RESUMO
INTRODUÇÃO: A correção cirúrgica primária do palato é de fundamental importância na reabilitação do indivíduo com fissura labiopalatina e visa tanto a restauração anatômica local, com o fechamento da comunicação existente entre a cavidade nasal e oral, como a restauração funcional do anel velofaríngeo por meio do reposicionamento dos músculos palatinos. Ao longo dos anos, as técnicas de fechamento de palato foram evoluindo progressivamente, utilizando, cada vez mais, o procedimento de reposicionamento da musculatura responsável pelo fechamento do esfíncter velofaríngeo, denominado veloplastia intravelar. Tal procedimento favorece o funcionamento sinérgico da musculatura velar e faríngea, evitando, assim, os sintomas decorrentes da insuficiência velofaríngea. No entanto, apesar de todos os esforços no sentido de conseguir o funcionamento velofaríngeo adequado, intercorrências intraoperatórias e complicações pós-operatórias imediatas e/ou tardias podem contribuir para o insucesso da palatoplastia primária e, consequentemente, levar ao aparecimento de hipernasalidade.
MÉTODOS: Sessenta pacientes submetidos à palatoplastia primária com veloplastia intravelar. Intercorrências intraoperatórias e complicações pós-operatórias imediatas e tardias foram investigadas. A presença e localização de fístula ou deiscência do palato foi feita por meio de avaliação clínica. Os pacientes foram submetidos, também, à gravação em áudio de amostra de fala, as quais foram analisadas por três fonoaudiólogas. As intercorrências intraoperatórias e as complicações pós-operatórias foram analisadas de forma descritiva. A associação entre as intercorrências intraoperatórias e complicações imediatas e tardias com a formação de fístulas, bem como a associação entre a ocorrência de fístulas e deiscências com a presença e ausência de hipernasalidade, foram analisadas por meio de Teste de Fisher.
RESULTADOS: Verificou-se 5% de intercorrências intraoperatórias, 20% de complicações imediatas e 13,3% de complicações tardias. O índice de fístulas foi de 16,67%. A proporção de hipernasalidade foi de 18,6%.
CONCLUSÃO: A palatoplastia com veloplastia intravelar utilizada no presente estudo demonstrou ser uma técnica segura, de fácil execução, eficiente para a fala e com baixos índices de complicações.
Palavras-chave: Palato/Cirurgia; Músculos palatinos; Fissura labial; Fissura palatina; Insuficiência velofaríngea; Esfíncter velofaríngeo; Complicações pós-operatórias.