INTRODUÇÃO
Ao longo da evolução dos implantes, fabricantes de implantes mamários lançaram
diferentes formatos dos mesmos, o que trouxe uma divergência de opinião e dúvidas
sobre suas indicações, entre os cirurgiões plásticos. O ponto mais crítico deu-se
entre os redondos e anatômicos (entenda-se por anatômico o formato “Natural
Silimed®” - base redonda e frente anatômica) na busca de um
resultado próximo à mama natural.
Atualmente, existe uma divergência entre os cirurgiões plásticos sobre o resultado
que se obteria com implantes anatômicos, se produzem ou não resultados mais naturais
ou se, por outro lado, os implantes redondos se comportariam de forma a deixar
a
mama com formato de “bola”.
OBJETIVO
Comparar o resultado estético entre a inclusão de implantes de formato anatômico
“Natural” (redondo atrás e anatômico na frente) (Figura 1) e implante redondo (Figura 2) em mamoplastias de aumento.
Figura 1 - Paciente de 24 anos, realizada inclusão de implante redondo de
300cc.
Figura 1 - Paciente de 24 anos, realizada inclusão de implante redondo de
300cc.
Figura 2 - Paciente de 25 anos, realizada inclusão de implante anatômico de
300cc.
Figura 2 - Paciente de 25 anos, realizada inclusão de implante anatômico de
300cc.
MÉTODO
Estudo retrospectivo duplo cego, o qual avaliou 14 pacientes submetidas à mamoplastia
de aumento entre 2011 e 2016. As pacientes selecionadas têm idade entre 20 a 40
anos, Índice de Massa Corporal de 18 a 23 e mamas classificadas como hipomastia
moderada ou severa. Os procedimentos cirúrgicos foram realizados pela mesma
cirurgiã, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e a via
de
acesso foi realizada pelo sulco inframamário, com confecção de loja no plano
subglandular.
Os implantes redondos utilizados foram Silimed Maximum® com perfil
super alto de gel coesivo1, com volume
variando de 300 cc a 325cc. Os implantes anatômicos utilizados foram da marca
Silimed Natural® de gel coesivo2, com altura média e projeção alta, com volume variando de 300 a 325cc.
As pacientes do estudo foram avaliadas por 20 cirurgiões plásticos e 20 leigos
por
meio da projeção de fotos do pré-operatório e pós-operatório de um ano ou mais,
na
incidência frontal, perfil e oblíquas.
RESULTADOS
No total de 560 avaliações, observou-se uma taxa de concordância global de 64,1% (359
de 560). A taxa de concordância observada para implantes redondos foi de 74,6%
(IC
95%, 45,03 a 51,65); enquanto que, para implantes de forma anatômica, foi de 53,5%
(150 de 280) (IC 95%, 49,01 a 55,65). A diferença de proporção de classificações
corretas entre implantes redondos e anatômicos é de 21,1% (Figura 3).
Figura 3 - Percentual de respostas corretas entre implantes anatômicos e
redondos, respostas dos cirurgiões, leigos e total.
Figura 3 - Percentual de respostas corretas entre implantes anatômicos e
redondos, respostas dos cirurgiões, leigos e total.
O índice geral de concordância para cirurgiões plásticos foi de 68,9% (193 de 280);
para leigos foi 59,2% (166 de 280). A diferença da porcentagem de correlação correto
entre cirurgiões e enfermeiros foi de 9,7%.
Já a taxa de concordância entre cirurgiões os plásticos na avaliação de implantes
anatômicos foi de 76,2% (77 de 101) (IC 95% de 59,9 a 68,8) e para implantes
redondos foi de 64,8% (116 de 179) (IC 95% de 84,3 a 86,9) (p<0,047).
A correta correlação entre os leigos para implantes anatômicos foi de 62,3% (73 de
117) e para implantes redondos de 60,7% (93 de 153) (p>0,05).
Na opinião dos cirurgiões plásticos, 63,6% (89 de 140) das avaliações sobre o aspecto
dos implantes “Natural®” foram naturais (p>0,05). Já entre os
leigos somente em 37,8% (57 de 140) acharam naturais.
DISCUSSÃO
Neste estudo, observamos duas situações. Na primeira análise: para implantes de menor
volume e tecido mamário prévio considerado de 200 ml ou mais, o formato do implante
não demostrou ter alteração significativa na forma final da mama, pois o tecido
glandular encobrindo o implante redondo mimetiza um implante “anatômico”, evitando
assim um polo superior marcado pelo contorno do implante redondo.
Outra análise observada foi que para mamas de tecido mamário reduzido, hipotrofia
mamária, ou volume mamário até aproximadamente 200 ml ou uso de implantes de maior
volume, o formato do implante trouxe uma mama com aspecto natural, evitando assim
o
polo superior marcado pelo contorno do implante.
CONCLUSÃO
A utilização de implantes “Natural Silimed®” (base redonda e frente
anatômica) pôde conferir um formato mais “natural” quando indicados a pacientes
com
hipomastia moderada a severa e se utilizado o plano subglandular. Já para pacientes
com mamas pequenas mas com tecido glandular superior a 200ml, o formato do implante
até 325cc torna um aspecto “natural” das mamas mesmo com o implante redondo.
REFERÊNCIAS
1. Bronz G. A comparison of naturally shaped and round implants.
Aesthet Surg J. 2002;22(3):238-46. DOI: http://dx.doi.org/10.1067/maj.2002.124759
2. Niechajev I. Mammary augmentation by cohesive silicone gel implants
with anatomic shape: technical considerations. Aesthetic Plast Surg.
2001;25(6):397-403. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/s00266-001-0012-3
1. Hospital Stella Maris, Serviço de Cirurgia
Plástica Prof. Dr. Oswaldo de Castro, Guarulhos, SP, Brasil.
Endereço Autor: Cleber Antônio Nogueira
Santos Junior
Praça Santa Terezinha, nº 20 - Vila Azevedo
São Paulo,
SP, Brasil CEP 03070-000
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