientes que já estavam no processo de realizar
sua cirurgia plástica também pode ser um viés. Nem todo mundo tem este desejo
por motivos variados.
As seis clínicas estudadas tinham perfis diferentes, atendendo a diferentes
classes sociais. Entretanto, a amostra que respondeu a pesquisa se encontrava
nas classes C e D na maioria. Por alguma razão, classes A e B responderam menos.
As limitações geográficas e socioeconômicas deste estudo poderiam ser resolvidas
com uma amostra maior e de outras localidades.
O estudo estatístico utilizando conjoint analysis também seria
de grande valia para entender o peso de cada item nesta escolha do cirurgião
(trade off), mas não encontramos profissionais que fizessem
este tipo de avalição.
CONCLUSÕES
Os fatores que determinam a escolha de um cirurgião plástico são inúmeros e podem
depender da população estudada e suas variáveis. Em nossa amostra os fatores mais
importantes indicados são em ordem de importância: indicação por
médico/parente/amigo, titulação do cirurgião e primeira consulta nas primeiras
posições. Preço não figura entre os principais argumentos. Curiosamente, a
apresentação online do cirurgião foi um dos últimos itens em ordem
de importância.
Uma parcela significativa dos pacientes não conhece o tempo de formação ou a
titulação do seu cirurgião escolhido, isto certamente favorece a atuação de não
especialistas.
COLABORAÇÕES
LRRA
|
Análise e/ou interpretação dos dados; aprovação final do manuscrito;
coleta de dados; conceitualização; concepção e desenho do estudo;
gerenciamento do projeto; metodologia; realização das operações e/ou
experimentos; redação - preparação do original; redação - revisão e
edição; supervisão.
|
DRP
|
Aprovação final do manuscrito; coleta de dados; redação - preparação do
original; redação - revisão e edição.
|
RSF
|
Realização das operações e/ou experimentos.
|
LSB
|
Realização das operações e/ou experimentos.
|
ADS
|
Visualização.
|
REFERÊNCIAS
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choosing a plastic surgeon: an assessment of patient preference by conjoint
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Pesquisa - a escolha de um(a) cirurgião(ã) plástico(a).
Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica - Regional PR |
|
IDENTIFICAÇÃO DO
PACIENTE Idade
_____ Sexo: ( ) M ( )
F Escolaridade: (
) Ensino fundamental ( )
Ensino médio ( ) Superior
completo ( )
Pós-graduação (mestrado/doutorado)
|
|
Estado
civil: ( ) Solteira
(o) ( ) Casada
(o) ( ) Divorciada
(o) ( ) Viúva (o)
|
|
Ganho familiar
mensal médio: ( ) Até
2000 mil reais ( ) 2 a 5
mil reais ( ) 5 a 10 mil
reais ( ) 10 a 30 mil
reais ( ) Mais de 30 mil
reais
|
|
CARACTERÍSTICAS DO CIRURGIÃO QUE VOCÊ
ESCOLHEU PARA FAZER SUA CIRURGIA |
1.
Titulação a. Membro
Aspirante da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica b. Membro
Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica c. Membro
Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica d. Membro da
Sociedade Brasileira de Medicina Estética e- Não sei
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2. Tempo de formação do
cirurgião a. Menos de 5
anos b. Entre 5 e 10
anos c. Entre 10 e 20
anos d. Mais de 20
anos e. Não sei
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3. Localização / Distância do
consultório a. A 15
minutos da minha
residência/trabalho b. A
30 minutos da minha
residência/trabalho c. A
1 hora da minha
residência/trabalho d.
Mais de uma 1 hora da mina residência/trabalho
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4. Decoração do
consultório a.
Luxuoso b.
Clássico c.
Popular d.
Ultrapassado e. Não
reparei
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5. Preço total da
cirurgia a. Muito mais
barato que a média b.
Mais barato que a
média c. Dentro da
média d. Acima da
média e. Muito acima da
média
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6. Forma de pagamento (dinheiro, cheque ou cartão
de crédito) a. À
vista b. Parcelado até 5x
sem juros c. Parcelado 5
a 10 vezes com juros d.
