INTRODUÇÃO
Nos últimos 10 anos, muitos trabalhos sobre cirurgia de implantes mamários foram
publicados em todo o mundo, havendo uma drástica redução de publicações sobre
redução mamária. Nos anos 60, a modelo Twiggy influenciou a moda e a maioria das
mulheres gostavam de ter as mamas pequenas, porém, após 1990, trinta anos depois,
principalmente nos EUA, houve uma forte mídia estimulada por laboratórios até
os
dias de hoje, fazendo com que a grande maioria das mulheres escolha mamas cada
vez
maiores.
Houve o surgimento de inúmeras complicações, como: formação de cápsulas, com
endurecimentos, assimetrias, infecções, dores, desconfortos, resultados artificiais,
necessidade de troca de implantes e até formação cancerígena, casos estes que
não
são divulgados. Acredita-se que este é um novo momento da cirurgia de redução
mamária.
Apesar de que em 1924 a técnica de redução mamária por via axilar ter sido descrita
por D’Artigues1, ainda não se popularizou.
Para a maioria dos autores, a técnica cirúrgica a ser empregada no tratamento
das
hipertrofias e ptoses mamárias deve ser aquela em que a/o cirurgiã/o tenha mais
habilidade, desde que seja o melhor para a/o paciente. O resultado final depende
principalmente do tipo da mama, se: glandular, gordurosa ou mista e não
necessariamente depende da técnica escolhida.
Em 1993, Felicio2 desenvolveu um método de
redução mamária pela via axilar, que evita cicatriz na mama, resultando em uma
única
cicatriz que permanece escondida nas pregas axilares; o maior entrave da cirurgia
mamária é a cicatriz resultante.
A Medicina de Evidência comprova com mais de 500 casos operados com sucesso, sua
eficácia, sendo um método econômico, realizável com menos tempo cirúrgico quando
comparado com os métodos convencionais, preserva-se o complexo areolomamilar (CAM),
mantendo cheio o polo superior da mama.
Em 1997, Felicio3 publicou:
“Axillary reduction mammaplasty”, a sua experiência de cinco
anos utilizando a técnica de redução mamária por via axilar, no jornal do ISAPS.
Apesar da autora ter apresentado em congressos de Cirurgia Plástica em todos os
continentes e ter realizado demonstrações cirúrgicas, ainda há muito desconhecimento
da técnica de redução mamária por via axilar. Recentemente, Kaiser, de Zurique,
Suíça, e Klepetko, de Viena, Áustria4,
publicaram um laborioso trabalho: “Breast reduction mammaplasty a
review of literature and presentation of novel technique dual vascular supply”
na
Advances in Plastic & Reconstructive Surgery e citam Schlenz et
al.5, que descrevem:
“that ANY breast reduction technique avoiding a resection of
the central parenchyma, detachment of the central part of the breast from thoracic
wall, or injury of the lateral part of the pectoral fascia had a low risk of injury
to the dominant nerve of the nipple-areola complex”, portanto, a autora comprova
há
25 anos (exatamente o contrário) que a parte central da mama é preservada quando
se
utiliza a técnica de redução mamária por via axilar.
OBJETIVO
Implementar novos conceitos em cirurgia de redução mamária. Reduzir e elevar a mama,
podendo retirar tumores benignos, evitando cicatriz na mama. Preservar o CAM,
mantendo o polo superior da mama cheio.
MÉTODO
A paciente deverá manter-se em decúbito dorsal, deitada e não sentada, como nas
demais técnicas, propiciando um maior conforto para o anestesista; a anestesia
poderá ser local, peridural ou geral; a preferência da autora é de peridural alta
com sedação.
