ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175
Suspensão têmporo-frontal percutânea com dupla alça
Skull, Face and Neck -
Year2013 -
Volume28 -
(3 Suppl.1)
Diego Antonio Rovaris; Chang Yung Chia; Hélio Nobre da Silva Ramos; Bárbara Maria Machado Tinoco Feitosa Rosas; Otto Huasckar Muchinski Saucedo; Francisco Mateus Dantas Carneiro Souto
OBJETIVO
Apresentar a técnica de suspensão têmporo-frontal percutânea com dupla alça, com eficácia similar à do lifting coronal, em que, por via transpalpebral, toda a região frontal é dissecada no plano subperiostal e a região temporal é liberada no plano da fáscia temporal profunda, dispensando o uso de endoscopia e evitando grandes cicatrizes.
MÉTODO
Foi realizada análise retrospectiva de 5 pacientes do sexo feminino, com média de idade de 50 anos, submetidas a suspensão têmporo-frontal percutânea. Em ortostatismo, foi feita a avaliação da posição do supercílio. No terço lateral do supercílio (1,5 cm acima) determinase o ponto A, que corresponde ao ponto mais alto do supercílio. Lateralmente, determina-se o ponto B, que eleva, juntamente com o ponto A, toda a região temporal. O ponto C localiza-se na linha média, 2 cm ou 3 cm cranialmente à linha de implantação capilar. O ponto D localiza-se na região temporal, a 5 cm da linha capilar. Os pontos CABD formam uma alça trapezoidal. Os pontos A, B e D contralaterais são determinados do mesmo modo, sendo o ponto C comum aos dois lados. Uma segunda alça é determinada acima da primeira, tendo os pontos C e D comuns. Na linha capilar, acima dos pontos A e B, são determinados os pontos E e F. Os pontos CEFD formam uma segunda alça trapezoidal. A primeira alça tracionada elevará os supercílios e a região temporal, criando, no entanto, uma irregularidade cutânea acima da alça. A segunda alça tracionada levará essa irregularidade para dentro do couro cabeludo. O procedimento inicia-se com exérese cutânea da pálpebra superior, e a porção pré-orbital do músculo orbicular do olho é incisada na borda superior da incisão da blefaroplastia e acessado o rebordo orbitário ósseo. O músculo corrugador é exposto, sendo ressecado um grande segmento. Nos terços intermediário e lateral do rebordo orbitário, é feita uma incisão no periósteo. O periósteo é levantado e dissecada toda a região frontal até o rebordo lateral da órbita, liberando o ligamento orbitário lateral e a crista temporal. Toda a região temporal é dissecada, no plano da fáscia profunda, até o arco zigomático. Após liberação das regiões frontal e temporal, o fio de suspensão é fixado na fáscia temporal profunda no ponto D. Nesse ponto, um fio de náilon 2.0 com agulha curva atravessa a fáscia temporal profunda e sai pelo couro cabeludo, em direção posterior. O fio retorna pelo mesmo orifício de saída, através do subcutâneo, emergindo no ponto D. Um nó é dado na extremidade, e o restante do fio é montado numa agulha reta, que entra pelo ponto D e passa pelo subcutâneo até sair pela pele no ponto B.Aagulha volta pelo mesmo orifício do ponto B, e passa através do subcutâneo, exteriorizando-se através da pele no ponto A. Do ponto A, da mesma maneira, chega-se ao ponto C. O lado contralateral é feito da mesma maneira. Os fios dos dois lados, fixados lateralmente e se encontrando medialmente no ponto C, são tracionados no sentido cranial, elevando os supercílios e a região temporal. Quando atingida a "altura" e a simetria desejadas, um nó é dado, unindo e fixando as duas alças contralaterais. Esses mesmos fios voltam passando pelos pontos E e F. De volta no ponto D, cada fio é tracionado para desfazer qualquer irregularidade da pele, e um nó é dado com a fixação da fáscia temporal.
RESULTADOS
Não foi observado nenhum caso de paralisia muscular nesse grupo de pacientes. Uma (20%) paciente apresentou parestesia pós-operatória transitória da região parietal, que durou 4 semanas, provavelmente resultante de contusão peroperatória ou de compressão por edema no pós-operatório. Nenhuma paciente apresentou diferença de sensibilidade quando comparada a região frontoparietal a outras áreas do corpo. Não houve assimetria da posição dos supercílios e, até o momento, não foram observados casos de recorrência de ptose dos supercílios ou presença de rugas glabelares e de hiper ou hipocorreção. A dor pós-operatória foi controlada com analgésicos comuns e anti-inflamatórios por uma semana. A cicatriz palpebral evoluiu satisfatoriamente em todas as pacientes e não houve depressões na região frontal na área de entrada e saída dos fios.
CONCLUSÃO
A técnica demonstrou ser simples, de fácil execução, segura, sem maiores complicações e versátil, e pode ser associada a outros procedimentos. É uma técnica eficaz, com firme sustentação e, além de tudo, reversível.
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