Parcelado 10 a 36 vezes com juros
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7. Apresentação
online: a. Website
completo com informações detalhadas e sem rede
social b. Website
completo com informações detalhadas e com redes sociais
apresentando boas
revisões c. Website
modesto com poucas informações e sem rede
social d. Website modesto
com poucas informações e com redes sociais apresentando boas
revisões e. Não pesquisei
nada online
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CARACTERÍSTICAS DA
PRIMEIRA CONSULTA COM O CIRURGIÃO QUE VOCÊ ESCOLHEU PARA
FAZER SUA CIRURGIA PLÁSTICA |
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8. Na primeira consulta o cirurgião
foi: a. Desinteressado,
não respondeu minhas
dúvidas b. Atencioso, mas
respondeu de forma
breve c. Atencioso, me
explicou todo o
procedimento d. Muito
atencioso, me explicou sobre o procedimento e mostrou
figuras/fotos
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9. Minha primeira consulta
demorou: a. Menos de 15
minutos b. Entre 15 e 30
minutos c. Entre 30
minutos e 1 hora d. Mais
de 1 hora
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REFERÊNCIAS
PARA A ESCOLHA DO CIRURGIÃO |
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10.
Indicação a. Parente
próximo b. Amigo
(a) c. Médico de
confiança d. Lista do
convênio e. Internet,
revista ou TV f.
Outros_______________
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11. Antes de escolher, me consultei
com: a. Apenas 1
cirurgião b. 2
cirurgiões c. 3 a 6
cirurgiões d. 7 a 10
cirurgiões e. Mais de 10
cirurgiões
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QUAL O
CRITÉRIO QUE UTILIZOU PARA A ESCOLHA? (PARA RESPONDER
COLOQUE O NÚMERO EM ORDEM DE IMPORTÂNCIA , SENDO 1 O MAIS
IMPORTANTE E 10 O MENOS IMPORTANTE) |
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a. ( ) Titulação do
cirurgião b. ( ) Tempo de
formação do cirurgião c.
( ) Localização/distância da
clínica d. ( ) Decoração
da clínica e. ( )
Preço f. ( ) Forma de
pagamento g. ( )
Apresentação online do
cirurgião h. ( ) Pela
primeira consulta com o
cirurgião i. ( )
Indicação de parentes e amigos, médico de
confiança j. ( )Mesmo
cirurgião com quem fiz a cirurgia anterior
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Já fez alguma
cirurgia plástica
antes? ( )
Sim ( ) Não
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Cenário 1 |
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Cirurgião plástico
Membro Titular da
SBCP Consultório a 15
minutos de
casa/trabalho Preço acima
da média Formado há mais
de 10 anos Parcela em até 3
x Website completo e com
boas revisões em redes
sociais Indicação de
amiga (o)
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Probabilidade de
operar com este
cirurgião: (pouco
provável) 1 2 3 4 5 6 (muito provável)
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Cenário 2 |
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Cirurgião plástico
Membro Especialista da
SBCP Consultório a 30
minutos de
casa/trabalho Preço
abaixo da média Formado
há menos de 5 anos Parcela em até 36
x Website completo e sem
redes sociais Indicação de amiga (o)
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Probabilidade de
operar com este
cirurgião: (pouco
provável) 1 2 3 4 5 6 (muito provável)
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Cenário 3 |
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Cirurgião plástico
Membro Especialista da
SBCP Consultório a 15
minutos de casa Preço na
média Formado há menos de
10 anos Parcela em até 12
x Website modesto e sem
redes sociais Indicação
de médica (o)
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Probabilidade de
operar com este
cirurgião: (pouco
provável) 1 2 3 4 5 6 (muito provável)
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Cenário 4 |
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Cirurgião Membro da
Sociedade Brasileira de Medicina
Estética Consultório a 30
minutos de casa Preço na
média Formado há mais de
10 anos Parcela em até 24
x Website completo e com
revisões boas e ruins em redes sociais Indicação de revista /
website
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Probabilidade de
operar com este
cirurgião: (pouco
provável) 1 2 3 4 5 6 (muito provável)
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1. Consultório particular, Cirurgia Plástica,
Curitiba, PR, Brasil.
Autor correspondente: Luiz Roberto Reis Araujo Al Pres Taunay, 1820
- Mercês - Curitiba, PR, Brasil, CEP 80430-042. E-mail:
drluiz@drluizaraujo.com.br
Artigo submetido: 14/5/2018.
Artigo aceito: 1/10/2018.
Conflitos de interesse: não há.