A técnica consiste em fazer uma incisão fusiforme, contornando a axila, pois a
cicatriz resultante será do mesmo tamanho da axila da paciente. O plano de clivagem
ideal é intraglandular, evitando superficializar, para não queimar a pele e não
aprofundar para não cortar as fibras musculares. Com uma válvula de Hegar,
descola-se rapidamente toda a mama. Em aproximadamente 5 minutos, toda a mama
deverá
estar liberada e o tecido mamário é retirado pouco a pouco com uso da
radiofrequência, que corta e coagula ao mesmo tempo, evitando grandes sangramentos,
propiciando uma cirurgia limpa, com redução do tempo cirúrgico e auxiliada com
a
fibra óptica.
O CAM é mantido e se retira a maior parte do tecido mamário e gorduroso dos
quadrantes laterais e inferiores, mantendo o polo superior, para promover
convexidade do mesmo. A sutura deve ser realizada em três planos: tecido mamário
com
vicryl 3 zeros, o subcutâneo, com mononylon 4 zeros e pele com mononylon 5 zeros.
Apenas 4 fios de sutura são necessários para ambas as mamas. Nas técnicas
convencionais é necessário um número superior de fios, que pode variar de 10 a
30
fios de sutura. A redução dos custos na técnica por via axilar é uma realidade.
Quando não mais houver tecido mamário e gorduroso sobre os músculos peitorais, este
é
o momento de cessar a ressecção.
O dreno deverá ser colocado na região lateral e inferior da mama e permanecer por
48
horas (o dreno é confeccionado através de um equipo de soro, que devem ser feitos
furos distando 5 cm de cada). O curativo contensivo deve permanecer na axila por
24
horas e imediatamente terminada a cirurgia a paciente deverá fazer uso do sutiã,
devendo usá-lo no mínimo nos primeiros três meses.
Esta técnica não conifica nem modifica a forma da mama, apenas reduz e eleva a
mama.
RESULTADOS
No período de 1993 até 2016, 514 mamas foram registradas, sendo 500 mamas registradas
no e-book da autora6, sendo
operadas pela técnica de redução mamária via axilar: 66,14%: foram hipertrofia
mamária; 14,98%: ptose; 9,72%: assimetria; 7,79%: mastopexia associada a implante
de
silicone mamário; 1%: tumor e ginecomastia aberrante. A idade variou de 16 a 58
anos. A quantidade de tecido ressecada variou de 50 a 1500g, com maior percentagem
de 36,77% em que foi ressecado entre 200 e 300g.
Devido ao modismo, na atualidade a preferência das mulheres é de mama grande,
diferentemente de 20 anos atrás, quando a preferência era por mamas bem
pequenas...
O índice de complicação foi de 3,30%, índice baixo quando comparado com os demais
procedimentos. Em 514 mamas operadas, 17 tiveram complicações: 6 queloides, 6
cicatrizes hipertrófica com seroma, 3 hematomas com pequena deiscência, 2
hipersensibilidades de braço, que desapareceram após 30 dias de fisioterapia.
DISCUSSÃO
A filosofia baseada na redução mamária via axilar é completamente diferente das
demais técnicas. A cirurgia de redução mamária via axilar é fechada e as demais
são
abertas; o resultado final somente ocorre após um ano. Nas técnicas clássicas
há uma
báscula da mama transformando o polo superior côncavo (devido à retirada da porção
central da mama), enquanto no mesmo período de tempo pela técnica axilar torna-se
CONVEXO. É a única técnica que soluciona a lateralização da mama.
Grover7 descreveu em 2017:
“Why supercharging a Wise-Parttern Might Be Wise in a select
group of large breast Reduction”, citando o grande problema na junção dos retalhos
no T invertido, técnica descrita por Pitanguy8, a mais popular, utilizada nas últimas cinco décadas.
Com a experiência adquirida pela autora, comprova-se que é possível remover 1500g
ou
mais de tecido mamário e gorduroso da mama, evitando isquemia nos retalhos, como
na
técnica do T invertido. O resultado não depende da técnica, mas principalmente
do
tipo de mama, tendo os seus melhores resultados nas mamas glandulares, experiência
pessoal. É mais econômico quando comparado com os demais métodos, utilizando apenas
quatro fios de sutura para ambas as mamas, tempo cirúrgico de aproximadamente
duas
horas.
Faz-se necessário romper paradigmas e realizar a cirurgia de redução mamária com uma
única cicatriz que permanecerá escondida nas pregas axilares. Será mais fácil
corrigir uma má cicatriz na axila do que na mama, órgão nobre da mulher.
Muitas mulheres gostariam de reduzir suas mamas, porém, evitam devido à cicatriz
resultante, por não saberem que é possível reduzi-las sem cicatriz na mama.
Colegas, ao operar uma mama, façam uma reflexão: caso sua filha, sua esposa, sua
namorada necessitem uma cirurgia de redução mamária, pensem onde permanecerá a
cicatriz.
O maior entrave da cirurgia mamária é a CICATRIZ.
CONCLUSÃO
A grande maioria das mulheres gostam de ter a sua mama com o polo superior cheio,
ou
convexo e sem cicatrizes. Uma técnica não invalida uma outra, paradigmas devem
ser
rompidos. A técnica de redução mamária por via axilar mantém o polo superior
saliente, algo que a maioria das mulheres desejam, é econômica, pouco traumática,
soluciona o problema da lateralização da mama, achado muito comum nas técnicas
convencionais e muito criticado pelas pacientes, reduz o parênquima, preserva
a
sensibilidade por manter o CAM, mantém a forma original da mama e, como principal
vantagem, evita cicatriz na mama, permanecendo uma única cicatriz escondida nas
pregas axilares. É mais uma arma terapêutica em nossas mãos. Vale ressaltar, para
cada tecido mamário, uma resposta terá, como a nossa digital, única, pessoal.
REFERÊNCIAS
1. D'Artigues. Chirurgie réparatrice, plastique et esthétique de la
poitrine, et de l'abdomen. Paris: Lépine Éditeur; 1924. p.
44-7.
2. Felicio Y. Plastie mammaire de réduction sans cicatrice mammaire,
avec radio-chirugie. La Rev Chir Esthét. 1993;18(73):53-8.
3. Felicio Y. Axillary reduction mammaplasty-Yhelda Felício's
technique. Aesthetic Plast Surg. 1997;21(4):270-5. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/s002669900124
4. Kaiser SF, Klepetko H. Breast Reduction Mammaplasty: a Review of
Literature and Presentation of a Novel Technique with Dual Vascular Supply. Adv
Plast Reconstr Surg. 2017;1(6):136-43.
5. Schlenz I, Rigel S, Schemper M, Kuzbari R. Alteration of nipple and
areola sensitivity by reduction mammaplasty: a prospective comparison of five
techniques. Plast Reconstr Surg. 2005;115(3):743-51. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.PRS.0000152435.03538.43
6. Felicio Y. Redução mamária axilar. Ebook [Internet]. Novas Edições
Acadêmicas; 2015 [citado 2018 Maio 10]. Disponível em: https://www.morebooks.de/store/pt/book/redu%C3%A7%C3%A3o-mam%C3%A1ria-via-axilar,-por-yhelda-felicio/isbn/978-613-0-16890-2
7. Grover R. Why Supercharging a Wise-Parttern Might Be Wise in a
select group of large breast reduction. Adv Plast Reconstr Surg.
2017;1(5):137-8.
8. Pitanguy I. Surgical treatment of breast hypertrophy. Br J Plast
Surg. 1967;20(1):78-85. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0007-1226(67)80009-2
1. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE,
Brasil.
2. Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza,
Fortaleza, CE, Brasil.
3. Hospital Regional da Unimed, Fortaleza, CE,
Brasil.
4. Clínica Yhelda Felicio Cirurgia Plástica e
Reconstrutora, Fortaleza, CE, Brasil.
Endereço Autor: Yhelda de Alencar
Felicio
Rua Raimundo Esteves nº 108, Praia do Futuro
Fortaleza, CE,
Brasil CEP 60182-330
E-mail: yheldacplastica@gmail.com